Separados na maternidade, MES/PSOL e PSTU, que já haviam mergulhado de cabeça na política direitista do identitarismo, se unem agora com o imperialismo para derrubar o governo de Bashar al-Assad, na Síria.
A desculpa é a de sempre: trata-se de um “ditador”. É bom que se diga, porém, que se trata de um “ditador” que não agrada o imperialismo, pois esses partidos não exigem a queda do governo saudita, uma monarquia absolutista; nada falam de Zelensky, que deu um golpe e permanece no poder sem ter sido eleito para um segundo mandato.
O PSTU, é preciso lembrar, apoia a ditadura militar no Egito, que derrubou um governo eleito para se tornar novamente um capacho dos Estados Unidos no norte africano e Oriente Médio.
Neste domingo, Israel Dutra e Carol Ucha estiveram em uma manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, para comemorar essa vitória, ainda que parcial, do imperialismo em um país vizinho de Israel e do Líbano. O que pode ser muito prejudicial para as resistências na Palestina e no Líbano.
Abaixo, transcrevemos a fala de Israel Uchoa:
“Gente, eu e a Carol Ucha, da Comissão Internacional do MES, estamos aqui, na Avenida Paulista, em pleno domingo, 14 horas, oito de dezembro, em frente ao Consulado Sírio numa manifestação da comunidade síria, dos apoiadores da causa palestina, e de muitos refugiados, para celebrar a queda do ditador Bashar al-Assad.
Assad, além de ser um criminoso de guerra, é responsável pela morte de milhares de pessoas, e por dezenas de milhares de refugiados.
Hoje, começam a ter a esperança de voltar para casa, centenas de refugiados sírios.
Hoje, se faz justiça com a grande tragédia que foi o massacre do bairro palestino de Amuk, em Damasco.
Hoje, começa a ter um novo futuro para a Síria. Sabemos que o que vem pela frente é contraditório e lutamos pela autodeterminação dos povos, como o povo curdo, que está em uma situação extremamente difícil na Síria. Mas a luta do povo palestino, e a luta do povo sírio, vão ter uma alavanca de mobilizações para lutar contra todas as opressões. Sem dúvidas, um ditador a menos no mundo.
O papel dos internacionalistas é comemorar. A gente está aqui com outros militantes do Vozes Judaicas; a Soraia do PSTU… e por isso estamos comemorando essa data importante”.
Como se pode ler acima, é uma completa capitulação, ou adequação desses setores da esquerda pequeno-burguesa à política do imperialismo. Quem classifica Assad como “ditador” é o imperialismo e sua imprensa, a mesma que trata os governantes sauditas de príncipes.
Para o MES e o PSTU, é preciso levar a democracia para países como a Síria, a mesma política do imperialismo que, nesse caso, se converte na democracia padrão, o modelo para o mundo.
Dutra, acusa Assad de ser um criminoso de guerra, quando é sabido que os bombardeios criminosos na Síria, inclusive com armas químicas, foram orquestrados pelos Estados Unidos. A atuação dos Capacetes Brancos para forjar um ataque químico contra os civis sírios foi desmascarado e amplamente debatido na imprensa alternativa. Sítios, como o The Grayzone, publicaram matérias extensas com dossiês revelando a culpa do imperialismo no ataque.
E-mail vazado de Hillary Clinton pelo WikiLeaks comprovaram que Barak Obama provocou de forma deliberada a guerra civil na Síria, pois essa seria o que de melhor se poderia fazer para ajudar “Israel”.
A melhor maneira de ajudar Israel a lidar com a crescente capacidade nuclear do Irã é ajudar o povo da Síria a derrubar o regime de Bashar Assad.
Hillary Clinton ameaçou matar Assad e sua família, disse que “com sua vida e sua família em risco, apenas a ameaça ou o uso da força mudarão a mente do ditador sírio Bashar Assad”.
No e-mail vazado, Clinton alega que “uma capacidade de armas nucleares iranianas não só acabaria com esse monopólio nuclear, mas também poderia levar outros adversários, como a Arábia Saudita e o Egito, a se tornarem nucleares também. O resultado seria um equilíbrio nuclear precário em que Israel não poderia responder a provocações com ataques militares convencionais contra a Síria e o Líbano, como pode hoje”. É uma política abertamente sionista, e é esse tipo de política que MES/PSTU apoiam, ainda que continuem mentindo que apoiam a Palestina.
Perto de 500 mil pessoas com a “Guerra Secreta” dos Estados Unidos com a Síria, que contou com centenas de bombardeios israelenses. Desse total de mortos, praticamente metade é de civis. Mas o MES coloca culpa em Assad para acobertar os verdadeiros carniceiros e criminosos de guerra: os EUA.
A falácia da autodeterminação
Dutra diz que sabe que o que vem pela frente é contraditório, mas não, a contradição está acontecendo agora, pois se dizem lutar pela autodeterminação dos curdos, ou de quem quer que seja, ao apoiar e ser conivente com o imperialismo, está, na verdade, favorecendo o colonialismo sionista na região, a pior forma de nazismo, que já se aproveitou para ampliar sua ocupação criminosa nas Colinas do Golã.
O militante do PSOL diz que hoje começa um novo futuro para a Síria? Qual futuro se pode ter sob a bota do imperialismo, que contratada mercenários jihadistas para dar um golpe de Estado?
Afimar que “a luta do povo palestino, e a luta do povo sírio, vão ter uma alavanca de mobilizações para lutar contra todas as opressões” é uma obra de arte de cinismo. O nazista Netaniahu também está comemorando a queda de Assad. Netaniahu, assim como Dutra, também diria com a boca vazando sangue: “Sem dúvidas, um ditador a menos no mundo”.
Esses internacionalistas de araque estão comemorando junto com Netaniahu o avanço do imperialismo sobre a Síria, por isso é preciso denunciar esses agentes do imperialismo infiltrados na esquerda. A classe trabalhadora precisa saber que são seus inimigos.
Quem defende a política do imperialismo está ao lado do pior inimigo dos trabalhadores e de todos os povos oprimidos no mundo e, como tal, devem ser desmascarados e repudiados.