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HISTÓRIA DA PALESTINA

A Revolta de 1929 e a Internacional Comunista na Palestina

Com apenas 12 anos de colonização do imperialismo britânico, a luta do povo palestino já crescia e já era observada pela esquerda do mundo inteiro  

Em 1929, após 12 anos de colonização da Palestina pelo imperialismo britânico, aconteceu uma das primeiras revoltas da população contra os seus opressores. A revolta de Buraq aconteceu principalmente na cidade de Jerusalém, quando os palestinos entraram em confronto com os invasores sionistas que chegavam em cada vez maior número com o apoio dos banqueiros britânicos. O Partido Comunista da Palestina tirou conclusões interessantes sobre a luta após essa revolta. As resoluções foram publicadas no documento Extratos de uma resolução do secretariado político do ECCI sobre o movimento insurrecional em Arabistão.

O Partido Comunista da Palestina havia sido criado no ano de 1923. Em suas fileiras, estavam principalmente a população de imigrantes judeus das cidades. Um dos membros mais famosos foi Leopol Trepper, o homem que organizou a maior rede de espionagem da Segunda Guerra Mundial, a Osquestra Vermelha. Em 1929, eles estavam presentes na revolta.

“As tarefas do Partido Comunista da Palestina, assim como as seções do Internacional Comunista em outros países árabes, devem aprender as lições a serem tiradas da revolta.

  1. A tarefa mais urgente do partido é conduzir um curso enérgico e audacioso em direção à arabização do partido de cima a baixo. Ao mesmo tempo, deve fazer todos os esforços para estabelecer sindicatos árabes ou sindicatos árabe-judaicos conjuntos, e capturar e expandir aqueles já existentes. . . .
  2. O partido deve, a todo custo, erradicar o ceticismo e a passividade sobre a questão camponesa que prevalecem em suas fileiras. … Deve elaborar um programa agrário que atenda às demandas parciais dos felahin (camponeses) e beduínos.
  3. O partido deve continuar seu trabalho entre os trabalhadores judeus organizados nos sindicatos sionistas-reformistas, assim como entre os trabalhadores não organizados. A exposição do sionismo, e particularmente de sua ala esquerda, como uma agência do imperialismo, continua sendo uma das principais tarefas, usando as lições concretas do movimento para demonstrar isso.
  4. O partido deve expor o Mejlis Islam (câmaras) como um agente direto do imperialismo inglês. Não menos implacavelmente deve expor o reformismo nacional incorporado no Congresso Pan-Árabe.
  5. A campanha por um boicote ativo à comissão nomeada para investigar os eventos, e a organização do boicote deve, com a ajuda de outras seções da IC, ser colocada no centro da atenção do partido.
  6. As lições da revolta mostram claramente a necessidade do contato mais próximo entre os partidos comunistas dos vários países de Arabistão e do Egito. A forma mais apropriada será a formação de uma federação de partidos comunistas dos países árabes. A condição para tal federação é a arabização dos PCs da Palestina e da Síria, a consolidação dos PCs da Palestina, Síria, Egito, etc. Medidas para acelerar a arabização do PC sírio devem ser tomadas de imediato, para garantir que os comunistas na Síria, após superar o liquidacionismo e o oportunismo, finalmente se tornem partidos comunistas independentes.”

No ano de 1929 o stalinismo já havia tomado controle da 3ª Internacional e gerado derrotas gigantescas para a classe operária. As duas principais foram a Greve Geral de 1926 e a Revolução Chinesa de 1927. A política de “arabização” é uma adaptação da chamada política “obrerista” de colocar de forma relativamente artificial operários como quadros do partido. No caso da Palestina essa política provavelmente teve um resultado mais progressista, pois o PCP sem uma união de judeus europeus e árabes seria, na verdade, um partido sionista.

Já na questão política, mesmo que posta de forma mais confusa, fica claro que a necessidade do combate naquele momento era contra a ala esquerda do sionismo que influenciava uma grande parte dos trabalhadores judeus. Para isso, o PCP deveria criar uma organização revolucionária que unificasse judeus e árabes contra o sionismo e o imperialismo inglês. Essa política, no entanto, não avançou com o PCP. O stalinismo no mundo inteiro segurou esse movimento de libertação nacional. Os partidos que mais lutavam, como o caso da China, o fizeram contra a política stalinista.

As teses continuam:

  1. “Estas tarefas só podem ser realizadas sob a condição de que uma luta audaciosa e enérgica seja travada contra o desvio à direita no partido, que tende a se fortalecer sob a pressão do terror branco e do impacto da derrota temporária da revolta. O desvio à direita no PC da Palestina se expressa em uma subestimação das possibilidades revolucionárias, resistência aberta ou oculta à arabização do partido, pessimismo e passividade em relação ao trabalho entre as massas árabes, fatalismo e passividade na questão camponesa, falha em entender o papel dos camaradas judeus como forças subsidiárias, mas não como líderes do movimento árabe, exagero da influência da burguesia reacionária, grandes proprietários de terras e clero sobre as massas árabes, uma atitude conciliatória em relação aos erros oportunistas, falha em entender a necessidade de autocrítica corajosa e vigorosa dos erros cometidos pelo partido, uma tendência a emigrar sem a permissão do CC, ou seja, desertar, resistência ao lema de um governo de trabalhadores e camponeses.
  2. A avaliação da revolta como um ‘pogrom’ e a resistência oculta à arabização são manifestações da influência sionista e imperialista nos comunistas. A erradicação dessas atitudes é essencial para o desenvolvimento futuro do partido. O movimento insurrecional no Arabistão encontrou um forte eco internacional. Os partidos da Segunda Internacional e um número de pacifistas pequeno-burgueses apoiaram o imperialismo inglês e o sionismo contrarrevolucionário. Os ‘esquerdistas’ social-democratas, sobretudo Maxton, se expuseram como agentes do imperialismo. Comunistas e organizações revolucionárias nacionais apoiaram a revolta árabe. Ao mesmo tempo, deve-se notar que nos estágios iniciais da revolta houve vacilação e confusão em alguns países (a seção judaica do PC dos EUA) assim como em alguns jornais comunistas (mesmo na União Soviética) sobre o caráter do movimento. Estas foram rapidamente superadas nas seções da IC.”

O ponto sete reflete o erro citado acima. A maioria árabe de fato deve ser o fator principal da revolução. Mas a classe operária judaica poderia muito bem ser sua vanguarda. Isso de certa forma aconteceu em toda a Europa. Os judeus foram desproporcionalmente importantes no movimento operário, três dos maiores cinco nomes foram judeus, Marx, Trótski e Rosa Luxemburgo. Mas o ponto mais importante é o seguinte.

A tese é uma demonstração de que a esquerda pequeno burguesa já estava ao lado do sionismo na década de 1920. Eram apoiadores do sionismo antes mesmo da criação do Estado de “Israel”. Ele deixa escapar também que o sionismo já ganhava influência dentro dos partidos comunistas, dominados pelo stalinismo. Isso se tornaria cada vez mais forte até que o próprio Stálin apoiaria a criação do Estado de “Israel”, com muitas armas, em 1948.

Apesar de apresentar algumas teses interessantes a história do PCP não foi de grande importância para a luta do povo palestino. Sete anos depois desse texto ser publicado aconteceu a grande Revolução Palestina de 1936. O PCP, que deveria ser o partido revolucionário, mal aparece nessa história, mostrando que sua política era muito incorreta. Os documentos publicados nos anos 1920 e 30, no entanto, são muito reveladores sobre a colonização da Palestina e sobre os próprios erros e acertos da luta dos palestinos.

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