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Estados Unidos

A vitória de Trump em Iowa e as lições para o Brasil

Trump venceu com folga as prévias em Iowa e só tem se fortalecido, o que mostra que a perseguição política é ineficaz para combater a direita, e até a fortalece

A matéria publicada no sítio Esquerda Diário sob o título O que significa o triunfo de Trump nas primárias republicanas de Iowa? demonstra a dificuldade que setores da esquerda têm em analisar o que de fato ocorre nos Estados Unidos e, pior, não conseguem perceber que apoiam uma política que, tanto lá quanto aqui, só faz aumentar a força da extrema direita.

Judicialização da política

A esquerda brasileira acredita que a Justiça seja uma arma contra determinados políticos, como se vê: “Trump tem tido uma vantagem significativa na corrida para se tornar o candidato presidencial republicano de 2024, e os resultados em Iowa sugerem que, apesar dos muitos escândalos e casos legais que cercam o ex-presidente, ele terá um caminho relativamente fácil para a indicação se os esforços para excluí-lo da votação não tiverem sucesso [grifo nosso]”.

Na verdade, não se trata apenas de que Trump ‘tem tido uma vantagem apesar dos casos legais’, mas de que a perseguição judiciária o tem fortalecido, tem feito com que obtenha ainda mais votos. O ex-presidente tem arrecadado milhões em campanhas para pagar processos.

Como Donald Trump não se apresentaria como vítima de perseguição se, por exemplo, como a matéria atesta, “Atualmente, ele foi removido da cédula em Maine e Colorado, e a Suprema Corte se pronunciará em fevereiro sobre se ele violou a 14ª Emenda e, portanto, não pode concorrer a um cargo”. Vimos isso no Brasil: Lula foi impedido de concorrer às eleições.

Os fatos estão aí: “Trump obteve 51% dos votos em Iowa, indicando que a maioria dos eleitores republicanos no estado o apoia para a indicação”. E não se trata apenas de ter vencido em Iowa, mas de um candidato ter tido o melhor resultado de todos os tempos. Mesmo concorrendo com outros três candidatos, a votação de Trump não diminui, não se diluiu nos outros candidatos que obtiveram: Ron DeSantis, governador da Flórida – 21,2%; Nikki Haley, ex-embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas – 19,1%; e Vivek Ramaswamy, empresário e ex-CEO da empresa de biotecnologia Myosotis Therapeutics – 7,7%.

O texto segue dizendo que “esta é, naturalmente, uma má notícia para os rivais de Trump. No entanto, as más notícias não param por aí: Trump venceu todos os condados, exceto um, e, no momento em que este artigo está sendo escrito, está perdendo esse condado por apenas um voto. Isso mostra que o apoio ao ex-presidente é generalizado e inclui eleitores tanto urbanos quanto rurais. A base de Trump, como muitos têm escrito, remodelou o Partido Republicano à sua própria imagem. Em comparação, em 2016, Trump perdeu Iowa para Ted Cruz.”. Ou seja, o ex-presidente recuperou o Estado, e, como se não bastasse, obteve sozinho mais da vontade dos votos.

Na verdade, além de incluir eleitores ‘urbanos e rurais’, Trump tem voto em 30% da classe operária americana. Não adianta tentar encobrir os fatos dizendo que “há algumas limitações ao considerar Iowa como um barômetro para o restante da corrida. Iowa é muito menos diversa do que o restante do país e mais conservadora, com uma maior concentração de evangélicos”. Essas primeiras eleições são importantíssimas, quem vence aí terá quase uma confirmação de que vencerá em todos os estados.

A matéria traz uma curiosidade que mostra o quanto a esquerda não larga a política do imperialismo, está na moda falar do clima, por isso que escreve coisas do tipo: “Uma especificidade interessante dos caucus de Iowa é que ocorreram em meio a condições climáticas severas, resultando em uma participação muito abaixo do esperado pelo Partido Republicano”.

O que está ocorrendo nos Estados Unidos deveria servir de alerta para a esquerda brasileira que, em vez de ir para as ruas conquistar a classe trabalhadora, fica pedindo cadeia para Bolsonaro.

Processar Bolsonaro, enchê-lo de processos, não vai fazer diminuir a sua popularidade. O motivo é muito simples, a população trabalhadora também se vê vítima do Estado, de suas leis, de seus impostos, sua polícia, e também passará a achar que esses candidatos, como Bolsonaro e Trump, são ‘outsiders’, pessoas de fora ou contra o sistema.

Temos visto candidatos da direita se apresentado com esse perfil. Foi assim na Colômbia, onde Rodolfo Hernández perdeu por pouco para Gustavo Petro. No segundo turno, Hernández obteve 47,31% dos votos no segundo turno, contra 50,44% de Petro. Milei, na Argentina, é outra figura que se apresentou como antissistema.

Por não entender em profundidade a questão da luta de classes, boa parte da esquerda não consegue entender que mesmo pessoas ricas, ou elementos da direita, possam sofrer perseguição política.

O uso do judiciário como maneira de controlar a política só tem feito fortalecer a extrema direita. A esquerda abraçou essa ideologia da burguesia e aposta na justiça, sem saber que esta é usada principalmente para favorecer o grande capital.

O ambiente repressivo favorece a extrema direita e as instituições mais reacionárias do Estado.

Bolsonaro tem que ser vencido nas ruas, persegui-lo aumentará sua popularidade. Não quer dizer que vença, pois a burguesia pode tentar impedi-lo de concorrer. No entanto, como um todo, a repressão e a direita crescem, ameaçando diretamente a esquerda.

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