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História brasileira

A II Batalha de Guararapes, que expulsou holandeses do Brasil

Expulsão dos holandeses foi um dos primeiros movimentos nacionalistas no Brasil

Há 375 anos, no dia 19 de fevereiro de 1649, ocorria o segundo confronto da Batalha dos Guararapes, onde o Exército da Holanda seria derrotado pelas tropas do Império Português. O episódio seria decisivo para a Insurreição Pernambucana, culminando no fim da ocupação holandesa dessa parte do Brasil.

O cenário internacional

Durante a União Ibérica, entre 1580 e 1640, muitas nações lutaram contra o domínio espanhol, uma desta seria a República das Províncias Unidas dos Países Baixos. Os neerlandeses tinham pesadas inversões na agromanufatura açucareira, que foi diretamente afetada com o embargo de Felipe II da Espanha aos portos neerlandeses. 

A invasão de Olinda e Recife, foi realizada com uma esquadra com sessenta e sete navios e cerca de sete mil homens, comandados pelo almirante Hendrick Lonck. O objetivo declarado era reestabelecer o comércio do açúcar com os Países Baixos, para tanto realizaram ocupações no Nordeste do Brasil e com o Litoral de Angola e Timor.

Realmente após as invasões, os capitalistas neerlandeses passaram a dominar todas as etapas da produção de açúcar, do plantio da cana-de-açúcar ao refino e distribuição.    

A Insurreição Pernambucana

A Insurreição Pernambucana, conhecida também como Guerra da Luz Divina, foi um movimento de oposição à invasão holandesa. Teve a consignação do compromisso de lutar contra o domínio holandês assinada em 15 de maio de 1645.

Entre suas lideranças encontram-se figuras históricas da envergadura André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Filipe Camarão.

Diferente das resistências em momentos anteriores, a Insurreição Pernambucana, era composta majoritariamente por portugueses nascidos no Brasil (brasileiros brancos, negros e ameríndios).

A Batalha dos Guararapes

A Batalha dos Guararapes foi travada em dois confrontos, o Primeiro confronto nos dias 18 e 19 de abril de 1648. O segundo confronto aconteceu no dia 19 de fevereiro de 1649, ambos ocorreram no Monte dos Guararapes, território atual do município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

Neste confronto o efetivo luso-brasileiro de 2.200 homens, derrotou o exército inimigo de 7.400 homens. As forças neerlandesas tiveram 1.200 baixas fatais, entre estes, 180 oficiais e sargentos, enquanto as forças luso-brasileiras tiveram apenas 84 mortos.

O combate mais intenso alongou-se por cinco horas, havendo no campo de batalha, além de holandeses e luso-brasileiros, ingleses, franceses, poloneses, negros africanos e indígenas das etnias tupis e tapuias. Com conhecimento inferior do terreno, esse confronto resultou num massacre as forças holandeses.

“(…) Fugindo e descendo do monte, a seu pesar com mais presteza do que subira, os que escaparam de Dias e Vieira se juntaram aos que estavam em retirada pela campina pressionados por Vidal e Camarão. Ganhamos todos os canhões do inimigo e muita bagagem, motivo que levou muitos soldados ao saque e à euforia.

Como esperado em exércitos como aquele holandês, ter gente de reserva para situações difíceis lhes valeu um contra-ataque fulminante pegando nossos soldados desorganizados, além de exaustos, que se puseram em fuga monte abaixo.

A luta desesperada que seguiu daí pela defesa da passagem estreita (apelidada boqueirão) durou várias horas, com os oficiais (nossos e inimigos) no meio da ação. Acabamos por perder 4 das 6 peças da artilharia ganha. Por fim, o campo ficou nosso e o alto dos montes do inimigo.

O general holandês, gravemente ferido no tornozelo, determinou a retirada durante a noite deixando dois canhões apontados para o boqueirão, disfarçando seu recuo para o Recife (…)”

– Resumo da descrição do cronista da guerra da época, Diogo Lopes Santiago.

Segundo confronto

No segundo confronto, as forças neerlandesas contavam com 5 mil homens, “200 índios, duas companhias de negros e 300 marinheiros que se dispuseram a enfrentar a luta na campanha; 6 canhões, 12 bandeiras, trombetas, caixas e clarins”.

O conflito foi descrito da forma seguinte:

“No dia 19, das 13h00 para as 14h00 (castigado pelo sol), tanto que foram os holandeses desocupando o alto dos montes para formarem um grande esquadrão na direção do Recife, nosso exército iniciou a aproximação.

