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República Islâmica do Irã

A sanha da esquerda em atacar o Irã vem do imperialismo

A esquerda pequeno-burguesa, diante da pressão do imperialismo, ataca o maior aliado dos palestinos em sua luta contra o sionismo

Um dos principais alvos do imperialismo hoje é o governo do Irã. Diante dessa campanha, vários setores da esquerda pequeno-burguesa começam a atacar o governo nacionalista iraniano. É o caso do partido francês Revolution Permanent, que fez uma análise das eleições iranianas que acontecem na próxima sexta-feira (28). O artigo intitulado Irã: eleições antecipadas que preocupam o regime em meio a uma crise regional que se aprofunda é mais um de uma série de textos que mostra que a esquerda não compreende em nada a atual situação de luta anti-imperialista no Oriente Médio.

O artigo começa: “contra Masoud Pezeshkian, o raro reformista a passar pelo crivo da comissão eleitoral que eliminou da lista de candidatos até os dignitários mais conservadores do regime, como o ex-presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, cinco candidatos conservadores disputam a presidência. Multiplicando promessas e anunciando o retorno próximo da prosperidade econômica, todos os candidatos, sob a vigilância das forças da burocracia, criticam o mandato de Ebraim Raïsi: da política econômica às violências contra as mulheres cometidas pela polícia da moralidade, todos os candidatos, sem exceção, fazem campanha contra os excessos do falecido presidente”.

Aqui, aparecem os dois principais problemas da esquerda pequeno-burguesa. O primeiro é usar o termo “conservador” para denotar os nacionalistas iranianos. Isso é uma forma de atacar a luta anti-imperialista no país. Ao invés de se exaltar que Raisi está lutando contra a intervenção no Oriente Médio, a esquerda foca no fato dele ser um aiatolá muçulmano, algo totalmente secundário. O segundo problema é a fuga da realidade. Após o velório de Raisi, fica claro que ele era uma figura de uma popularidade gigantesca no Irã. Ou seja, não faz sentido nenhum em uma eleição se colocar em oposição a um mártir muito popular.

Ele então mostra que os “conservadores”, nacionalistas, tem a dianteira nas pesquisas: “enquanto o candidato reformista lidera, por um lado, as intenções de voto com 24% das intenções, o voto conservador está atualmente dividido entre dois blocos: o primeiro com 23,4%, liderado por Ghalibaf, e o segundo por Jalili, com 21,5%. Fazendo campanha contra a nova lei do hijab e defendendo uma política internacional moderada, a possível derrota do candidato reformista, que seria orquestrada por uma burocracia experiente em derrotar reformistas e opositores, não seria sem efeitos perversos. Além disso, não é certo que o espetáculo da campanha consiga enganar muitos iranianos, convencê-los a ir às urnas e suscitar uma nova adesão ao regime, conduzido por uma pequena casta ultra-reacionária”.

Novamente, a campanha se mantém. Os “conservadores”, nacionalistas iranianos, seriam ultra reacionários. Mas o que há de mais progressista no Oriente Médio hoje? O Eixo da Resistência, as diversas organizações que lutam contra o imperialismo e a principal força nesse eixo é o governo do Irã. O que há de mais reacionário na região? “Israel”. O Irã, bem como o Eixo da Resistência, são os maiores inimigos do Estado de “Israel”. A esquerda que critica o Irã ignora essa questão central. Os reacionários do Oriente Médio são aliados de “Israel”.

O texto, então, tenta abordar a questão do imperialismo: “se o regime pode contar com a hostilidade do bloco imperialista em relação a ele, enquanto sufoca sob o peso das sanções criminais impostas pelo ocidente, sua capacidade de unir sua base social conservadora agitando o espectro do inimigo externo, seja os Estados Unidos ou Israel, é tão importante quanto contraditória. Enquanto as tensões regionais permitiram ao regime instrumentalizar a guerra externa para conduzir, no cenário interno, campanhas reacionárias contra as mulheres e ofensivas repressivas contra os opositores do regime, acusados de serem inimigos internos”. 

Aqui, há uma contradição total. Não há como ter uma política revolucionária externa e não agir de forma progressista na política interna. A verdade é que quem luta contra o imperialismo precisa ter uma base social forte, caso contrário, será derrubado. Não há como atacar “Israel” e levantar a fúria do Mossad e da CIA sem ter um governo popular. Há casos famosos. Sadam Hussein e Noriega do Panamá. Para os EUA, foi muito mais fácil derrubá-los, pois eles não eram de fato regimes nacionalistas populares. Entraram em choque com o imperialismo sendo fracos do ponto de vista popular.

Além disso, o Revolution Permanent acusa o Irã de ser uma ditadura, ou seja, cai na campanha do imperialismo. Um partido francês deveria se preocupar em atacar a ditadura de Macron, que oprime não só os franceses, mas diversos países da África, a Guiana Francesa, os Canaques da Nova Caledônia e muitos outros povos do mundo. O governo do Irã é muito mais uma força de luta contra o imperialismo no Oriente Médio do que de opressão dos trabalhadores do Irã. Não é trabalho de partidos de esquerda atacar governos de países atrasados que não sejam serviçais do imperialismo.

Ele continua: “massivamente deslegitimadas, as instituições da Constituição de 1979 têm apenas um papel formal, enquanto a taxa de participação nos diferentes escrutínios continua a diminuir, atingindo níveis excepcionalmente baixos para um país que até meados dos anos 90 podia se orgulhar de uma participação eleitoral elevada. Quanto ao poder, ele caiu, desde a operação ‘mudança de estrutura’ empreendida em 2019, nas mãos dos Guardiões da Revolução e do secretariado do Aiatolá, uma vasta burocracia com milhares de funcionários que exercem controle invisível sobre todas as instituições e grandes empresas do país”.

Pode até ser que uma burocracia controle o poder no país. Mas isso não é algo limitado ao Irã, é o padrão no mundo inteiro. A diferença é que, em muitos países, essa burocracia é totalmente serviçal do imperialismo e impõe uma política neoliberal contra a esmagadora maioria da população. Não é o caso do Irã, onde a política nacionalista segue desenvolvendo o país apesar de todas as sanções econômicas. O que o RP não entende é que os trabalhadores não devem focar sua luta na burocracia, devem lutar contra o imperialismo. Caso essa luta se torne um movimento de massas, a burocracia será muito mais fácil de substituir por instâncias mais populares do que a dominação imperialista.

No fim, o ataque ao Irã é como os ataques a Venezuela, Nicarágua, China e Rússia. Criticam falhas que todos os países têm, e ignoram que esses são muito superiores do que os países que de fato são dominados pelos representantes do neoliberalismo, tal qual é a França.

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