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Palestina

Ação do Hamas dividiu o mundo e levou Lula à direita

A luta de classes ganhou contornos mais concretos com a ação revolucionária do Hamas. Presidente brasileiro, no entanto, segue tomando partido da ditadura sionista

No dia 7 de outubro deste ano, completou-se um ano de uma das mais importantes ações revolucionárias deste século: o sequestro de militares sionistas e familiares por militantes da Resistência Palestina, liderados pelo partido Movimento Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe). Batizada de “Operação Dilúvio de al-Aqsa” pelos palestinos, a ofensiva colocou em xeque o poderio de “Israel” e provocou uma resposta massiva e desproporcional do regime sionista. No entanto, os verdadeiros objetivos e o impacto da operação foram ofuscados por uma campanha de desinformação e calúnias por parte dos imperialistas e seus aliados. Mesmo figuras que deveriam apoiar a Resistência de maneira firme se viram na defensiva, recuando diante da propaganda que visa desmoralizar o movimento palestino.

Nessa conjuntura polarizada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, proferiu a seguinte declaração na ONU:

“O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino.  

São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças.  

O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo.”

Ao adotar esse tipo de discurso, Lula se alinha com a propaganda imperialista, que busca deslegitimar a resistência dos povos oprimidos ao classificá-la como “terrorismo”. Mesmo após um ano de intensas investidas, todas as mentiras contadas por “Israel” e repetidas pela imprensa imperialista sobre o Hamas, o Eixo da Resistência (agrupamento que inclui outras organizações revolucionárias do Oriente Médio e o governo iraniano) e o 7 de Outubro foram sendo desmascaradas. As alegações infundadas sobre “bebês decapitados”, “civis sendo usados como escudo humano” e “massacres brutais de jovens numa rave” já se provaram falsas, não tendo sido confirmadas por qualquer investigação séria ou independente. O que se viu foi uma repetição de propaganda não comprovada, divulgada para criar uma narrativa conveniente aos interesses sionistas.

Nessa linha, a maior mentira do governo israelense foi a suposta chacina de jovens em uma festa rave. Apesar de ter sido amplamente divulgada pela imprensa, a realidade é que as próprias forças de segurança de “Israel” foram responsáveis pela maioria das mortes nesse local, conforme relatos de sobreviventes e vídeos divulgados posteriormente.

Helicópteros israelenses dispararam indiscriminadamente contra tudo o que se movia nas proximidades do evento, e a maioria dos jovens foi atingida pelo fogo amigo. O silêncio da imprensa sobre esses fatos e a ausência de investigações comprova que o objetivo não é apurar a verdade, mas reforçar a imagem de um “Hamas terrorista” e justificar a brutal agressão ao povo palestino.

Evidências de que “Israel” atacou a população judia também surgiram nos relatos dos moradores das colônias agrícolas conhecidas como kibutz, onde testemunhas afirmaram que as forças sionistas atacaram sem distinção, matando tanto palestinos quanto colonos. Nesse contexto, quando Lula fala de “fanáticos” atacando “civis israelenses inocentes”, é preciso questionar quem ele está realmente descrevendo. Se não estiver se referindo às próprias hordas sionistas que atacam sua própria população e culpam os palestinos, o presidente faz um papel lamentável de repetir a propaganda de “Israel” e de seus aliados imperialistas.

Mais de 365 dias desde o ocorrido, a única fonte de informação que esta e outras barbaridades supostamente cometidas pela Resistência Palestina é o próprio governo israelense, um governo desmoralizado entre a própria população, que tem enchido as ruas de Telavive pelo seu fim. Dar qualquer credibilidade superior a nula a um governo sionista não é outra coisa, mas uma decisão política e reveladora do lado apoiado por Lula.

O Hamas, nesse cenário, trouxe à tona uma questão muito mais concreta e simples para a luta de classes: ou a pessoa está ao lado dos oprimidos, apoiando a rebelião contra a opressão, ou está ao lado dos opressores, defendendo o imperialismo e, consequentemente, apoiando “Israel”. Não há como manter uma posição neutra, e qualquer tentativa de “equilibrar” as críticas é, na verdade, um apoio disfarçado ao regime sionista. Diante desse embate, Lula preferiu fazer acenos aos dois lados, mas não há meio-termo aqui. Ao não apoiar de forma decidida o Hamas e ao se referir à resistência como “ação terrorista”, o presidente alinha-se, objetivamente, com os interesses dos opressores.

A declaração de Lula, ao criticar de maneira superficial e moralista a resposta militar israelense, falha em enxergar a verdadeira natureza do conflito: não se trata de duas partes iguais, mas de um embate entre um opressor com apoio do imperialismo e um povo que luta por sua sobrevivência e libertação. Ao condenar a “punição coletiva” ao povo palestino, Lula deixa transparecer um leve descontentamento com os crimes do sionismo, mas ao classificar a resistência como “ação terrorista de fanáticos”, demonstra estar do lado dos mesmos que ele se recusa a criticar diretamente.

O presidente deveria se preocupar menos com a opinião dos imperialistas e se voltar para o que realmente importa: apoiar a luta de um povo que, por mais de sete décadas, resiste à ocupação e ao genocídio. Mesmo diante de todas as mentiras e calúnias lançadas mundialmente pela imprensa imperialista, o povo palestino segue firme, e a Operação Dilúvio de al-Aqsa, ao completar um ano, mostrou que o Hamas não só mantém sua capacidade de resistência, mas também que, ao polarizar e expor a hipocrisia dos discursos “moderados” como o de Lula, obriga o mundo a escolher um lado.

A suposta imparcialidade e o discurso de “equilíbrio” que o presidente tenta emplacar não possuem nenhum valor real para aqueles que sofrem na Faixa de Gaza e nos territórios ocupados. Enquanto Lula tenta posar como estadista neutro, a realidade do conflito se impõe: não há espaço para a neutralidade entre o oprimido e o opressor. A luta do Hamas é, objetivamente, a luta contra o imperialismo.

Ao se afastar desse fato, o presidente apenas reforça a situação de sua própria política, como cúmplice do genocídio perpetrado por “Israel”. Se o presidente pretende de fato desempenhar algum papel relevante na política internacional, deveria começar por corrigir sua posição, abandonando esse discurso de ambiguidade e atacando de frente o verdadeiro inimigo: o imperialismo.

A Operação Dilúvio de al-Aqsa colocou o Hamas em uma posição de liderança incontestável na luta de libertação palestina, e o presidente deveria reconhecer isso se não quiser ser visto como mais um instrumento de legitimação das agressões sionistas. Se Lula quiser que sua crítica à resposta militar de “Israel” tenha algum valor, ele precisa abraçar a luta dos palestinos de maneira clara e decisiva.

Isso significa apoiar o Hamas, a única força no Oriente Médio que resiste efetivamente à ocupação sionista e ao controle norte-americano. Lula, nesse aniversário da Operação Dilúvio de al-Aqsa, fez exatamente o oposto do que deveria: em vez de se juntar àqueles que lutam, preferiu recuar, distorcer os fatos e dar munição para os inimigos da resistência.

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