Fundada em 1886, a cidade de Jenin conta com uma população de mais de 50 mil pessoas, incluindo cerca de 10 mil refugiados que se abrigam lá desde o começo da Nakba, fazendo desta a terceira maior cidade da Cisjordânia. Localizada no norte do território palestino, desde 2002, Jenin é alvo de invasões sionistas, que exercem ainda hoje sua ditadura contra o povo árabe na cidade.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1917), a cidade foi cenário de uma das mais importantes operações militares da Batalha de Megido, sendo conquistada pelas tropas australianas, que atuavam como exército colonial do Império Britânico. Travada entre ingleses e otomanos, a conquista de Megido (cidade localizada a 30 km de Jenin) foi fundamental para a vitória dos britânicos e o colapso otomano. Na época e até a década de 1930, a cidade era conhecida como a vila canaanita de Ein-Ganeem ou Tel Jenin.
A queda do Império Otomano fora celebrada pelos povos árabes, imbuídos pela crença de que o episódio marcava o fim da opressão e a conquista de sua independência. Não poderiam estar mais longe da verdade.
Tão logo os otomanos foram expulsos, os ingleses estabeleceram um regime colonial sobre os territórios que aspiravam constituir a Grande Síria, uma imensa nação árabe unindo os povos da região do Levante. Dado a importância geográfica da Palestina, neste local, o imperialismo britânico instituiu o chamado Mandato Britânico, posteriormente reconhecido pela Liga das Nações à revelia do povo palestinos. A oposição à ocupação estrangeira, no entanto, logo levaria a uma revolta revolucionária, onde a cidade de Jenin seria novamente importante.
Em um momento de radicalização e mobilização crescentes contra a ocupação britânica e a invasão sionista, em novembro de 1935, as forças britânicas assassinam o xeque Izz al-Din al-Qassam, um líder nacionalista que lutava contra a opressão colonial dos ingleses. O assassinato ocorrera a 72 quilômetros da cidade, mas termina convulsionando toda a Palestina. Em Jenin, não foi diferente.
Os residentes de Jenin também se engajaram em atos de resistência contra as forças britânicas. Isso incluiu confrontos armados, ataques a postos de controle e sabotagem de infraestrutura controlada pelos britânicos. Em 1938, ocorre um evento muito importante da Revolução: o assassinato do Comissário Adjunto do Distrito.
No dia 25 de agosto, o Comissário Adjunto do Distrito de Jenin foi assassinado em seu escritório, desencadeando uma grande operação britânica na cidade, que resultou em uma severa repressão, toque de recolher e prisões em massa. Os palestinos responderam por meio de confrontos armados e ataques a postos de controle, além da sabotagem de infraestrutura controlada pelos britânicos.
Com a derrota da Revolução, o imperialismo inglês e norte-americano derrotam os árabes e impõem a construção do país artificial de “Israel” em 1948. A organização do Estado sionista desencadeia uma guerra entre a ocupação apoiada pelo imperialismo e os povos árabes, entre eles os iraquianos, que se deslocam para Jenin para apoiar os palestinos contra o roubo das terras do país.
Ainda em 1948, entre o dia 1º de abril e o dia 10, palestinos e iraquianos resistiram à tentativa de “Israel” de se apoderar da cidade, evento conhecido como a “Batalha dos 10 Dias”. Os iraquianos chegariam no segundo dia, mas, apoiados pelas potências imperialistas e o stalinismo, “Israel” conta com forças armadas mais poderosas, capaz de atacar a cidade pelo chão e também pelo ar. Mesmo submetida ao bombardeio aéreo, a resistência árabe, unindo palestinos e iraquianos, desencadeia mais oito dias de batalhas, até a cidade finalmente cair nas mãos dos invasores.
Com o acordo de paz que encerra a guerra entre “Israel” e os demais países árabes, Jenin passa ao controle da Jordânia em 1949, com o campo de refugiados sendo criado quatro anos depois. Após a Guerra dos Seis Dias (5 a 10 de junho de 1967), a cidade é mais uma vez capturada pelos sionistas, permanecendo sobre controle de “Israel” até a assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993.
Durante esse período, grupos como Human Rights Watch, Anistia Internacional, B’Tselem e Palestinian Center for Human Rights relatam abusos cometidos pelos sionistas em Jenin, incluindo cerco e repressão militar, resultando em mortos, feridos e expulsão de civis palestinos. O campo de refugiados de Jenin também foi alvo de ações militares israelenses durante esse período, com relatos de destruição de casas, infraestrutura e propriedades, bem como detenções arbitrárias e alegações de tortura.
Com o fracasso dos Acordos de Oslo, o povo palestino se insurge contra os invasores sionistas, dando origem à Segunda Intifada (palavra árabe que significa “revolta”). Ocorrida entre os dias 28 de setembro de 2000 a 8 de fevereiro de 2005, a insurreição revolucionária dos palestinos colocou o campo de refugiados de Jenin em uma posição de destaque.
O dia 1º de abril viu surgir um novo enfrentamento entre forças guerrilheiras palestinas, porém, desta vez, com outro resultado. Durante esse período, os israelenses lançaram uma grande operação militar contra o campo de refugiados, resultando em intensos combates de rua, com as forças sionistas enfrentando militantes palestinos armados.
Recorrendo à artilharia pesada contra o campo e demolição de casas, “Israel” tentou desalojar os militantes. Porém. após o 10º dia, os sionistas se viram obrigados a abandonar o campo de refugiados. 900 mártires palestinos, no entanto, pagariam com a vida para expulsar os invasores do campo de Jenin. Entre as forças de “Israel”, as baixas foram de 23 soldados mortos e 75 feridos. Os conflitos continuariam se desenvolvendo, porém, após o dia 11 de abril, os palestinos tiveram um vislumbre de que os invasores podiam ser derrotados.