A Segunda Intifada (2000-2005) foi um movimento de revolta da população palestina, significativamente mais organizada e mais bem armada que a Primeira Intifada (1987-1993), que representou um duro golpe para a dominação imperialista na região. Aqui, iremos nos deter em um importante acontecimento deste levante, que foi o ataque que o então primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, realizou contra a mesquita de Al-Aqsa.
Para que se entenda a magnitude e o simbolismo dessa provocação, é preciso evocar alguns acontecimentos do mesmo período histórico. Em julho de 2000, estava ocorrendo a Cúpula de Camp David – uma negociação entre o presidente dos EUA, Bill Clinton, o primeiro-ministro de “Israel”, Ehud Barak, e o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat.
A negociação era mais um daqueles acordos de paz farsescos, em que “Israel” se comprometeria com uma série de exigências relativas ao reconhecimento da soberania palestina e à implementação da chamada “solução de Dois Estados”, que nunca iria cumprir. Por sua vez, o principal líder histórico da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, voltava a trair seu povo, vendendo a ilusão de que se poderia chegar a um acordo com os colonizadores.
Os temas da Cúpula giraram em torno, principalmente, de discussões territoriais – em que “Israel” propunha anexar uma porção da Cisjordânia e reconhecer como soberana apenas outra parte – e do retorno daqueles habitantes que tiveram suas casas roubadas à Palestina histórica – o que foi rejeitado por Barak, afirmando que devolver as casas aos palestinos seria uma forma de “ameaça ao caráter judeu do Estado”. Além disso, os israelenses propunham manter seus assentamentos e fracionar a Cisjordânia em blocos isolados – que foram comparados aos bantustões sul-africanos da época do apartheid.
No entanto, as negociações foram interrompidas. No ano seguinte, em meio a Intifada, Ehud Barak perderia as eleições Ariel Sharon, político da extrema-direita, do Likud – atual partido de Netanyahu – que havia liderado uma série de massacres contra os palestinos.
Em meio essa conjuntura de ascensão da extrema-direita que crescia em conjunto a falência dos Acordos de Oslo, Ariel Sharon organizou a invasão da mesquita de Al-Aqsa – terceiro lugar mais sagrado do mundo para o Islã, atrás apenas das cidades de Meca e de Medina.
Durante a provocação fascista, ele entrou na mesquita e vociferou: “quero ver o que acontece no local mais sagrado para os muçulmanos”. Depois, ironizou a situação dizendo estar levando uma “mensagem de paz”. Este evento teve um grande apelo para as base da extrema-direita. Até hoje esse setor, que está no governo Netanyahu, organiza invasões da mesquita.
Essa foi a gota d’água para os palestinos, que se levantaram na Segunda Intifada. Em setembro de 2000, os palestinos atacaram o assentamento de Netzarim, que resultou na morte de um colono. O conflito, ao longo de 5 anos, terminou com cerca de 3300 palestinos assassinados e com cerca de 1000 israelenses mortos.
O levante acabou com uma vitória importante dos palestinos, o fim da ocupação militar da Faixa de Gaza. Isso permitiu que, após o Hamas ser eleito, ele não fosse depois em Gaza, como aconteceu na Cisjordânia, onde “Israel” mantém uma ditadura militar brutal.
Quando Ariel Sharon faleceu, ainda no cargo de primeiro-ministro de “Israel” o presidente do Irã se pronunciou publicamente. Ele disse que há muito esperava por esse momento.