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Oriente Médio

Acordo proposto por Biden será o fim da linha para Netaniahu?

Ministros do governo de “Israel” ameaçam romper a frente de extrema direita que governa a ocupação há mais de uma década

Neste sábado (1), os ministros das Finanças e da Segurança Nacional de “Israel”, Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir, respectivamente, foram ao X (ex-Twitter) declarar que estão dispostos a dissolver o governo caso o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu aceite a proposta de acordo de cessar fogo feita pelo governo de Joe Biden. Smotrich é líder do Partido Sionismo Religioso e Ben Gvir do Poder Judeu, ambos partidos ainda mais direitistas que o Licude, de Netaniahu, e sem os quais o governo perderia a sua maioria no parlamento. Os dois ministros ainda destacaram que o acordo é uma vitória do Hamas e ameaça a própria existência do Estado de “Israel”.

O governo Netaniahu é, na verdade, uma ampla coalizão, que procura se equilibrar entre a “extrema extrema direita˜, representada por Smotrich e Ben Gvir, e os setores mais diretamente alinhados ao Partido Democrata norte-americano. No entanto, conforme se acumulam as vitórias do Eixo da Resistência, a margem de manobra do governo vai ficando cada vez menor, de modo que a crise aumenta e se esclarece na mesma proporção.

O líder da oposição, Yair Lapid, alinhado aos democratas norte-americanos, comentou que irá sustentar Netaniahu para que o governo não caia em meio a uma crise da profundidade da atual.

A proposta de acordo

Na sexta-feira (31), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que enviou uma proposta de acordo para o governo de “Israel” e para o Hamas, partido que lidera a resistência palestina contra a ocupação. No entanto, no domingo (2), o Hamas comunicou que ainda não havia recebido o documento.

O acordo consistiria em um plano de três fases. Primeiro, a saída das tropas israelenses do território de Gaza, a troca de prisioneiros e a entrega de ajuda humanitária. Vale destacar que, enquanto o imperialismo condena os palestinos por manterem cerca de 130 prisioneiros israelenses, “Israel” mantém mais de 10 mil palestinos encarcerados, sendo milhares deles sem nenhum tipo de acusação, incluindo centenas de crianças.

A segunda fase da proposta seriam negociações diretas entre os líderes da resistência, o Hamas, e os da ocupação. Na terceira e última fase, se iniciaria um plano de reconstrução de Gaza.

Apesar de ainda não ter recebido a proposta, o Hamas viu a iniciativa com bons olhos. O Chefe de Relações Internacionais do Hamas, Doutor Abu Marzouk, comunicou ao jornal Al Mayadeen como seu partido vê a situação. Segundo a matéria, o dirigente do Hamas criticou o fato de ainda não ter recebido o documento, mas declarou que viu como positivo o anúncio público de Biden. Ele explicou que as negociações anteriores terminaram em um impasse, mas que, se a proposta dos EUA resolver as discordâncias anteriores, como a retirada completa das tropas “israelenses”, o Hamas aceitará o acordo, em nome de toda a resistência.

O Doutor Marzouk também teceu importantes comentários sobre a situação geral, registrando o acerto da política liderada por seu partido: “Sem a perseverança do povo palestino e a bravura da sua Resistência, não o presidente Biden não teria feito essa proposta. […] A proposta de Biden foi feita devido ao sucesso da Operação Dilúvio de al-Aqsa”.

A derrocada do governo Netaniahu

A gloriosa Operação Dilúvio de al-Aqsa infringiu um duro golpe na ocupação sionista, que sentiu a necessidade de reagir de forma tresloucada e altamente criminosa, massacrando as crianças, mulheres, idosos e enfermos palestinos, mas sem conseguir nenhum ganho militar contra a resistência.

A incapacidade do governo de derrotar a resistência desarticulou todo o regime político “israelense”. O apoio do imperialismo ao genocídio perpetrado por eles não resulta em nenhum benefício. Portanto, as coligações políticas, na falta de alternativas, entram em crise.

O governo Netaniahu está pressionado a escolher aumentar as tensões com o imperialismo para ganhar tempo na luta política interna ou sacrificar o governo para atender as demandas do imperialismo. Em ambos os casos, o resultado é um agravamento da crise, o enfraquecimento do domínio imperialista na região e o fim da ocupação colonial de “Israel” na Palestina fica mais próximo.

Enquanto o regime político israelense entra em colapso, Abu Marzouk, em nome de todo o eixo da resistência, pôde afirmar com confiança à Al Mayadeen: “o futuro do Hamas é determinado por seus combatentes, e nós estamos firmes no chão”.

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