O Estado sionista de “Israel” enfrenta a maior crise de sua história. Pressionado por todas as frentes, nem mesmo a imprensa do país consegue esconder o esfarelamento político e social que o posto avançado do imperialismo sofre.
Desde a operação palestina do 07 de outubro, a sociedade israelense, em especial as forças armadas, vem lidando com uma crise de saúde mental sem precedentes. O Haaretz, tradicional jornal israelense, entrevistou o chefe do departamento de saúde mental das forças militares do país, o coronel Lucian Tatsa-Laur. Durante a entrevista, Tatsa-laur minimizou a crise e disse, “se os soldados forem fortes o suficiente para lutar, não terão problemas ao voltar para casa”.
No entanto, a realidade da sociedade israelense não é a mesma descrita pelo coronel, especialmente para os mais jovens, que em breve serão enviados para matar e morrer em nome do sionismo. Os dados apresentados no Comitê de Saúde do Parlamento mostram que, apesar do aumento dos problemas de saúde mental entre crianças e adolescentes desde 7 de outubro, um jovem que precisa de um profissional de saúde mental pode esperar oito meses ou mais para ser tratado. Em matéria do I24 News, outro centro de notícias israelense, foi revelado que grande parte dos profissionais da saúde estão deixando ou pretendem deixar o país.
Crise no Norte de “Israel”
Apesar do silêncio na imprensa imperialista, as forças do Hesbolá impuseram a evacuação de grande parte do Norte israelense. Fala–se em mais de cem mil pessoas que tiverem de deixar suas cidades e vilas devido às suas operações militares. O Jerusalem Post, outro jornal israelense, vem acompanhando como o conflito na região criou verdadeiras cidades fantasmas. “O norte de Israel, perto de Quiriate Chimona, parecia deserto. Havia carros na estrada, mas a maioria era de pessoas indo para o trabalho essencial – agricultura ou soldados e policiais de passagem. Dentro de Quiriate Chimona, a cidade estava abandonada, como vem acontecendo há sete meses”, publicou o jornal.
No entanto, apesar da evacuação de civis, os conflitos continuam ocorrendo entre o exército de ocupação israelense e as forças do Hesbolá, como noticia o jornal Israel National News, confirmando 3 pessoas feridas por ataques de drones na Galiléia, norte de “Israel”. O mais intrigante é que, apesar do sistema de defesa Domo de Ferro, responsável por conter os ataques de mísseis vindos de Gaza e do Sul do Líbano, a matéria confirmou que nem mesmo as sirenes de aviso foram acionadas. “Três pessoas ficaram levemente feridas quando dois drones lançados do Líbano explodiram na área de Beit Hillel, na Galiléia, na tarde de hoje (28 de maio). Nenhum aviso ou sirene foi ativado pela invasão do espaço aéreo israelense”. Em outra matéria, o Haaretz também trata do norte israelense: “bombardeada e abandonada, a Galileia é outra área na guerra de múltiplas frentes de Israel”.
A primeira baixa sofrida pelos israelenses desde 07 de outubro, foi o fim do mito de invencibilidade que as forças sionistas carregavam. Hoje, é comum a própria mídia israelense divulgar quão vulneráveis são as defesas do país. Como aponta a matéria do Times of Israel, “as FDI [forças de ocupação israelenses] afirmam que tentaram, mas não conseguiram, interceptar um drone lançado do Líbano na área de Naharia no início desta noite (02 de junho)”.
Crise política
Os efeitos das imensas pressões sobre o Estado sionista, criaram uma “panela de pressão” na política israelense. Até mesmo o comedido jornal Times of Israel, em seu editorial mais recente, aponta a crise no gabinete de Netaniahu. “O desgaste é cada vez maior, com os ministros de extrema direita da coalizão e a maioria dos membros do Licude de Netaniahu em profundo desacordo com os líderes [do gabinete] de defesa em relação a questões centrais como a condução da guerra, os termos de um possível acordo com reféns, a convocação de membros da comunidade ultraortodoxa, o futuro governo de Gaza, a interação com o governo Biden e muito mais”, aponta o jornal.
O editorial, mais que a mera posição do jornal, revela o sentimento de uma parcela crescente da burguesia israelense. O editorial continua:
Nos altos escalões de parte do complexo de defesa, argumenta-se de forma inflexível que Israel deve estar preparado para consentir com a exigência do Hamas de ‘acabar com a guerra’ se isso garantir a libertação dos reféns e que, infelizmente, pode-se confiar que o Hamas fornecerá motivos suficientes para uma nova grande campanha no futuro; Netaniahu e seus colegas de coalizão discordam.
O fracasso na tomada de Gaza, conflito que se arrasta por mais de 6 meses, revelou a fragilidade das forças armadas israelenses. A necessidade de novos recrutas, assim como as contradições internas da sociedade sionista, mostram o “raio-X” da crise. Aponta o editorial do Times of Israel:
A FDI está desesperada por mais soldados – precisa urgentemente das dezenas de milhares de possíveis recrutas haredi – mas não pode absorvê-los todos de uma vez, não quer arrastar jovens ultraortodoxos para o serviço militar e prefere um processo gradual, negociado e de vários anos. Por outro lado, a coalizão central, que depende de seus dois partidos ultraortodoxos, busca insistentemente manter a desigualdade atual e encontra artifícios para tentar impedir a intervenção da Suprema Corte.
Outra fonte de pressão é a questão dos prisioneiros israelenses detidos pelo Hamas. Este ponto-chave na política israelense vem sendo tema de divergência entre as diferentes alas da sociedade. Em uma matéria do jornal Haaretz, “o pai norte-americano de um refém israelense implorou a um público de judeus norte-americanos, em sua maioria conservadores, na segunda-feira (02 de junho), que superasse suas ‘fantasias’ e reconhecesse que nunca haverá uma ‘vitória total’ sobre o Hamas”, ecoando a opinião de muitos israelenses que temem o rumo que a guerra está seguindo.