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Ric Jones

Médico homeopata e obstetra. Escritor, palestrante da temática da Humanização do Nascimento no Brasil e no exterior.

Coluna

A Onda

É preciso encontrar o mal e destruir sua semente

Parece mesmo que as desgraças na América são guiadas por uma bússola política curiosa. Partem do norte global, da sede do Império, passam pelo Brasil e chegam até o sul das Américas, na Argentina. Assim começaram com Trump e suas ligações com a extrema direita de Bannon e dos proud boys, passam pelo Brasil de Bolsonaro e sua quadrilha de golpistas, estelionatários e ladrões de joias e finalmente chegam até a Argentina, onde um alucinado roqueiro de costeletas obscenas leva a cabo seu projeto ancap de destruição de todo o patrimônio do povo argentino.

A reação segue o mesmo fluxo. Trump é condenado por suas mentiras e tramoias, mas isso não o impedirá de concorrer. E mais: ele vai ganhar, até porque no sistema americano de partido único talvez ele seja menos perigoso que o maior “senhor da guerra” do século XXI, o demenciado Joe Biden.

Bolsonaro agora encontra, finalmente, seu inferno astral. A descoberta de seus crimes, e a publicidade que agora foi dada a eles, mais do que demonstra o acerto de rejeitá-lo nas urnas, mas também expõe a quantidade incrível de delitos cometidos por esta administração desastrosa. Se não bastassem a “minuta do golpe“, o escândalo da compra de vacinas, a falsidade ideológica da carteira vacinal, o mau uso do dinheiro público na pandemia, o roubo de joias e outras propriedades públicas, temos conversas reveladas que mostram inclusive intenções homicidas, e não há como descartar os casos de MarielleBebianno e até mesmo Adriano da Nóbrega, num possível caso de “queima de arquivo”. Ninguém pode duvidar que, em breve, a Argentina também acordará do seu surto e colocará seu presidente lunático no lugar onde merece estar: um sanatório, junto com seus cachorros

Todavia, a propensão criminosa de Bolsonaro e sua “entourage” não poderia causar surpresa para quem acompanhou a carreira desse obscuro deputado da extrema direita, admirador de torturadores e ditadores dos anos de chumbo. Basta perceber seu crescimento patrimonial (as dezenas de imóveis comprados com dinheiro vivo) e a prática disseminada de “rachadinhas” em seus mandatos e nos de seus filhos. Qualquer um que se espante com propinas de autocratas árabes e as joias surrupiadas estará praticando cinismo; só um tolo pode se surpreender pela forma como Bolsonaro tratou como suas as coisas do país.

Entretanto, ao ser desfeito o sigilo de Bolsonaro e a consequente exposição pública da podridão de seu governo, não foi para ele que minha atenção se voltou. Em verdade, a minha tristeza é ver quantos amigos de infância embarcaram na onda bolsonarista, saíram às ruas de verde e amarelo, debocharam da queda de Dilma (sem crime de responsabilidade), a prisão ilegal e imoral de Lula (inocentado em todos os processos) apoiaram a promiscuidade do governo com o crime organizado, pediram golpe de Estado e acamparam pedindo uma ação das forças armadas (que participaram do governo e estão envolvidas em inúmeros crimes cometidos). Para estes amigos, que saíram às ruas anestesiados pela propaganda anticomunista do pós-guerra, alimentados por fake news, usados como massa de manobra pelas elites financeiras, e carregando slogans fascistas – Deus, pátria, família – eu só posso me entristecer. Gente que eu conheço como jovens de bons princípios, que sempre se empenharam na caridade aos desvalidos, que participam de instituições de ajuda e suporte aos famintos e descamisados e que nesse período de loucura se lançaram como sardinhas na rede fascista. Com o tempo a “Onda” foi mudando seu discurso, e da noite para o dia os vi empenhados em mentir sobre seus adversários enquanto encobriam as falcatruas e os desvios morais do seu líder máximo.

Esses, que aderiram à “Onda“, são minha grande tristeza e minha angústia. Até acredito que o nosso Judiciário, por mais venal e corrompido que seja (que esteve ao lado dos golpistas em 1964, 2016 e 2018) não terá como lavar as mãos diante de tantos e diversificados crimes dessa organização criminosa, liderada e conduzida pelo ex-presidente Bolsonaro. Entretanto, isso não elimina o fato de que esses seguidores fascistas são 15% dos eleitores do Brasil, e isso é uma grave ameaça à nossa frágil democracia. Como diria Bertolt Brecht, “a cadela do fascismo está sempre no cio”, e se não olharmos para esse enorme contingente estaremos fazendo a semeadura de um novo fenômeno fascista.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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