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Editorial

A ficção do ‘pleno emprego’ não ajuda o governo Lula

A propaganda de que tudo está indo perfeitamente bem acaba gerando efeito negativo entre os trabalhadores

Apesar da realidade, o governo Lula prega aos quatro ventos que o país está “entrando nos trilhos”, e o faz apresentando as famosas estatísticas de inflação, do PIB (Produto Interno Bruto), do suposto pleno emprego, dos chamados investimentos etc.

Talvez uma das maiores críticas que possa ser feita ao governo seja o fato de não apresentar o que realmente está acontecendo, pois o dia a dia do trabalhador revela que pouco ou nada mudou da época de Jair Bolsonaro para cá. Na verdade, a tendência é que tudo tenha piorado, pois esse é o rumo natural de um regime capitalista como o do Brasil, especialmente diante da inércia.

A política de apresentar que tudo está bem e dentro dos planos visa, também, manter uma determinada base do Partido dos Trabalhadores que, caso o governo apresente as coisas tais como elas são, tende a se desgarrar do partido e abandonar o barco em busca de outro lugar ao sol. 

Outra razão para isso é a propaganda. É preciso fazer propaganda de que tudo está bem para ver se isso convence outra parte da base do partido, especialmente a parte popular, que efetivamente votou em Lula. Assim, toda política do governo estaria certa, e o que está errado não deve ser criticado em hipótese alguma.

É assim que se deu o silêncio ensurdecedor quando as políticas para Venezuela e para a Palestina foram apresentadas pelo governo Lula. Não se vê críticas públicas com relação a essas graves questões e ao menos as lideranças buscam apresentar uma imagem de estabilidade do governo acima de tudo.

É por conta dessa mesma política que o movimento do PT, da militância, congelou. Não pode haver qualquer manifestação contra alguma política conservadora do governo ou mesmo com relação a questões políticas fundamentais, como é o caso da Palestina. Ou seja, o campo está aberto para qualquer ataque aos direitos do povo.

O chamado pleno emprego é uma das questões fundamentais dessa política de propaganda. No site do PT consta uma matéria de título: “Efeito Lula: desemprego cai a 6,4% no 3º trimestre, o menor da série do IBGE para o período”. Já Lindbergh Farias afirmou recentemente que “é o maior nível de vagas com carteira na história”. “Brasil de oportunidades!”, publicou o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Já Paulo Pimenta disse em sua rede social: “esse é o governo do presidente @LulaOficial, o governo que está levando o Brasil para o pleno emprego”.

Ao ler estas mensagens, para quem está fora do Brasil, surge a ideia de que o país está às mil maravilhas. Mas fica uma questão. Se é assim mesmo, como 54 milhões de brasileiros vivem do Bolsa Família? Onde estaria o pleno emprego diante dessa situação? Considerando que para acessar o Bolsa Família a pessoa precisa ter uma renda máxima de 218 reais ao mês!

Só na cidade de São Paulo, 50% da população vive em “insegurança alimentar”, que é o sinônimo charmoso de “passar fome” ou a sua iminência. Esses são os dados do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional da capital.

Mas não é preciso ser ministro da economia para ver que as coisas não vão tão bem assim. Mesmo os empregados não sabem o dia do amanhã. Em janeiro de 2024, por exemplo, 1,8 milhão de trabalhadores foram demitidos; os preços dos produtos elementares em qualquer mercado simplesmente não abaixam; nem falar da gasolina e demais combustíveis que também não sofreram qualquer redução significativa desde Jair Bolsonaro. As passagens de ônibus e outras despesas dos trabalhadores também não reduzem, e o salário também não aumenta. 

Para os empregados, a coisa não muda muito. Existem vales-refeição na casa dos nove reais por dia. O que um trabalhador pode almoçar com nove reais? No Linkedin, uma plataforma de empregos, viu-se recentemente a candidatura de mil pessoas para uma vaga de assistente em hospital que paga 1600 reais, o que mostra a decomposição total do regime de emprego. Ou estão todos os mil candidatos desempregados, ou muito mal empregados ganhando menos de 1600 reais.

Quer dizer, a realidade social da população é muito dura e ao contrário de apresentar essa realidade, o governo fica cantando vitória e fazendo propaganda sobre a base de dados realmente fictícios. 

Essa propaganda positiva diante de uma realidade negativa gera um efeito contrário no trabalhador, que não vê esses números positivos em sua vida e começa a pegar raiva dessas notícias do governo federal. Não apresentar a realidade tal como ela é também é dar corda para direita, que, como se viu nas eleições de 2024, está mais forte que nunca.

Não adianta tapar os olhos, fazer marketing ou jogar areia nos olhos da população. É preciso apresentar o problema e resolvê-lo, com ajuda do povo. Essa é a única forma de Lula ter, de fato, resultados positivos de verdade nas áreas sociais e, ao mesmo tempo, combater a direita.

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