HISTÓRIA DA PALESTINA

Os únicos israelenses a se oporem à segunda invasão do Líbano

Em 1982, um pequeno grupo de comunistas foi o único bloco a se opor a brutal invasão do Líbano pelo Estado de “Israel”

Em 1982 o Estado de “Israel” realizou sua segunda, e mais importante, invasão do Líbano. O objetivo era esmagar a resistência palestina. Desde 1970, o principal foco de organização da resistência havia se tornado o país árabe ao norte de “Israel”, pois o rei de Jordânia traiu os palestinos em um enorme massacre. A invasão do Líbano chegou a ser denunciada pelo Partido Comunista de “Israel”. Sua violência chocou o mundo inteiro.

Meir Vilner, Secretário-Geral do Partido Comunista de “Israel”, proferiu um discurso nome da Frente Democrática pela Paz e Igualdade. Os membros dessa Frente foram os únicos a votar contra a invasão. Seu discurso começa: “o coração sangra por cada pessoa que morre—seja árabe ou judeu. O governo está levando Israel ao abismo. Ele realiza uma ação que com o tempo pode se transformar em uma catástrofe para as gerações futuras”.

Ele afirma: “o Chefe de Estado-Maior, Tenente-General Rafael Eitan, disse, quase um mês atrás, em 13 de maio de 1982,—e isso deixou o parlamento perplexo— Depois que construí um aparato extraordinário, custando bilhões de dólares, posso e devo colocá-lo em ação… É possível que amanhã eu esteja em Beirute’”. Ou seja, o exército sionista já deixava claro que invadiria o Líbano com muita violência.

O texto segue: “a maioria da imprensa e dos líderes políticos então disseram: ‘O que aconteceu com o Chefe de Estado-Maior? O que há de errado com ele? Ele está louco? Se ele construiu um aparato militar de bilhões de dólares, ele precisa colocá-lo em ação? Isso é um argumento?’ Posso citar um artigo após outro da imprensa. O que mudou?” O líder do PCI fica surpreso que a posição da imprensa e dos partidos da burguesia mudou. Se não for um cinismo de sua parte, é uma enorme ingenuidade.

Muitos sionistas de esquerda, como o caso dos comunistas de “Israel”, ficam impressionados com a capacidade do sionismo ao entrar em ação. A invasão do Líbano, para muitos, teve o mesmo efeito que a atual guerra na Faixa de Gaza, expôs a face nazista do Estado de “Israel”. Mas naquele momento ainda não havia Internet para divulgar as atrocidades, como o massacre de Sabra e Chatila em que 3 mil palestinos foram assassinados com armas brancas em 2 dias.

O parlamentar então defende sua política: “a segurança de Israel é importante para todos nós, a segurança dos assentamentos no Norte e de todos os assentamentos. Mas a verdadeira segurança só será alcançada com o estabelecimento da paz, parando de escravizar outros povos. E a paz pode ser alcançada por uma solução política que seja justa para todos—Israel, o povo palestino e todos os povos da região. Não há outra segurança. Caso contrário, seremos levados de uma guerra a outra, de um desastre a outro”. Não fica claro o que ele defende, mas certamente é uma posição muito mais democrática do que qualquer partido que atue hoje em “Israel”.

E ele critica o partido do governo, atual partido de Netaniahu: “a política do governo Licude não é nova. A guerra atual, que o governo iniciou por sua própria iniciativa e sem motivo algum, é uma guerra agressiva, de conquista; uma guerra para exterminar o povo palestino; uma guerra suja, colonialista, não no interesse da paz ou da segurança de Israel. É uma perigosa ilusão pensar que quanto mais palestinos forem mortos, maior será a segurança de Israel. Somente canibais podem pensar assim. O oposto é verdadeiro—ao longo do tempo, isso coloca Israel em perigo ainda maior. Esta é uma guerra contra um povo que não tem pátria, que não tem estado, contra o povo palestino, contra uma população civil, contra um movimento de libertação nacional. Que heroísmo é esse? Esta é uma guerra contra o Líbano, que sofre uma tragédia sem fim”.

E conclui: “do ponto de vista do direito internacional, esses são crimes de guerra bárbaros, um completo desrespeito pela vida humana, não apenas de palestinos, libaneses em geral, mas também de nossos próprios soldados. Já dezenas de jovens caíram vítimas desnecessariamente—mais do que todos os atingidos nos assentamentos do Norte!

A posição dele aqui já mostra que estão na ala mais esquerda do que existia em “Israel”. Chegavam a denunciar o colonialismo e defender a existência de uma pátria para os palestinos, era uma espécie de política de dois Estados antes do acordo de Oslo. O problema é que esse grupo já era minoritário naquele momento. Como dito acima, foi o único bloco parlamentar que se opôs a guerra. Todo o regime político apoio a invasão brutal do Líbano.

Dessa invasão surgiu o Partido de Deus, o Hesbolá, que expulsou “Israel” do Líbano no ano 2000. Na verdade, os sionistas nunca mudaram de posição desde essa votação em 1982. Seu desejo é ocupar partes do Líbano, senão o país inteiro; no entanto, eles não conseguem devido à força da resistência armada da população, que tem o Hesbolá como sua principal organização.

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