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Eleições municipais

A esquerda leva goleada e acha que está ganhando

Colunista Eduardo Guimarães vê a realidade invertida e aposta no STF para derrotar Bolsonaro

Publicada no último dia 22, no portal Brasil 247, o artigo de título Extrema-direita está levando goleada, artigo assinado por Eduardo Guimarães, parece que está descrevendo outro país, não o Brasil.

“Se a disputa política no Brasil fosse um jogo de futebol, poder-se-ia dizer que a extrema-direita está perdendo pelo doloroso placar de 7 a 1. E em alguns meses será rebaixada para a segunda divisão — ou menos.”

A colocação inicial da coluna é tão extravagante que a primeira impressão é a de que Guimarães está ironizando. Mas não, com o correr da leitura, vamos descobrir que ele realmente acredita nisso.

“De fato – diz ele -, o PL, partido de Jair Bolsonaro, aumentou em 179 o número de prefeituras — 523 no primeiro turno de 2024 contra 344 no total de 2020. Mas isso significa o quê?”

Guimarães reconhece que o partido de Bolsonaro cresceu eleitoralmente, mas ele acha que isso não tem importância. Basicamente dois motivos fazem Guimarães achar que não significa nada a derrota eleitoral da esquerda e do PT.

O primeiro deles é que a esquerda teria perdido também as eleições de 2020, no entanto, Lula ainda saiu vitorioso na eleição presidencial de 2022.

Sobre esse primeiro argumento devemos dizer algumas coisas. A primeira é lógica: a situação do país não depende somente do resultado eleitoral. Nesse sentido, se Lula ganhou a eleição em 2022, há outros fatores que influenciaram na eleição. Apenas para citar uma: Lula estava na oposição e vinha de uma luta contra o golpe e contra a sua própria prisão. Agora, Lula é situação e o governo é refém da direita que se aliou a ele. Bolsonaro, mesmo na oposição, levou a melhor nas eleições municipais, o PL fez 523 prefeituras até agora, contra 344 em 2020. O PT aumentou de 183 para 248, número bruto bem menor e um crescimento muito menor.

Principalmente porque o assunto é a análise do resultado eleitoral, isso significa muito, sim. Diferentemente do que acredita Guimarães.

“Em 2026, a máquina estará na mão de um certo pernambucano de Garanhuns que já avisou que presidente que não se reelege mesmo tendo a máquina na mão é ‘incompetente'”, afirma Guimarães. Acontece que a máquina também está na mão do PT no governo federal e isso não se converteu em um bom resultado eleitoral. Melhor dizendo, isso se converteu num péssimo resultado eleitoral.

A analogia derrota na eleição municipal 2020 para vitória na eleição presidencial 2024 não serve para derrota na eleição municipal 2024 vitória em 2026. As duas conjunturas são completamente diferentes.

O segundo motivo para que Guimarães faça pouco caso do resultado eleitoral é que, segundo, ele, “Bolsonaro está com os dias contados”:

“Como se não bastasse, o bolsonarismo está com os dias contados. Por quê? Ora, porque Bolsonaro está a um passo de ir ver o sol de Brasília nascer quadrado pela janela de uma cela do mesmo QG do Exército que serviu de palco para sua tentativa de golpe.”

Guimarães acredita que Bolsonaro vai ser preso. Bom, eis uma coisa difícil de crer, mas, como não sabemos o futuro, digamos que isso aconteça. É espantoso que alguém acredite que a prisão de um político com uma base de apoiadores como tem Bolsonaro é o suficiente para acabar com esse político.

Embora Bolsonaro e Lula não sejam a mesma coisa, nesse caso valeria uma analogia. A burguesia que prendeu Lula dizia que ele estaria com os dias contados, que ele estava morto eleitoralmente. Lula saiu da prisão mais popular do que entrou e ganhou a eleição. Guimarães deveria pensar um pouco por que o mesmo fenômeno não poderia acontecer com Bolsonaro.

Além do mais, analisar os movimentos políticos da sociedade apenas por uma manobra jurídica e policial é uma maneira infantil e ingênua de compreender a política. O bolsonarismo – e o resultado das eleições municipais mostra isso – é um movimento político com bases em determinados setores sociais. Esse movimento não pode ser contido simplesmente por manobras jurídicas, ele precisa ser combatido politicamente.

Voltando às eleições, o bolsonarismo não é apenas o PL. A maioria dos candidatos da direita tentam de alguma forma parecer com o bolsonarismo. Para provar isso nem precisa ir muito longe, Ricardo Nunes, que deve ser o eleito em São Paulo, é apoiado por Bolsonaro.

Guimarães acredita que Bolsonaro será preso e que isso será sua morte política. Ele embasa sua crença em coisa como: “a Primeira Turma do Supremo (…) negou pedido para se comunicar com outros investigados no inquérito do golpe, indeferiu devolução do passaporte dele e negou acesso de sua defesa ao conteúdo da delação de Mauro Cid”, ou “PGR (…) disse na resposta a enésimo pedido de revogação de restrições do ex-presidente que tem provas de que ele está envolvido no 8 de janeiro. Enquanto isso, Moraes já marcou o fim da linha para ele: 27 de novembro”.

São apenas conversas e ameaças. Mas como dissemos, se o STF prender Bolsonaro, diferente do que acredita Guimarães isso não será sua morte, mas poderá ser um impulso em sua popularidade. Outra “coincidência”: o mesmo STF que prendeu Lula, prenderia Bolsonaro.

Como dissemos, o bolsonarismo não será derrotado com manobras eleitorais, adaptação à direita e torcida para que o STF fascista condene Bolsonaro. É essa política desastrosa, inclusive, que levou a direita a sair vitoriosa na eleição. Na verdade, a extrema direita ganhou de goleada contra a esquerda.

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