Não é de hoje que o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) defende a derrubada do presidente sírio, Bashar al-Assad. Na verdade, desde que o imperialismo lançou a contrarrevolução contra Assad, o PSTU é um grande entusiasta da sua queda.
Em 2012, o artigo Quem defende Assad? dizia:
“A luta do povo sírio contra a ditadura de Bashar o-Assad já dura mais de um ano. O regime dos Assad é uma espécie de ‘dinastia’: o atual presidente herdou, há dez anos, o poder de seu pai, Hafez, que havia governado desde 1971.”
No mesmo ano, o artigo Diante da guerra civil é urgente derrubar o regime assassino de Assad ia além, propondo:
“Também devemos exigir urgentemente o envio de armas e voluntários para lutar no campo militar rebelde. Devemos fazer esta exigência de apoio militar concreto a todos os governos, especialmente aos dos países onde existem processos revolucionários em curso, como são os casos do Egito e da Líbia.”
No ano seguinte, no artigo Síria: Exigir ou não armas do imperialismo?, o PSTU dizia que:
“Nossa posição é clara: estamos na trincheira rebelde (com todas suas contradições) contra Assad, e combatemos as direções burguesas e o imperialismo a partir dessa localização militar.”
Em 2015, o PSTU, no artigo Quatro anos da revolução síria, nos ensinava que:
“Os rebeldes, organizados em diferentes grupos, obtiveram vitórias importantes nos últimos dias. As milícias curdas, apoiadas por algumas brigadas do Exército Sírio Livre, expulsaram o Estado Islâmico de Kobane. Nos subúrbios de Damasco se travam batalhas muito sangrentas, mas Bashar al-Assad e seus aliados externos não puderam recuperar as zonas controladas pelos rebeldes. Em Alepo, importante cidade no norte da Síria, a ditadura está perdendo terreno.
Todos aqueles que lutam contra a exploração capitalista e contra todas as formas de opressão precisam se colocar ao lado do povo sírio, contra a ditadura de Bashar al-Assad. A revolução contra Assad, a luta dos palestinos, dos curdos, dos egípcios e de todos os povos da região é a mesma. O Oriente Médio tem que se libertar da opressão imperialista e de seu grande aliado na região, o Estado de Israel, e dos regimes árabes cúmplices, assim como toda forma de islamismo político fundamentalista.”
Em 2018, mantendo a mesma posição, o PSTU propunha, no artigo Síria: Sete anos de revolução e guerra:
“O povo trabalhador sírio enfrenta o ditador e todas as forças militares estrangeiras que invadiram o país. Para expulsar essas forças estrangeiras e derrubar a ditadura, os rebeldes sírios precisam formar um novo Comitê de Coordenação Nacional que unifique os comitês locais e as milícias rebeldes. Esse comitê tem de ser independente das potências regionais e mundiais para representar apenas os interesses dos trabalhadores sírios.”
Por fim, após a derrubada de Bashar al-Assad em uma ofensiva orquestrada pelo imperialismo, o PSTU publicou um artigo, assinado por Fabio Bosco, de título Revolução síria derruba ditadura após 13 anos de luta.
Agora, resta aguardar o resultado da política do PSTU. Em vez de defender a manutenção do governo Assad, que, mesmo com suas contradições, enfrentava o imperialismo, a agremiação preferiu formar uma frente única com o imperialismo pela derrubada de Assad.
As primeiras horas após o golpe já resultaram em um desastre colossal. “Israel” bombardeou o país e ocupou parte de seu território. O imperialismo todo saiu comemorando. A própria derrubada de Assad já foi, em si, um sinal verde para que o imperialismo prosseguisse com o massacre do povo sírio.
Ainda estamos por assistir ao que acontecerá com o futuro governo. A Frente Al-Nusra, que levou adiante a ofensiva, não pôs ainda às claras seus reais objetivos. No entanto, uma coisa é certa: um grupo financiado e treinado pelo imperialismo dificilmente fará a “revolução” que o PSTU tanto sonha.