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Eleições na Europa

A nova frente popular terminará como a primeira: derrotada

A esquerda pequeno-burguesa não entendeu que os partidos do imperialismo estão completamente falidos, qualquer frente com eles apenas fortalecerá a extrema direita

O grande avanço da extrema direita nas eleições do Parlamento Europeu ligaram o sinal de alerta para parte da esquerda mundial. Nos principais países do continente, Alemanha e França, a vitória foi avassaladora. Enquanto isso, a esquerda não teve grandes aumentos, o que indica que ela também está sendo derrotada por esse setor da direita. As análises são muitas, mas uma das conclusões tiradas pela esquerda é o caminho para uma derrota ainda maior: fortalecer a frente ampla, a mesma que foi derrotada. É o caso do Esquerda Online em seu artigo Diante da ascensão da extrema direita, unir-se e agir.

O artigo começa com uma análise das eleições em si: “o Parlamento tem, portanto, um papel político secundário, mas é o porta-voz dos principais partidos da União Europeia. Há décadas que tem uma maioria estável entre o conservador de direita PPE, o social-democrata S&D (Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas) e, mais recentemente, o pequeno grupo centrista e liberal Renovemos a Europa. Estes três partidos reúnem 403 deputados no novo parlamento”.

Ou seja, esses três grupos juntos do Parlamento Europeu demonstram as forças que compõe o bloco do imperialismo europeu. Ele tem a sua ala direita, a sua ala esquerda e essa nova ala que se declara de centro, a ala de Emmanuel Macron.

O artigo inclusive cita que, com essa maioria, a UE continuará com sua política neoliberal: “essa grande maioria garantirá o apoio contínuo às políticas ultraliberais, à erosão dos direitos sociais, às regulamentações que criam precariedade no emprego e à destruição dos serviços públicos. Essas políticas são acompanhadas por uma política racista e desumana em relação aos migrantes, pelo apoio à política criminosa de Israel e à guerra genocida contra o povo palestino, e por um aumento das políticas militaristas de mais armamento, sob o pretexto de apoiar a Ucrânia”.

Aqui são apresentados os grandes problemas que está fazendo esse bloco erodir completamente. As políticas “ultraliberais” que destroem as condições de vida da classe operária europeia, junto à guerra contra a Rússia, que tem o mesmo efeito, são totalmente impopulares. A extrema direita apresenta uma alternativa, mesmo que conservadora e demagógica, a essas políticas. A questão dos migrantes não acontece conforme o texto. O principal bloco do imperialismo trata os migrantes como cidadãos de segunda classe, no entanto, eles são a favor da imigração, pois isso tira a força da classe operária, pois há milhões de desesperados por emprego que diminuem a valor da força de trabalho como um todo. A extrema direita é radicalmente contra os imigrantes, o que, apesar de reacionário, é uma política que frearia essa desvalorização da força de trabalho dos europeus.

O grande problema é que a extrema direita apresenta uma alternativa às principais questões dos trabalhadores da Europa. Pode ser uma alternativa ruim, falsa, conversadora, reacionária. Mas é uma alternativa. A esquerda não apresenta nada. Ficam a reboque da OTAN, a reboque da social-democracia, não têm uma política para lidar com a questão da imigração e não batem de frente com o neoliberalismo. São um apêndice desse regime político e, assim, estão falindo junto com o regime. Um dos partidos derrotados foi justamente a Social Democracia da Alemanha, que está no governo.

O artigo, então, cita as relações entre a direita tradicional e a extrema direita: “estas tendências surgem numa altura em que a extrema-direita está no governo em vários países, incluindo Itália, Hungria e Países Baixos, e faz parte de coligações na Finlândia, Eslováquia e Suécia. Hoje, multiplicam-se pontes entre a direita conservadora europeia e a extrema-direita, particularmente sobre políticas migratórias e tendências autoritárias. Infelizmente, as forças de esquerda não conseguiram, até agora, construir uma alternativa europeia às políticas liberais de gestão da social-democracia, capaz de mobilizar o eleitorado popular. O que está em jogo nos próximos meses é, portanto, crucial”.

É um fato que a direita e a extrema direita se relacionam. Mas, em grande medida, a extrema direita cresce em oposição à direita. Antes da extrema direita ganhar eleições gerais, ela costuma se tornar a principal força da direita. É o caso do bolsonarismo, ele primeiro se tornou o partido da direita no Brasil, ultrapassando o PSDB, e, depois, ganhou as eleições nacionais. O caso brasileiro é um pouco diferente, pois foi necessário tirar Lula das eleições para garantir essa vitória. Lula, antes das eleições, era considerado justamente a oposição ao regime neoliberal. Agora que está no governo, essa questão está em disputa devido à própria frente ampla.

Logo depois, o artigo entra em contradição. Na citação acima, ele coloca que é preciso achar uma alternativa à social-democracia. Mas como solução, ele coloca uma aliança com a social-democracia:

“Assim, a criação na França da Nova Frente Popular é uma mensagem de esperança e responsabilidade, numa altura em que, numa manobra suicida, Macron decidiu, após a sua derrota, dissolver a Assembleia Nacional, estendendo um tapete marrom para a chegada do Reunião Nacional (o partido de Marine Le Pen) e da extrema-direita que, nas suas variantes, acaba de reunir quase 40% dos votos.”

Mas o que é a nova frente popular? É uma aliança entre França Insubmissa, o Partido Socialista, Partido Comunista e o Partido Verde.

Ou seja, uma aliança com os socialistas, os mesmos que o texto acusa de serem incapazes de criar uma alternativa ao neoliberalismo. Na primeira frente popular na França, em 1934, o problema era o Partido Republicano, que impedia a frente de tomar as políticas da esquerda. Agora, diante da decadência ainda maior do partido socialista, este próprio se tornou um problema. Partidos como esse, de tipo social-democrata, se tornaram partidos neoliberais.

Ou seja, a frente de esquerda, que seria uma alternativa ao regime político que está em decomposição, não existe. Ela se une com os socialistas e os ecologistas, partidos do imperialismo. A esquerda, nesse momento, precisa assumir uma postura independente, uma frente apena da classe trabalhadora, com uma política independente do imperialismo. Caso contrário, os elementos que estão falindo completamente, como os socialistas, levarão a frente como um todo à falência. Isso é muito importante para o Brasil, pois os “aliados” de Lula tendem a ter esse efeito.

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