João Fernandes Vieira com 800 de seus homens foi o primeiro a entrar na luta, bem no meio da área que chamavam boqueirão, onde o inimigo tinha 6 esquadrões e duas peças de artilharia. Após 25 min de cargas de fogo, João Fernandes tentou cortar a formação holandesa pelo alagado. Sem sucesso, de volta à posição inicial, pediu a todos que investissem à espada após uma última carga na cara do inimigo, e assim foi ganho o boqueirão à espada (apesar da brava resistência dos lanceiros holandeses), onde conquistamos 2 canhões de campanha.

Nesta altura já estavam em luta todos os nossos vindo pelo alto e fraldas do último monte: Henrique Dias, Diogo Camarão, Francisco Figueroa, André Vidal, Dias Cardoso e a cavalaria de Antônio Silva. Tomado o monte central e suas 4 peças de artilharia, bem como as tendas do comandante holandês Van den Brinck (que foi morto na ocasião), os portugueses pressionaram os inimigos até sua desintegração e fuga para Recife, sendo perseguidos por nossos cavaleiros exaustos; muitos fugiram para os matos, outros se entregaram implorando pelas vidas”.

As baixas no segundo confronto

O exército neerlandês sofreu baixas memoráveis, acaçapando suas forças, sendo descrito da seguinte forma:

“Nesta admirável vitória perderam os holandeses mais de 2 500 homens, entre mortos e presos, com quase todos os cabos e oficiais do seu exército, escapando só dois mestres de campo, um deles ferido na garganta, um Sargento Maior e quatro Capitães, mil soldados e cerca de 500 feridos.”

Para o lado luso-brasileiro a realidade foi mais amena, com baixas insignificantes no cenário:

“Dos Portugueses morreram o Sargento Maior Paulo de Cunha Souto Maior, o Capitão de Cavalos Manuel de Araújo de Miranda, pessoas de conhecido valor, quarenta e cinco soldados, e cerca de 200 feridos, um deles o Governador Henrique Dias e dez oficiais menores. Como também os Mestres de Campo André Vidal de Negreiros, e João Fernandes Vieira, saíram com os sinais de duas balas”

A capitulação holandesa

Em 26 de janeiro de 1654, a Holanda assassinou sua capitulação, conhecida como  Capitulação do Campo (campanha ou campina) do Taborda. Nesta forma, firmados os termos e as condições de entregar da cidade Maurícia, Recife, das forças e fortes junto deles, dos lugares ocupados, pelos membros do Conselho Supremo do Recife entregavam ao Mestre de Campo, General Francisco Barreto de Menezes, Governador da Capitania de Pernambuco.

Segue elencando abaixo:

 

  1. ao Norte
    1. a Bahia;
    2. a Ilha de Fernando de Noronha eos seus fortes;
    3. o Ceará;
      1. o Forte Ceulen (com 31 peças)
      2. a Fortaleza Schoonemborch (com onze peças)
    4. o Rio Grande (do Norte);
    5. a Paraíba;
      1. a Fortaleza do Cabedelo (com 33 peças);
      2. o Forte da Restinga (com dez peças);
      3. o Forte de Santo Antônio (com seis peças);
      4. o Forte Schoonenborch (com sete peças);
      5. o Forte Guaráu (com três peças);
    6. a ilha de Itamaracá.
      1. o Forte Orange (com treze peças)
      2. a vila de Schkoppe (com cinco peças);
  2. No Recife e na cidade Maurícia eram entregues:
    1. o Recife;
    2. a Cidade Maurícia;
    3. o Forte Ernesto;
    4. o Forte Waerdemburch (Forte das Três Pontas);
    5. o Forte de São Jorge;
    6. o Forte do Mar;
    7. o Forte Bruyne (Forte do Brum);
    8. o Forte Madame Bruyne (Forte do Buraco);
    9. o Forte das Salinas;
    10. o Forte Goch;
    11. o Forte Alternar;
    12. o Forte Frederich Heinrich (Forte das Cinco Pontas);
    13. o Reduto de Pedra;
    14. o Reduto da Boa Vista;
    15. o Reduto Esfalfado;
    16. o Forte Príncipe Guilherme (Forte dos Afogados);
    17. o Reduto avançado da Barreta;
    18. o Reduto da Barreta;
    19. a ilha do norte da Barreta.
  3. Além de 294 peças de artilharia (117 de bronze e 177 de ferro, dos diversos calibres), 5 200 espingardas, grande número de espadas, lanças, pistolas e munições.

Conclusões

Em meio ao conflito da Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a Holanda não pode prestar auxílio aos seus enviados no Brasil. Mas passou a exigir a devolução da colônia a Portugal em maio de 1954, ameaçando novas invasões ao Nordeste brasileiro.

Portugal aceita indenizar a Holanda em oito milhões de florins e cede as colônias do Ceilão (atual Sri Lanka) e das ilhas Molucas (parte da atual Indonésia). Sendo formalmente assinado em 6 de agosto de 1661, no Tratado de Paz de Haia.

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