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República Islâmica do Irã

A esquerda deveria aprender com Islã xiita, não criticá-lo

A esquerda pequeno-burguesa repete como papagaio a propaganda imperialista e ataca a “ditadura teocrática dos aiatolás”

A campanha do imperialismo contra o Irã faz com que diversos setores da esquerda pequeno-burguesa se colocassem contra o governo nacionalista do país. Os mais dispostos tentam argumentar que, na realidade, o Irã não trava uma luta contra o imperialismo. Outros simplesmente usam argumentos identitários. E, no meio, há os que tentam usar os dois. É o caso do Lavra Palavra, que publicou o texto O Partido Tudeh do Irã, ameaça de guerra, regime teocrático, e ‘antiimperialismo’. Para os brasileiros, pode-se resumir afirmando que o Partido Tudeh é o PSTU do Irã, golpista de esquerda.

Ele começa descrevendo a situação do mundo, então chega ao Irã: “e principalmente dentro dessas forças do ‘Islamismo Político’ falsamente considerado antiimperialista pela esquerda e círculos progressistas, existe o regime da República Islâmica do Irã (IRI – Islamic Republic regime in Iran). Chegar nessa conclusão profundamente imperfeita envolve ignorar por conveniência ou deixar de lado a natureza material déspota do regime e seu terrível histórico, enquanto fundamentalmente mal interpreta ou mal representa sua desestabilizante, malevolente e sectária postura regional e internacionalmente”.

Ou seja, o argumento é que o regime iraniano não luta contra o imperialismo, não é nacionalista, e, na verdade, é uma ditadura teocrática. Ele deveria explicar então porque há constantes choques entre o Irã e o imperialismo e seu principal lacaio na região, o Estado de “Israel”. A realidade mostra que o Irã luta contra o imperialismo, mas o Lavra Palavra quer fazer uma análise ideológica, como se o Islã não pudesse expressar um movimento de luta.

Ele segue: “é importante notar que a política externa do IRI na região do Oriente Médio, e consequentemente sua atividade militar extraterritorial através de milícias são previstas no sectarismo dos xiitas e no encorajamento do Aiatolá Khomeini em ‘exportar a Revolução Islâmica’. Além de se opor contrária aos interesses nacionais do Irã e colocar a população em risco intencionalmente, essa manobra política se provou bastante dividida e impopular pela região e sempre se manifestou em detrimento das forças seculares, principalmente de esquerda e progressivas”.

A tese dele é que exportar a revolução coloca o povo em risco, um absurdo. Quanto mais países em luta contra o imperialismo na região, mais o Irã estará seguro contra a intervenção. Na época que os EUA estavam atacando com toda força o Iraque e o Afeganistão, o Irã estava muito mais acuado, pois o imperialismo estava a leste e a oeste.

Já a relação com a esquerda não define nada. Se a esquerda for como o PSTU, que defende o imperialismo, a posição necessária é ficar contra a esquerda. Mas é mentira que não haja relação. O Irã está aliado com grupos marxistas palestinos que estão lutando na guerra na Faixa de Gaza.

O artigo parte para a falsificação da história: “em cada conjuntura crítica na história da região pelos últimos 40 anos, o IRI esteve ativamente colaborando com o imperialismo dos EUA – incluindo Afeganistão e Iraque. A postura vazia do regime teocrático e suas lágrimas de crocodilos derramadas pelo sofrimento dos Palestinos é exposta ao levar em consideração como a República Islâmica do Irã trabalhou constantemente para destruir as forças Palestinas seculares, de esquerda e progressivas que lutam contra a ocupação de Israel”.

Aqui o artigo beira o surrealismo. Como dito acima, o Irã está alinhando com as organizações de luta palestinas de linha marxista. Além disso, o Irã foi o responsável por organizar as Forças de Mobilização Popular no Iraque, popularmente conhecidas como resistência iraquiana. Elas lutam tanto contra o Estado Islâmico, quanto contra a ocupação dos EUA. No caso do Talibã, o Irã não ajudou muito, mas também não atrapalhou. Agora o governo do Talibã é aliado do Irã. Todos os inimigos do imperialismo são aliados do Irã.

O próximo passo é tentar usar o marxismo para justificar a ausência da defesa de um país atacado pelo imperialismo. “Com raízes nas obras de Marx e Lênin sobre análises de classes e imperialismo, o regime da República Islâmica do Irã não chega nem perto de ser classificado como antiimperialista – a não ser que um fique feliz em omitir esse eterno decrescimento da base da classe social dentro do Irã, a economia exploratória neoliberal que apresenta, e seu total desrespeito pelos direitos humanos e liberdade, junto com um histórico contínuo de abusos horríveis dos direitos humanos e brutal opressão (direcionada particularmente às várias forças que compõem a esquerda Iraniana)”.

Aqui nada é explicado. Mas a realidade funciona assim: se o país não é imperialista, é oprimido pelo imperialismo e, portanto, há classes sociais que lutam contra ele. Pode ser a burguesia, foi o caso do governo Vargas no Brasil; pode ser os camponeses, foi o caso do Talibã; e pode ser a classe operária, foi o caso de Cuba. No Irã, houve uma revolução operária que não foi levada às últimas consequências. Isso gerou uma burguesia que luta contra o imperialismo, mas não anulou a classe operária, que também está nessa luta. Agora, afirmar que a economia é neoliberal é uma falsificação total, 80% da economia iraniana é gerida pelo Estado.

Ele conclui: “defender o regime teocrático do Irã como uma força antiimperialista é, no melhor, ingênuo, e no pior, deliberadamente relega a repressão brutal, a pobreza devastadora, e a miséria socioeconômica sofrida pela maioria absoluta das pessoas do Irã como insignificante ou indigna de consideração. É também uma afronta às forças esquerdistas e progressistas que continuam a lutar bravamente pela transição do seu país de uma situação de ditadura, para uma em que seja possível a transformação nacional à democracia”.

Aqui, o artigo revela qual a sua política, a luta da democracia contra a ditadura. Ou seja, é a política do Partido Democrata dos EUA. Por isso ele não consegue compreender que o Irã luta contra o imperialismo. Todos os governos que lutam contra o imperialismo são taxados de ditaduras. Venezuela, Cuba, Coreia, Nicarágua, China e Rússia. Ser ditadura ou não, seja lá o que isso significa, é irrelevante. O que importa é: qual é a posição dos EUA? Nesse caso, ela é clara: derrubar o governo do Irã. Essa é a mesma posição do autor deste texto.

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