Embora atualmente as atenções sobre o povo palestino estejam voltadas ao genocídio que “Israel” vem cometendo contra ele desde 7 de outubro, na tentativa de conter a Revolução Palestina, o Estado sionista já vinha há mais de sete décadas exercendo uma política genocida contra a Palestina, exercendo uma ditadura fascista sobre todos os aspectos da vida do povo palestino.
Através da política de bloqueio econômico e territorial, sempre impôs restrições ao direito de ir e vir do povo palestino, e o seu acesso a bens de primeira necessidade, seja aqueles destinados à própria sobrevivência (água, comida, medicamentos, combustível etc.), seja os necessários para construir suas casas e a infraestrutura da sociedade palestina.
Por ocasião dos 76 anos da Nakba, a emissora Al Jazeera, do Catar, publicou matéria detalhando como já era a vida diária dos palestinos de Gaza, da Cisjordânia e Jerusalém Oriental sob a ditadura de “Israel” e seu capacho, a Autoridade Palestina.
Conforme a matéria, mesmo com o fim da ocupação militar direta de “Israel”, iniciada na Guerra dos Seis Dias, o Estado sionista permaneceu controlando boa parte das terras palestinas e seus recursos naturais.
Especificamente em relação à Cisjordânia, em 1995, o território foi dividido em três áreas: A, B, e C, em decorrência dos Acordos de Oslo. A Área A corresponde a 18% do território da Cisjordânia e, formalmente, estava sob controle palestino. No entanto, esse controle era exercido pela Autoridade Nacional Palestina, um capacho de “Israel”. Já o controle sobre a Área B (22%) era, formalmente, exercido tanto por “Israel”, quanto pelos palestinos. Mas, como os palestinos não têm um país próprio, e a Autoridade Palestina é um lacaio dos sionistas, esse território também estava sob a ditadura de “Israel”, apesar da população palestina que lá reside.
Quanto à Área C, que corresponde a 60% da Cisjordânia, e onde residem cerca de 300 mil palestinos, seu controle deveria ter sido dado à Autoridade Palestina, conforme os acordos. Contudo, essa cessão nunca ocorreu, e “Israel” permanece controlando formalmente tais territórios. Ao mesmo tempo, o governo israelense segue impulsionando os colonos sionistas para expulsar os palestinos que vivem na Área C. Até agora, mais de 290 assentamentos ilegais foram construídos, nos quais moram 700 mil colonos fascistas.
Deve-se ressaltar ainda que “‘Israel’ essencialmente proíbe qualquer movimento entre estas áreas” por parte dos palestinos, conforme destacado pela Al Jazeera.
Além de controlar as terras e os recursos naturais, o Estado sionista também controla o direito dos palestinos à moradia, à habitação. Essa ditadura nazista faz isto porque os palestinos só podem construir na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental com autorização de “Israel”. Contudo, os sionistas se recusam a conceder licenças formais para a construção. Como os palestinos precisam ter um teto onde morar (afinal, também são ser humanos, embora não sejam tratados como tal), eles acabam construindo suas casas sem licença. “Israel”, então, aproveita-se disto para demolir as casas dos palestinos. Segundo expõe a Al Jazeera, “as autoridades israelenses normalmente exigem que os residentes palestinos paguem pela demolição das suas próprias casas”.
Ainda segundo a emissora, “Israel” já demoliu, desde 2009, pelo menos 10.700 imóveis de propriedade palestina na Cisjordânia, o que resultou na expulsão de mais de 16 mil pessoas.
Mas a ditadura sionista sobre a vida dos palestinos não se limita a isto. “Israel” também faz de tudo para impedir os palestinos de trabalharem. Mostrando que a Palestina é um campo de concentração a céu aberto, todas as manhãs, dezenas de milhares de trabalhadores palestinos precisam se espremer em jaulas para chegar a seu local de trabalho. Por quê? Pois “Israel” estabelece postos de controle militar. Inclusive, houve casos em que palestinos morreram esmagados nessas jaulas. Palavras não são suficientes para descrever a situação animalesca a que os palestinos são submetidos. Eis, então, fotos:



Ante essas condições deploráveis a que os palestinos são submetidos, a taxa de desemprego veio crescendo ao longo dos anos, sendo a terceira maior no mundo. Essa situação piorou desde que “Israel” desatou o mais novo genocídio. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 507 mil palestinos já tinham perdido seu emprego em janeiro de 2024. A OIT ainda estima que o nível de desemprego na Palestina irá ultrapassar 45,5% caso a guerra continue até junho.
O Estado israelense também controla os recursos financeiros dos palestinos, cobrando impostos em nome da Autoridade Palestina (AP). Segundo informações levantadas pela Al Jazeera, “Israel arrecada cerca de 188 milhões de dólares por mês em impostos em nome da AP – 64% da receita total”. Ademais disto, “Israel controla o movimento de mercadorias que os palestinos podem importar e exportar”. Com isto, mais de 80% das exportações da Palestina são para “Israel”. Isto são dados de 2022, de forma que, já naquela época, “Israel” não só exercia a política genocida do bloqueio econômico contra os palestinos, mas, através do controle territorial, os forçavam a ser dependentes de “Israel”.
O Estado sionista ainda detém controle da maior parte e dos principais recursos hídricos da Palestina, restringindo o acesso dos palestinos à água. Conforme informações levantadas pela Al Jazeera, citando a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2023, “os israelenses consumiram em média 247 litros por dia, enquanto os palestinos na Cisjordânia ocupada e em Gaza consumiram 82 litros”. A organização “recomenda um consumo mínimo de água segura de 100 litros por dia“.
“Israel” também restringe o acesso dos palestinos à Internet. Afinal, com tal restrição, é mais difícil para os palestinos utilizarem as redes sociais, os aplicativos de mensagem e as plataformas de vídeo para expor e denunciar a ditadura nazista de “Israel” sobre a Palestina. Por exemplo, “enquanto ‘Israel’ está implementando Internet móvel 5G de alta velocidade, os operadores de redes palestinos só estão autorizados a utilizar 3G na Cisjordânia ocupada (desde 2018) e 2G em Gaza”, especifica a Al Jazeera.
Tendo em vista que a limpeza étnica da Palestina (o objetivo do sionismo) também envolve a destruição da religião e da cultura desse povo martirizado, ressalta-se que desde outubro de 2023, “Israel” já “destruiu mais de 390 instituições educacionais, incluindo todas as universidades de Gaza” conforme exposto pela Al Jazeera, que acrescenta que “o bombardeamento de Gaza por ‘Israel’ destruiu mais de 200 locais de patrimônio cultural, incluindo museus, bibliotecas e mesquitas“.
Como bem dito em março de 2023 por Abu Seel, combatente do Batalhão de Jenin, “não sabemos o que é a liberdade. Eles vêm e invadem nossas casas. Nós não podemos ir de uma cidade a outra. As fronteiras fazem daqui uma prisão. Nós também nunca vimos o mar. E ainda perguntam por que lutamos armados?”.




