Em vídeo divulgado no dia 11 de outubro de 2023 em seu canal oficial no YouTube, o pastor bolsonarista Silas Malafaia apresenta alguns dos argumentos mais usados pelo fascismo para apoiar o genocídio do povo palestino. O homem que se diz cristão questiona “como ter paz com um povo que prega a extinção do Estado de ‘Israel’ e do povo judeu? Que ensinam as crianças a odiarem os judeus?”
Trata-se de uma calúnia. Fosse o interesse dos palestinos extinguir não apenas o Estado de “Israel”, mas também o povo judeu, os revolucionários palestinos já teriam feito um número considerável de vítimas, sem que a ditadura sionista nada conseguisse fazer a respeito. O desenvolvimento do conflito deixou claro que as forças de ocupação deixam um elevado número de mortos entre civis desarmados e atacando do ar, protegidos pela certeza de que os inimigos não dispõem de defesa antiaérea. No solo, a história é completamente diferente, como comprova a sequência de fracassos militares colecionadas por “Israel”.
Após quase um século de uma invasão bárbara e desencadeadora do mais horripilante martírio enfrentado por uma nação na história moderna, o partido Movimento Resistência Islâmica (“Hamas”, na sigla em árabe), não precisaria de nenhum trabalho para ensinar as crianças a odiarem “os judeus”.
As mentiras e calúnias sobre o Hamas pululam, mas não são capazes de desmentir a brutal diferença entre os reféns israelenses em poder do movimento revolucionário palestino e o oposto, os milhares de palestinos raptados por “Israel”. Deste último lado, as denúncias de torturas e toda sorte aberrante de maus-tratos são de conhecimento público, reconhecidos inclusive pela imprensa israelense.
“O Hamas”, continua Malafaia, “é um grupo terrorista, eles estão sendo condenados no mundo inteiro”, deixando claro o quão pequeno é o planeta do “pastor”. Para o serviçal do imperialismo, é até normal que o “mundo” possa ser resumido aos Estados Unidos e à Europa, mas é preciso dizer que mais de 193 países são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esta, por outro lado, não reconhece o Hamas como um grupo terrorista, assim como a esmagadora maioria dos países do “mundo inteiro”.
Ainda que fosse a verdade que o “mundo inteiro” condene o Hamas, isto simplesmente refletiria o peso político dos países que Malafaia chama de “mundo”, as potências imperialistas, e a ditadura que o reduzido conjunto de nações desenvolvidas impõem ao resto do planeta. Adotando-se a prática como critério para definir o que é real e o que não é, a apreciação de uma quantidade determinada de países é menos importante do que as ações do Hamas, que no dia 7 de outubro, atacou bases sionistas e sequestrou militares de “Israel” para trocá-los por presos palestinos.
Se a posse de presos de um dos lados é critério para caracterizar uma organização como “terrorista”, do que podemos chamar o Estado de “Israel”, que mantém mais de 7 mil palestinos presos (“Conflito Israel-Hamas: quem são os prisioneiros palestinos que devem ser libertados após acordo”, Alaa Daraghme, BBC, 23/11/2023) nas condições mais infernais que se possa imaginar?
Se é o fato que inocentes, do que podemos chamar “Israel”, que, deliberadamente, matou até o último dia 9 mais de 14 mil crianças na Faixa de Gaza?
“São terroristas sim, degolam bebês, matam crianças, estupram mulheres”, continua Malafaia, reproduzindo a mentira criada pela propaganda sionista, mas já desmascarada. Se a morte de bebês, crianças e o estupro de mulheres fosse uma preocupação honesta do pastor, seu repúdio a “Israel” seria imensuravelmente maior, dado a enormidade dos crimes da ditadura sionista contra as crianças palestinas.
Acontece que não há honestidade nas colocações de Malafaia. Existe apenas e tão somente o interesse de apoiar a campanha do imperialismo, a quem serve, custe o que custar, a despeito até mesmo de uma argumentação mais solidamente elaborada. O objetivo não é outro, mas impedir que o exemplo revolucionário do Hamas seja seguido no resto do mundo.