No dia 1º de julho, um dia após a realização do primeiro ato nacional em defesa da Palestina no Brasil, a emissora iraniana HispanTV entrevistou o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta. Embora o ato tenha sido convocado por mais de 100 entidades, o PCO foi o partido que tomou a iniciativa de propor a manifestações às demais organizações, destacando-se, assim, durante toda a mobilização para o dia 30 de junho.
Reproduzimos, abaixo, a primeira parte da entrevista de Rui Pimenta à HispanTV:
HispanTV: Neste domingo, 30 de junho, pela manhã, a Avenida Paulista, localizada no centro de São Paulo, foi o cenário do ato nacional em defesa da Palestina, que reuniu centenas de pessoas em apoio à resistência palestina contra a ocupação sionista e o genocídio perpetrado em Gaza desde o último 7 de outubro. O evento foi organizado pelo Partido da Causa Operária, conhecido como PCO, juntamente com comitês de luta e mais de 100 organizações populares, e contou com manifestantes de todo o país. No evento, esteve presente o presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, que nos acompanha neste momento e a quem queremos agradecer por ter aceitado o convite da HispanTV. Senhor Pimenta, obrigado por estar conosco, é um prazer contar com sua presença.
Para esta entrevista, queremos conhecer os detalhes do ocorrido em São Paulo no último domingo e, sobretudo, o trabalho que o Brasil vem realizando em prol da causa palestina, e ninguém melhor que o senhor para nos descrever todas essas situações e preocupações que todos nós, que desejamos que a Palestina seja logo libertada e que se faça justiça em função dessa causa palestina, temos. Senhor Rui Costa Pimenta, bem-vindo. É fundamental começar referindo-se à importância do Brasil, graças a mobilizações e iniciativas como as vossas, à luta baseada na resistência por parte do povo palestino.
Durante 76 anos, essa luta se intensificou indubitavelmente desde o último 7 de outubro a níveis de brutal genocídio. Gostaria de perguntar o seguinte: quais expectativas de uma atividade como essa que busca fazer com que uma voz a mais da América Latina se una à exigência de um fim do genocídio israelense e justiça para o povo palestino? Senhor Rui Costa Pimenta, bem-vindo, conte-nos.
Rui Costa Pimenta: Muito obrigado, é um prazer falar com vocês.
Todos nós acreditamos que a luta pela Palestina no Brasil tem sido até agora muito fraca. O povo brasileiro em sua maioria condena a ação do sionismo. O maior partido do País, o PT, o Partido dos Trabalhadores, é a favor da Palestina, mas não houve muitas grandes mobilizações em defesa da Palestina.
Por isso, organizações populares decidiram realizar um ato em São Paulo, a principal metrópole do Brasil, com um maior número de participantes. Acho que reunimos aqui cerca de 3.000 e poucas pessoas. Foi muito importante nesse sentido. Foi o ponto de partida, uma ampliação da luta pela Palestina no Brasil.
HTV: Agora veja o seguinte, senhor Rui Costa Pimenta, gostaria de me concentrar um pouco mais agora neste ato, as características deste ato, que realmente contou com um público marcante. Suponho que isso seja, diga-me se estou errado, resultado de uma campanha que vocês certamente desejam desenvolver em outras regiões do país. Gostaria que nos comentasse que experiências pode relatar desse ato em São Paulo, uma das cidades mais importantes do Brasil, e, sobretudo, que apoio esta iniciativa recebeu do governo, como você descreveu, do presidente Lula, um dos mais fervorosos defensores da causa palestina. Conte-nos.
RCP: Certamente, o ato faz parte de um conjunto de ações em prol da Palestina.
No ato, participaram pessoas de diferentes estados do Brasil. Foi um ato nacional, não apenas regional. Participaram integrantes de vários partidos políticos, inclusive do PT de Lula, que falaram no ato. Uma das principais bandeiras foi que o Brasil rompesse relações com “Israel”. Isso é realmente muito importante e é o que se está tentando promover em países progressistas no mundo que estão a favor da causa palestina. A necessidade de que os governos desses países tomem decisões mais tangíveis, que possam realmente ser valorizadas. E uma das mais importantes é a que você realmente propõe, que é cortar relações de maneira integral com o regime israelense. Agora, é tremendamente preocupante, mais ainda, indignante, e aqui gostaria de ir um pouco mais a fundo de tudo o que é esse genocídio, que o regime israelense continue agindo com total impunidade, executando este genocídio contra a população civil palestina, majoritariamente mulheres e crianças.
Os números desde o dia 7 de outubro são assustadores. 39 mil palestinos assassinados e mais de 87 mil feridos. Isso é uma matança sem final à vista, apesar dos persistentes clamores de inúmeros povos do mundo e de governos de países progressistas. Mas enquanto “Israel” continuar sob a proteção dos Estados Unidos e de seus aliados europeus, vemos que não se deterá em sua ambição criminosa. Assim, lhe pergunto o seguinte: como combater essa indiferença de organismos que deveriam ser vinculantes, como a Organização das Nações Unidas e outros entes que só se limitam a falar, mas não sancionam o regime genocida? Conte-nos. Eu acredito que a Organização das Nações Unidas é uma entidade impotente.
Acredito que os países deveriam adotar sanções por conta própria. Acredito que no Brasil todas as relações diplomáticas e comerciais, o Brasil compra materiais de guerra de “Israel”, todas as relações deveriam ser cortadas. Organizações regionais, como as da América do Sul, deveriam adotar sanções contra o regime israelense por conta própria.