Na Análise Política da Semana deste último sábado, o companheiro Rui Costa Pimenta, ressaltou a questão das recentes eleições realizadas na Europa, com destaque para a vitória da extrema direita na França e Alemanha, vitória essa caracterizada com o fracasso da política dos setores fundamentais da “democracia” imperialista e que a extrema direita vem capitalizando a insatisfação da população. Além disso, o companheiro Rui Pimenta adverte que a esquerda, com a política de frente ampla no Brasil e a política de frente popular nos países desenvolvidos, irá levar essa esquerda a ser arrastada conjuntamente com esses setores ditos da “democracia civilizada”.
A Vitória arrasadora da extrema direita na Europa, particularmente na França e na Alemanha, houve vários setores políticos que se dizem “otimistas”. Um articulista da Folha de São Paulo escreveu que não é tão ruim, afinal não são os conservadores que vão ter maioria no parlamento, mas que essa extrema direita que ganhou as eleições ela está meio democrática etc. e tal. A realidade dos fatos, é que a extrema direita que ganhou a eleição na França, primeiro varreu o cenário político, foi uma das vitórias mais demolidoras que alguém já teve na eleição francesa. O Reagrupamento Nacional (RN), da Marine Le Pen, ganhou em todos os departamentos franceses menos em dois deles. Seria como se o Bolsonaro ganhasse a eleição em todos os estados brasileiros menos doi. Em alguns departamentos o RN ficou acima dos 40% dos votos.
A reação imediata do governo Macron foi de chamar eleições parlamentares, coisa que muita gente está criticando dizendo que é uma atitude impulsiva do Macron que ele é vaidoso ou coisas que o valha, mas num certo sentido ele agiu de uma maneira racional, porque o quadro político francês não vai melhorar, ao contrário vai só vai piorar com o passar do tempo. Essa vitória da extrema direita francesa vai se consolidar, vai se ampliar e vai ser uma coisa praticamente impossível de se conter.
Precisa recordar quem é a Marine Le Pen. Inclusive tem setores que chegam a afirmar que ela é democrática etc. e tal, mas o partido de Marine Le Pen, e esse é um fator decisivo da análise, foi fundado pelo pai dela que depois foi destronado por ela. O pai dela era um paraquedista que atuou na repressão ao movimento nacional argelino. O famoso filme, A Batalha de Argel, espelha muito bem os métodos da extrema direita francesa, quando foram acusados de usar os mesmos métodos contra os argelinos que os alemães usavam contra os franceses na ocupação da França na 2ª guerra mundial. Eles acabaram sendo derrotados, reprimiram brutalmente o levante da FLNL, mas acabaram sendo derrotados. O general De Gaulle, que era presidente muito direitista e monarquista, acabou tomando a decisão de reconhecer a derrota na Argélia, mas os paraquedistas tentaram dar um golpe de Estado na França que por muito pouco não foi bem sucedida e tentaram, por várias vezes assassinar o próprio presidente da República De Gaulle. Ou seja, se esse pessoal, como querem taxar agora é democrático, então o povo está muito bem arrumado. O partido da Marine Le Pen procura criar uma fachada democrática, dizer que eles aceitam o jogo político, mas esse é um partido, que na sua origem, é um partido nazista. Está cheio de integrantes dentro desse partido que é admirador do Hitler. É uma extrema direita no sentido mais literal da palavra. O programa do RN, da Marine Le Pen é um programa bastante direitista. Querem, por exemplo, aumentar o mandato do presidente da República, que já é grande na França, querem reduzir toda uma série de características democráticas do regime. O RN está muito longe de ser um partido democrático.
A mesma coisa pode-se dizer do partido que ficou em segundo lugar nas eleições da Alemanha. Esse já é um partido bem é mais recente, mas é também um partido bem nazista. Eles também procuram manter um pouco as aparências.
De tudo isso, precisa-se tirar uma conclusão geral: por que a extrema direita ganhou a eleição Europeia. Devemos ignorar todas as tentativas de interpretação otimistas. O mesmo cidadão que falou que a Extrema direita é democrática, disse também que a eleição para o parlamento europeu o eleitorado vota com mais tranquilidade, porque sabe que a eleição não é tão importante quanto a eleição nacional, então, esse cidadão acha que a eleição teria sido uma espécie de piada do eleitorado francês com a vitória da Frente Nacional. Outros falam que é o problema da imigração, etc., na realidade não é essas coisas que explicam o porque a Extrema direita vem crescendo sistematicamente, apesar da pressão dos partidos do grande capital na Europa, que não querem perder o controle do regime político.
É preciso entender que esses setores da extrema direita estão num enfrentamento com os bancos, com a OTAN, com as grandes empresas de petróleo, com os o setor econômico e político mais poderoso do planeta Terra, quer dizer com o imperialismo mundial. O problema não é o mérito da extrema direita, o problema é o completo fracasso, o completo desmoronamento da política do imperialismo, da política dita democrática do imperialismo. É a mesma coisa que está acontecendo nos Estados Unidos. Essa política ela está numa crise muito grande é essa crise que leva à extrema direita capitalizar a insatisfação popular.
O crescimento da AfD na Alemanha é mais significativo no seguinte sentido, a AfD derrotou o partido social democrata alemão que está no governo, quer dizer é um fiasco do governo alemão, ou seja, um governo que apoiou a OTAN contra a Rússia, que provocou uma crise econômica, e a crise econômica é o fator fundamental nos países europeus, não é uma questão conjuntural, mas um problema estrutural, a política do governo alemão é um fracasso total, se ela não vai resultar na vitória completa da extrema direita agora, vai resultar na vitória da extrema direita logo mais adiante. Essa conclusão é obrigatória!
Nesse sentido, a posição do PT aqui no Brasil é incoerente diante desse problema. A declaração do Celso Amorim em que diz que a Vitória da Extrema direita é uma coisa muito importante, que o Lula está muito preocupado, mas por outro lado o PT esboçou com a política fazer uma frente democrática, ou seja, a frente democrática seria uma frente com as pessoas que acabaram de fracassar totalmente diante da Extrema direita, que estão sendo repudiado e, se o PT estiver agarrado com esse pessoal vai afundar com eles.
Na França a situação é bem parecida. O partido de esquerda de Mélenchon chamou um a frente popular com o partido socialista que é sócio com esse desastre, ou seja, fazer uma aliança justamente com esses setores que estão afundando.