O Departamento de Defesa dos Estados Unidos lançou na última sexta-feira, 12, o que está sendo chamado de Enid (Estratégia Nacional de Indústria de Defesa), um plano de desenvolvimento e investimentos da indústria bélica nacional.
O Enid, que foi projetado pelo pentágono, visa o estabelecimento de uma estratégia de desenvolvimento e investimento da indústria bélica nacional que estipula um curso de ação para os próximos cinco anos para o Estado norte-americano com a função de estabelecer uma indústria bélica moderna e “resiliente”, sendo o objetivo declarado por altos funcionários do Pentágono o de “dissuadir adversários dos Estados Unidos e atender demandas de produção impostas por desafios urgentes”.
O documento traz algo que chama a atenção dos leitores, que é a maneira contundente na qual admite deficiências na indústria militar doméstica dos Estados Unidos, que já havia demonstrado falhas mais cedo no ano passado ao causar problemas de abastecimento de armas para a Ucrânia.
O documento formulado pelo pentágono diz, expressamente, que: “fornece um caminho que se baseia nos progressos recentes enquanto remedia lacunas remanescentes e possíveis deficiências” e diz ainda que a incapacidade para desenvolver a indústria aos moldes do plano quinquenal proposto pelo Departamento de Defesa pode acarretar sérios problemas para a capacidade militar dos Estados Unidos nos anos a seguir.
Uma pesquisadora do think tank American Entreprise Institute, Elaine McCusker, diz que “a estratégia descreve o problema, não a solução.”, conforme declarado ao portal Defense News.
Já o especialista David T. Pyne afirmou que a “Enid chegou tarde”. Pyne, que é um acadêmico da Força-Tarefa de EMP (armas que utilizam pulsos magnéticos) e um ex-oficial do Departamento de Defesa dos EUA, diz que “a Estratégia Nacional de Indústria de Defesa da administração Biden está muito atrasada”. Ele ainda declarou, ao Sputnik International, que, em recentes exercícios militares, os Estados Unidos ficariam sem munição de longo alcance em um conflito de alta intensidade em menos de uma semana. O cenário se agrava e se comprova com a tentativa dos Estados Unidos de abastecer a Ucrânia com projéteis de artilharia de 155mm, tentativa que Pyne descreveu como “desesperada”.
“Mesmo assim, nas taxas atuais, levará vários anos para os EUA restabelecerem seus estoques de armas esgotados para projéteis de artilharia de 155 mm, sistemas de defesa aérea portáteis Stinger e vários outros sistemas de armas fornecidos à Ucrânia na guerra por procuração do [Presidente dos EUA, Joe] Biden contra a Rússia.” declarou Pyne ao portal Sputnik International.
O ex-oficial Pyne disse que, no cenário atual, a melhor saída para os Estados Unidos é se concentrar em uma defesa estratégica e doméstica, ao invés de manter a velha tática de projeção de poder militar convencional, em que tenta se impor contra seus adversários ao redor do mundo.
Por fim, Pyne adverte que essa revisão do potencial militar norte-americano não pode ser realizada sem a retirada das tropas norte-americanas do Leste Europeu e do Oriente Médio.
A falência da indústria militar dos Estados Unidos pode ser vista em casos da política internacional recente, com a expulsão dos Estados Unidos do Afeganistão e seu acúmulo de derrotas na Ucrânia, através da guerra por procuração contra a Rússia. O fenômeno acaba por desencadear um verdadeiro “efeito dominó”, onde cada vez os Estados Unidos e o imperialismo demonstram mais fraqueza, e mais países se sentem encorajados a enfrentá-lo.
Para que a Enid seja implementada, mais do orçamento norte-americano teria que ser comprometido no investimento bélico, manobra que desagrada o povo estadunidense profundamente, tendo em vista que o orçamento total destinado à atividade militar e à manutenção da produção e compra de artigos bélicos nos Estados Unidos hoje está em cerca de $1.5 trilhões de dólares. O investimento se mostra cada vez mais insustentável, com mobilizações crescentes nos Estados Unidos para a retomada do pleno abastecimento interno ao invés da manutenção do aparato de guerra imperialista.
