A Universidade Hebraica (Hebrew University), uma das principais instituições de “Israel”, é também uma das mais comprometidas com o projeto sionista e a ocupação da Palestina. Fundada em 1918, a universidade foi concebida para ser uma “base estratégica para o movimento sionista”, de acordo com o portal Mondoweiss (How Israeli universities are an arm of settler colonialism, Marcy Newman, Mondoweiss, 2/3/2024). A universidade tem convênios com diversas instituições ao redor do mundo, incluindo universidades brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP).
Desde suas origens, a universidade esteve envolvida na criação e fortalecimento de milícias armadas, como a Haganá, que desempenhou um papel central na expulsão e massacre de palestinos durante a Nakba. Segundo o Mondoweiss, a universidade abrigava o Science Corps, responsável pelo desenvolvimento de armamentos e tecnologias militares que foram usados diretamente contra os palestinos. Professores e estudantes participaram da produção de armas e armas biológicas em seus campi, servindo milícias sionistas que expulsariam e massacrariam palestinos. O Science Corps foi posteriormente incorporado ao Ministério da Defesa e levou à criação dos principais fabricantes de armas de “Israel”. Esse vínculo entre academia e exército continua até hoje, com a universidade desempenhando um papel central no complexo militar-industrial israelense.
A universidade também está profundamente envolvida no projeto de “judaização” de Jerusalém, especialmente em Jerusalém Oriental, onde seu campus se expandiu para terras palestinas ocupadas, como os bairros de Sheikh Badr e Issawiyeh. Essa expansão territorial foi acompanhada pela apropriação de terras palestinas e pela construção de infraestrutura acadêmica, consolidando o controle israelense sobre a cidade, conforme relatado pelo Mondoweiss. Segundo a análise da autora Maya Wind, citada pelo Mondoweiss, essa expansão faz parte de um projeto mais amplo de mudança demográfica, com o objetivo de expulsar os palestinos de Jerusalém e estabelecer o domínio sionista sobre a cidade.
Outro aspecto crítico do papel da Universidade Hebraica é a repressão contínua aos estudantes palestinos. Conforme relatado pelo Mondoweiss, estudantes palestinos enfrentam discriminação sistemática dentro do campus, desde a admissão, passando por dificuldades para obter alojamento, até o constante assédio e vigilância por parte de forças de segurança que patrulham o campus.
A Hebrew University mantém uma força de segurança composta por ex-combatentes do exército israelense, cuja principal função é vigiar e controlar as atividades dos estudantes palestinos, muitos dos quais são tratados como uma “ameaça à segurança”, segundo o Mondoweiss. Em várias ocasiões, protestos organizados por estudantes palestinos contra programas como o Havatzalot, um curso de inteligência militar oferecido pela universidade, foram reprimidos com ameaças de processos criminais.