O Dia dos Mártires é uma celebração para os combatentes do Hesbolá, na qual relembram e exaltam a vida de todos os mártires que morreram lutando contra o regime sionista. Comemorado no dia 11 de novembro, o Dia dos Mártires é a ocasião em que os combatentes da resistência do Hesbolá expressam sua gratidão às famílias dos mártires, reconhecendo seus sacrifícios e apoio, e prometem protegê-las e às suas terras até que a vitória seja alcançada.
No dia 11 de novembro de 1982, uma explosão demoliu um prédio de oito andares usado pelas forças de ocupação sionistas como quartel-general em Tire, no sul do Líbano. O ataque resultou na eliminação de 71 soldados e oficiais israelenses. Entre 14 e 27 prisioneiros palestinos e libaneses foram martirizados no ataque, enquanto outros 27 soldados israelenses ficaram feridos, assim como 28 prisioneiros.
Toda a operação foi conduzida sob extremo sigilo. Inicialmente, o regime israelense anunciou que a demolição havia sido causada por uma explosão de balões de gás. No entanto, o ataque foi reivindicado pelo Hesbolá, que afirmou ter utilizado bombas-relógio infiltradas no prédio.
Apenas em 19 de maio de 1985, durante uma celebração dedicada à memória de seus mártires na cidade de Deir Qanoon al-Nahr, Hassan Nasseralá, então secretário-geral do Hesbolá no Líbano, anunciou que o ataque de 11 de novembro de 1982 foi a primeira operação do tipo suicida do Hesbolá. Ele revelou que seu autor foi Ahmad Jaafar Qasir, concedendo-lhe o título de “Amir al-Esteshhadiyun” (O líder daqueles que querem ser martirizados).
Ahmad Jaafar Qasir nasceu em 1967 em uma família religiosa no Líbano. Qasir deixou a escola após a quinta série e começou a trabalhar com o pai, que tinha uma banca de frutas e legumes em Dayr Qanun al-Nahr. Posteriormente, foi para a Arábia Saudita, onde trabalhou por três meses como auxiliar em um hospital para economizar dinheiro. Ao retornar ao Líbano, começou a dirigir uma caminhonete comprada pelo pai, vendendo produtos. Qasir frequentava regularmente a mesquita para orar e ajudava a decorá-la e limpá-la. Como muitos jovens da região, gostava de caçar e de trabalhar ao ar livre. Ele foi apresentado ao Hesbolá por um amigo e expressou sua disposição de participar de diversas operações.
No dia da operação, Qasir, dirigindo um Peugeot 504 branco, deu várias voltas ao redor do prédio enquanto tanques israelenses ocupavam a cidade. Chovia forte naquele dia, o que, segundo relatos, levou a uma maior concentração de soldados israelenses no prédio. Qasir invadiu o piso térreo do quartel-general com seu carro, carregado com 150 quilos de explosivos, e em poucos instantes destruiu o prédio ocupado pelas forças invasoras.
Dois anos depois, seu irmão, Hassan Qasir, também eliminou vários militares israelenses em uma operação de tipo suicida. No Irã, uma rua em Teerã, próxima à Praça Arjantin, foi renomeada para “Ahmad Qasir” após seu martírio.