Enquanto a esquerda pequeno burguesa fica acuada pelo sionismo e pouco faz em defesa da Palestina, a direita faz uma defesa escabrosa do sionismo. É o caso do Estadão, que publicou o artigo de Denis Lerrer Rosenfield intitulado “O antissemita”. Só pelo título já fica claro o nível da propaganda sionista, e o alvo dessa vez não é o PCO ou Breno Altman, que estão na linha de frente da luta contra o sionismo no Brasil. O alvo é o próprio presidente Lula e o dirigente petista José Genoíno. Na verdade, é um dos muitos artigos de ataque ao PT articulado pelos sionistas.
O artigo já começa com o subtítulo: “deveria causar repulsa a retomada do antissemitismo pelo PT, seja de uma forma escancarada, como a de Genoíno, seja a disfarçada, de Lula”. A premissa inicial já é um absurdo. No Brasil, importantes dirigentes políticos de um partido de esquerda seriam antissemitas, é algo ridículo. Se no Brasil o problema do antissemitismo não é real, na esquerda então, que tradicionalmente luta contra a opressão de minorias, é um problema ainda menor.
Mas o texto começa tentado argumentar que a esquerda é antissemita: “ser antissemita tornou-se fashion no campo da esquerda. Os grupos identitários esmeram-se em um racismo invertido, denominado de racialismo, vindo a identificar os judeus ao branco opressor. Como em todo campo de pobreza intelectual, os opositores dos judeus, no caso, os palestinos, seriam então os oprimidos. O Hamas, nessa simples polarização, seria então nada mais do que o representante dos oprimidos, quando, na verdade, é o seu próprio senhor. Não há pior inimigo dos palestinos do que esses terroristas.”
O antissemitismo “fashion” no campo da esquerda é o apoio à Palestina. É a tese dos sionistas: se é contra o genocídio dos palestinos, então é antissemita, uma tese completamente absurda. Mas depois o texto fica ainda pior. Ele afirma com todas as letras que o pior inimigo dos palestinos seria o Hamas. Mesmo que se considere que o Hamas é o inimigo dos palestinos, como terroristas ditadores, é impossível não considerar que seu maior inimigo é o Estado de “Israel”. É o Hamas que bombardeia a Faixa de Gaza, que matou mais de 11 mil crianças? Foi o Hamas que prendeu mais de 10 mil palestinos na Cisjordânia? Foi o Hamas que ameaçou destruir a mesquita de al-Aqsa, a 3ª mais sagrada do Islã? É absurdo.
É o argumento do imperialismo para todas as suas invasões. “Sadam Husseim é o ditador do Iraque então temos de levar a democracia”. Nessa ação do imperialismo, mais de um milhão de iraquianos foram assassinados e o país foi totalmente destruído. Quem é o pior inimigo dos iraquianos, Sadam ou o imperialismo norte-americano?
O texto continua: “são, na verdade, genocidas, voltados para a extinção do Estado de Israel, em sua própria carta de fundação apregoando o antissemitismo mais explícito, utilizando-se de um panfleto antissemita, produzido pela polícia tzarista, para produzir mais essa aberração intelectual. É um longo caminho do universalismo de Marx, Lenin e Trotsky aos preconceitos dos antissemitas e aos legitimadores do terrorismo islâmico”. Aqui segue a farsa: o Hamas não defende o assassinato de judeus, mas sim o fim do Estado de “Israel”. Antes da existência de “Israel” os judeus viveram por séculos em paz na Palestina; e este tipo de coexistência que defende o Hamas, inclusive na cartilha publicada neste janeiro de 2024.
O autor então ataca Genoíno: “José Genoíno seguia o caminho de uma esquerda democrática, o de repensar a democracia e a liberdade enquanto valores universais, para chafurdar, agora, na lama antissemita. Infelizmente, parece não ser apenas um caso individual, porém uma tendência recente da esquerda mundial. Curiosamente, o PT, após várias declarações antissemitas, ainda que sob o disfarce bastardo do antissionismo, de alguns de seus dirigentes”. É a repetição do argumento de que antissionismo é antissemitismo. Um argumento que é tão falso que fica provado com a manifestação de milhões de judeus em todo o planeta que são antissionistas.
Depois ele ataca o próprio presidente: “Lula, por sua vez, adotou a máscara de um suposto ‘humanismo’, que se aplica a todos, salvo evidentemente aos judeus e aos adversários da esquerda. Mulheres judias foram estupradas pelo Hamas, no que configura crime de guerra, quando o silêncio se abateu sobre as feministas e os petistas. Em sua estratégia de guerra, o Hamas infiltrou-se na sociedade palestina, tornando os seus membros indistinguíveis dos civis. Apoderaram-se de hospitais, mesquitas e escolas da ONU para perpetrarem atos de terror. Homens, mulheres e crianças tornaram-se escudos humanos em um outro flagrante crime de guerra. Agora, se Israel exerce um ato militar de autodefesa, Lula e sua equipe de política externa apressam-se a caracterizá-lo como ‘terrorismo’ ou ‘genocídio’. A ideologia esquerdizante produz a cegueira, a ponto de poder-se colocar a seguinte questão: há intelectuais petistas? De duas, uma: ou a pessoa é petista e não pensa ou pensa e não é petista.”
Aqui o chorume sionista é destilado pelo autor. Todas as mentiras sionistas são repetidas com uma conclusão digna do bolsonarismo. É mentira que o Hamas estuprou mulheres. É mentira que o Hamas usa hospitais, mesquitas e escolas da ONU como base militar. É mentira que o Hamas usa palestinos com “escudos humanos”. É mentira que “Israel” está se defendendo ao bombardear e invadir a Faixa de Gaza. Aqui desparece a política de combate às “fake news”, do Estadão . Para atacar Lula e o PT vale tudo. O sionismo mostra sua verdadeira face, uma força fascista que se baseia em uma indústria de mentiras.
E, para concluir, ele tenta alegar que os defensores da Palestina são os identitários: “por último, utilizar o truque da África do Sul para justificar qualquer decisão tomada por esse país é mais uma pérola identitária, como se a cor da pele fosse um critério decisivo.” O sionista cínico finge que o Estado de “Israel” não é o principal expoente do identitarismo no planeta. É mais uma farsa.
O que o artigo de Denis Lerrer Rosenfield prova não é que Lula e Genoíno são antissemitas. Ele apenas prova que o sionismo é o fascismo. Para se defender “Israel” é necessário adotar uma política fascista, uma política que não só defende o genocídio na Faixa de Gaza, mas também o ataque direto às organizações dos trabalhadores no Brasil e em todo o planeta.