No final da tarde da última terça-feira (09/01), o líder do movimento de luta pela terra denominado Asterras, Edinoaldo Dias Ferreira, foi preso de maneira totalmente irregular e forjada por policiais militares a mando de grileiros de terras no município de Porto Seguro, Extremo Sul da Bahia.
A prisão ilegal se deu depois da ocupação da Fazenda Rio Verde, localizada no bairro Mirante do Rio Verde, no badalado distrito de Trancoso. A ação criminosa da Polícia Militar, ocorreu dentro da área ocupada por mais de 120 famílias.
Como de costume, 1ª Vara Cível de Porto Seguro autorizou a reintegração de posse em agosto de 2023 e numa operação cinematográfica, mais de cem policiais militares do 8º Batalhão de Polícia Militar estavam no local. O enorme efetivo chama muito a atenção devido a atuação de grileiros na região mais valorizada no Brasil, como o Cônsul de Portugal em Porto Seguro Moacyr Costa Pereira de Andrade, e onde existe propriedades da família Marinho dono da Rede Globo de televisão.
A 1ª Vara Cível de Porto Seguro também é conhecida na região pelo apoio a grilagem de terras e sua “militância” em favor dos despejos de trabalhadores da cidade e do campo em áreas devolutas, como o juiz Fernando Paropat.
O grileiro que se diz dono da Fazenda Mirante do Rio Verde é o conhecido Gregório Marin Preciado, espanhol casado com uma prima de primeiro grau do tucano e ex-governador de São Paulo José Serra, e ligado a diversos casos de grilagem de terras públicas na região, em particular o caso da Ilha do Urubu, no litoral de Trancoso. O caso envolveu o ex-governador Paulo Souto (aliado do falecido Antônio Carlos Magalhaes) e o tucano José Serra, no escândalo denunciado no livro de Amaury Ribeiro Jr, A Privataria Tucana, e muito similar a Fazenda Mirante do Rio Verde.
Após sua prisão suspeita, Edinoaldo foi encaminhado ao Posto Avançado da Polícia Civil em Trancoso, onde foi autuado em flagrante pelos crimes de esbulho possessório, desobediência e associação criminosa, acusações em fundamento ou provas, com apenas depoimentos dos policiais. O delegado da Polícia Civil, Laerte Neto estipulou a incrível fiança no valor de 100 salários-mínimos, equivalente a R$ 142.000,00. Um enorme absurdo que se soma as denúncias nos parágrafos acima para que a liderança não tenha as condições de sair da prisão.
Como podemos ver há um envolvimento dos grileiros milionários de terras públicas nas regiões mais valorizadas com as instituições para que essas terras públicas continuem nas mãos de poderosos em detrimento de toda a população de Porto Seguro.
É preciso denunciar essa prisão política e o envolvimento das autoridades locais, e que se essa prática se tornar corriqueira, com multas astronômicas, serve apenas para fortalecer os grileiros de terras públicas da região mais valorizada do Brasil.