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Meio ambiente

A defesa envergonhada do ‘colonialismo verde’ feita pela UP

Partido que se diz marxista se revela como um verdadeiro fantoche dos organismos internacionais imperialistas

O escatológico artigo O que é e o que causa o aquecimento global, publicado pelo jornal A Verdade, da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), é uma defesa apaixonada da política do imperialismo no que diz respeito à exploração de recursos naturais por parte dos governos nacionalistas de países atrasados. Ainda que não o diga abertamente qual interesse defende, o texto é uma grande enrolação que visa chegar a uma única conclusão: é preciso corroborar com todas as teses apocalípticas do imperialismo sobre um suposto “fim do mundo” devido às “mudanças climáticas”.

O pretexto para o debate sobre o meio ambiente são as recentes enchentes no Rio Grande do Sul. O jornal cita as “chuvas fortíssimas, levando a enchentes e inundações em 447 municípios, afetaram 1,5 milhão de pessoas” e conclui que “o aquecimento global e suas consequentes alterações climáticas são a causa primária do problema”.

É uma picaretagem. A causa primária do problema, e isso nem a própria burguesia consegue esconder direito, se chama Eduardo Leite, o “governador” do Rio Grande do Sul. O homem que foi responsável por destruir os já sucateados serviços públicos, ao ponto de destinar apenas R$50 mil para o orçamento da defesa civil. O homem que destruiu tanto o aparato do Estado que, depois das enchentes, sequer tinha pessoal para realizar os resgates de corpos!

Eduardo Leite é o típico político neoliberal, o típico representante dos bancos. Não é à toa que, mesmo após a catástrofe, foi em rede nacional dizer que, mesmo sabendo dos riscos, tomou a decisão de cortar os investimentos nas áreas sociais. Por quê? Ora, porque, para ele, o Estado serve não para amparar a população pobre, mas para enriquecer os banqueiros e especuladores!

Ao dizer que a “causa primária” tem o nome de “aquecimento global”, a UP está, inevitavelmente, “passando pano” para o maior responsável pela catástrofe. Está, assim, salvando não apenas um “governador” desprezível, mas salvando todos os banqueiros, que se sentem livres para continuar a sua política genocida.

Após sua operação de resgate de Leite, a UP se dedica a explicar o que seria “o efeito estufa”. Para poupar o leitor de toda a conversa mole, resumiremos o que diz a UP: “segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)”, seria reduzir a produção de “gases de efeito estufa”. E como se reduz? A UP não explica, limitando-se a falar que “cabe a nós, classe trabalhadora, debater a questão ambiental, incluindo-a seriamente na nossa luta”.

O que a UP não explica, no entanto, é que há um programa para a redução de tais gases. Um programa que é debatido em instituições como o IPCC, que não passa de um painel da Organização das Nações Unidas (ONU). E que programa é esse? A diminuição da produção de combustíveis fósseis (petróleo).

A UP precisaria, portanto, explicar. O partido é a favor da diminuição da produção de petróleo? Se não for, então teria de dizer que o IPP é uma farsa – e, portanto, não deveria utilizá-lo como referência para nada. Se não for uma farsa, por outro lado, a UP deveria dizer com todas as letras em seu artigo: é preciso reduzir a produção de petróleo no mundo!

Seria ainda mais honesto se a UP também explicasse porque o IPCC, controlado por governos que se importam tanto com a humanidade como os Estados Unidos, que sustenta o genocídio na Faixa de Gaza, defende o fim do petróleo. Não tem nada a ver com o aquecimento global, mas sim com o que vem sendo chamado de “colonialismo verde”. Isto é, a política de se valer da demagogia ambiental para aprofundar a sua política de pilhagem dos países atrasados.

Essa política é fundamental para o imperialismo na atual etapa. O petróleo é a riqueza natural mais importante do mundo, e sua produção está cada vez mais nas mãos de países hostis à dominação imperialista. É o caso do Irã, é o caso da Venezuela, é o caso da Rússia. É daí que vem a campanha contra os combustíveis fósseis: da necessidade militar, estratégica do imperialismo de aumentar a sua ingerência sobre a produção dos países atrasados para impedir que eles consigam se libertar da ditadura imperialista.

A UP, ao defender as teses apocalípticas de que o mundo estaria à beira do colapso por causa das “mudanças climáticas” está, no final das contas, apenas reproduzindo a propaganda imperialista contra o direito dos países atrasados de controlarem as suas próprias riquezas. Revela-se, portanto, como uma mera corrente de transmissão da política de dominação do imperialismo.

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