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Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Coluna

A tragédia da Nakba em ‘Homens ao sol’, de Ghassan Kanafani

Clube de leitura do CCBP vai debater o livro nessa quinta-feira

Ghassan Kanafani é provavelmente o maior escritor palestino. No próximo dia 9 de abril ele completaria 88 anos. Poderia estar vivo ainda, não fosse os assassinos sionistas, que, em 8 de julho de 1972, plantaram uma bomba em seu carro, em Beirute. O atentado, organizado pelo Mossad, matou o escritor e sua sobrinha, Lamees Najim, de apenas 17 anos. O escritor era militante e dirigente da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).

A morte de Kanafani é mais um crime na conta do fascismo sionista. Seu desaparecimento prematuro, tinha apenas 36 anos, não o impediu de ter uma vasta obra literária. São romances, novelas, contos, estudos sobre a história da literatura e uma história da Revolução de 1936-39 na Palestina. Apesar das dificuldades impostas pela ocupação sionista, Kanafani não é um escritor menor.

Em 1963, publica um dos seus principais romances, Homens ao sol. Uma trágica aventura de três refugiados palestinos tentando atravessar o deserto para tentar uma nova vida no Kwait. É uma denúncia da Nakba (catástrofe) promovida pelos sionistas, que expulsou os palestinos de suas terras e seus lares.

Nenhum deles queria estar ali, cada um deles tinha uma vida diferente em suas terras, mas se encontram num mesmo objetivo. Eles não tiveram escolha, a situação os empurrou para aquele lugar. O desespero, a luta pela sobrevivência, as humilhações, Kanafani transmite tudo isso de forma magistral. Esses três homens conhecem um trabalhador e ex-militante palestino que se coloca a tarefa de ajudá-los. Os quatro representam as centenas de milhares de palestinos que foram jogados ao sol.

O estilo de Kanafani é veloz e angustiante, prende o leitor do começo ao fim. Somos capazes de sentir a desagradável sensação de cozinhar no sol escaldante do deserto.

Homens ao Sol será o livro discutido no clube de leitura “Cadáver esquisito”, do Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), em São Paulo. A discussão ocorre hoje, quinta-feira (28), as 20 horas, na rua Luis Góis, 413, próximo da estação Santa Cruz do metrô. A participação é aberta a todos que têm interesse em discutir literatura. 

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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