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Eleições europeias

A frente ampla e o avanço da extrema direita na Europa

Romper com a política do imperialismo, cada vez mais, torna-se uma questão de vida ou morte para a esquerda

A expressiva vitória do partido de extrema direita francês Reagrupamento Nacional, ocorrida nas eleições parlamentares europeias (realizadas entre 6 e 9 de junho de 2024), colocou a esquerda alarmada com a perspectiva de uma catástrofe política. Liderada por Marine Le Pen, a agremiação fascista vem capitalizando os desastres colecionados pela falência do regime, que, do ponto de vista social, é sustentado pela esquerda, que longe de derrotar as tendências fascistas presentes, está ela própria afundando junto com o sistema político.

A causa desse resultado é a total descrença despertada pela política dos partidos europeus. É a crise do neoliberalismo, do “democratismo”, da OTAN e do altamente impopular apoio à Ucrânia na guerra, com todos os custos econômicos oriundos das medidas adotadas pelo imperialismo para sufocar a Rússia. Mais recentemente, o apoio dos governos europeus e imperialistas de conjunto ao massacre do povo palestino por “Israel”, do qual são alguns dos mais destacados apoiadores, piorou ainda mais um quadro de desmoralização já profunda dos regimes controlados pelos monopólios.

A política dos partidos ditos “democráticos” do imperialismo, sustentáculos de um sistema completamente desacreditado pelas amplas massas, está completamente liquidada. A rejeição da população a essa política é muito grande e os resultados mais expressivos dessa crise social foram justamente a França e a Alemanha, os dois principais países da União Europeia, da OTAN e, consequentemente, dos monopólios europeus.

Na França, o Reagrupamento Nacional ficou com 31,5% dos votos em primeiro lugar, com o partido de Macron, Renascimento, em segundo, com 14,5%. A coligação do Partido Socialista e do Place Publique, amargou um terceiro lugar, com 14% dos votos.

Na Alemanha, o Alternativa para a Alemanha (AfD), ainda mais direitista que o partido francês Reagrupamento Nacional, passou de 11 cadeiras em 2019 para 17 assentos no Parlamento Europeu, ficando em segundo lugar. O principal partido da “esquerda” alemã, o Partido Social Democrata (SPD), do primeiro-ministro Olaf Scholz, ficou em terceiro lugar, com 14% dos votos, devendo perder duas cadeiras em relação a 2019.

É uma catástrofe para a política imperialista, que não consegue manter a sua autoridade sobre as massas, uma situação decorrente da acentuada decadência econômica europeia, ruim desde 2008, mas agravada de maneira especial por conta das sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia. A um observador atento, era óbvio que a política dos monopólios traria uma turbulência muito grande, porém, a rejeição popular total a essa política parece explodir antes da capacidade da esquerda de acordar de suas ilusões com o regime.

É preciso romper com essa política, a política de frente ampla, que, nas duas principais nações europeias, levou a esquerda para o mesmo lixo em que a população atirou Macron e Scholz, da mesma forma como fazem os norte-americanos com o radioativo Joe Biden e que, inevitavelmente, terá o mesmo desfecho no Brasil, onde a crise do centro político ameaça o PT, que, no governo, é pressionado a assumir a política de austeridade desejada pelos monopólios.

Trata-se de um beco sem saída. Não romper com o imperialismo vai terminar mal para a esquerda europeia, como está acontecendo com a francesa e a alemã.

Preocupados, os franceses vêm articulando união da esquerda do país imperialista para enfrentar Marine Le Pen nas eleições, um erro crasso porque essa união será feita com o Partido Socialista, cuja política imperialista já levou a uma ampla desmoralização da agremiação, mais até do que na Alemanha, onde o SPD conseguiu emplacar um governo. Reproduzir tais táticas no Brasil, como defende uma parte da esquerda nacional que pede a união dos governos “democráticos” contra a extrema direita, não é nada além de uma estrada segura para o fracasso, com as piores consequências que a derrota para a burguesia pode assumir nesse momento de polarização.

A conclusão fundamental a ser tirada desses acontecimentos não é que a política imperialista sofreu uma derrota, mas que ela foi liquidada. Uma situação que acende o alerta para os rumos adotados pela esquerda no Brasil, que insiste em se fiadora de um sistema apodrecido pela própria direita dita “civilizada” e responsável por um impasse econômico cujo resultado, a exemplo do que ocorre no resto do mundo, não foi outro, mas o acentuado empobrecimento da população. É a própria política de contemporizar com a direita tradicional que confunde os trabalhadores e fortalece a extrema direita. Romper com essa política, cada vez mais, torna-se uma questão de vida ou morte para a esquerda.

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