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HISTÓRIA DA PALESTINA

A colonização britânica e a Revolução Palestina de 1936 – Parte 3

A repressão à Revolução de 1936 foi crucial para a formação de “Israel”, todos os métodos atuais de opressão dos palestinos podem ser traçados ao domínio britânico

A Revolução Palestina de 1936 foi um dos eventos mais importantes da história do país. O próprio Hamas considera que é um herdeiro desse movimento. Nas partes um e dois deste artigo, foi discutido como a colonização inglesa levou em 20 anos a Palestina a um processo revolucionário e como se deu o início desse processo. Agora, o tópico é a repressão. A discussão foi feita pelo jornal ingles Labour Monthly no artigo Os Eventos na Palestina, publicado ainda em 1936, o primeiro ano da revolução.

Ele começa abordando a repressão: “há a mentira, possivelmente a maior de todas, de que o governo lidou gentilmente com os protestos. Nos estágios iniciais, o governo permaneceu, comparativamente falando, na defensiva. Quando ocorreram manifestações e elas se recusaram a se dispersar, foram dispersas com cargas de cassetetes e, em alguns casos (nas cidades de Jerusalém, Haifa, Acre, Nazaré e Jenin pelo menos), com tiros. Várias centenas de árabes foram presos por participar de tumultos, por atirar pedras e por piquetes de lojistas que mantiveram suas lojas abertas. Sentenças severas foram impostas pelos tribunais: sete anos para um homem em uma manifestação que feriu um policial britânico com uma faca (quão mais leve seria a sentença se o policial fosse um árabe); três anos por atirar pedras na polícia; meninos pegos fazendo piquetes foram açoitados”.

Não poderia ser uma colônia imperialista se não fosse pela repressão e, nesse momento, ela ainda estava em seu estágio inicial, bem moderada. “Muitas pessoas (incluindo um grande número de comunistas) suspeitas pela polícia de serem uma ameaça à paz se deixadas em liberdade, foram mantidas na prisão em prisão preventiva sem julgamento. Em alguns casos, os presos foram espancados ilegalmente. Pesadas multas coletivas foram impostas a vilas e tribos árabes consideradas responsáveis por ataques a propriedades judaicas ou governamentais e, quando se recusaram a pagar as multas, seus bens foram apreendidos”, continua.

O interessante é que a repressão colonial inglesa é a mãe da repressão sionista. Muito do que é visto até hoje, principalmente na Cisjordânia ocupada, tem como origem direta os métodos ingleses. As prisões preventivas sem julgamento são atualmente chamadas de “detenção administrativa”, e acontecem todos os dias. Há palestinos presos por décadas por meio desse mecanismo completamente ditatorial.

A partir de maio, o governo endureceu as ações. Deliberou: “(a) o confinamento (sem julgamento) de líderes políticos a cidades e vilarejos específicos, (b) a realização por militares ou policiais, ou ambos, de incursões punitivas contra vilarejos suspeitos de atos de dano ou incêndio criminoso”. Novamente, o mesmo método sionista, invasão de vilarejos, hoje campos de refugiados, onde há resistência.

Então afirma: “o governo mostrou-se mais brutal nas incursões militares contra vilarejos. Essas incursões são descritas pelo governo como ‘buscas’, uma vez que seu suposto objetivo é procurar armas, que na verdade quase nunca são encontradas: qualquer aldeão que tenha armas já deixou sua vila e foi para as colinas. Embora a lei marcial não tenha sido declarada, as tropas (que agora foram aumentadas de dois batalhões para oito batalhões, além de unidades da Força Aérea e tanques) têm praticamente carta-branca na execução de uma incursão, na qual frequentemente nenhuma autoridade civil está presente”.

A revolução, mesmo assim, não foi derrotada, então “o governo apertou o parafuso. As medidas repressivas mais recentes incluem certas ‘Regulamentações de Emergência’: (1) capacitar as autoridades distritais a forçar grevistas a abrir suas lojas; (2) impor a pena de morte por disparar contra um policial ou lançar uma bomba (se for feito com a intenção de ajudar rebeldes armados), ou por danificar ou interferir nas comunicações do governo (se o ato for susceptível de pôr em perigo a vida), caso contrário, prisão perpétua em ambos os casos; (3) dar ao governo poder para confiscar e destruir qualquer casa ‘situada em qualquer cidade, bairro, vila ou outra área onde os habitantes tenham cometido, ajudado ou instigado qualquer crime envolvendo violência ou intimidação, mesmo que os verdadeiros infratores sejam desconhecidos’. Esta última medida é tão ampla em seus termos que quase equivale a dar ao governo carta-branca para demolir todos os vilarejos árabes na Palestina”.

Mais uma vez, se traça a linha direta com a atualidade. É exatamente assim que “Israel” opera em Jerusalém e na Cisjordânia e operou por décadas em Gaza. O Estado sionista, na prática, tem carta-branca para destruir qualquer vilarejo que desejar. Casas e prédios são demolidos todos os dias.

Obviamente com a repressão, veio a censura: “todos os jornais diários árabes que são publicados regularmente foram recentemente suspensos por quinze dias. Na data da redação deste texto, apenas um tem permissão para aparecer e seus comentários sobre eventos locais são estritamente controlados. A cada semana, novas invasões são feitas contra a liberdade civil. Mais de 1.300 árabes foram presos nos últimos dois meses por crimes relacionados com os protestos. Com a desculpa justa de que ‘a ordem deve ser restaurada’, a polícia e os militares têm liberdade para intimidar as pessoas quase sem restrições. Estes são os métodos gentis do governo da Palestina”.

Este texto foi publicado em julho de 1936, mas a revolução só acabaria em 1939. A repressão foi aumentando cada vez mais a ponto de os britânicos enviarem mais 20 mil tropas para o país e armar 15 mil tropas de milícias sionistas. Foi a repressão gigantesca a essa revolução que permitiu que o Estado de “Israel” fosse criado em 1948. Caso contrário, seria impossível estabelecer esse Estado enfrentando tanto a resistência interna, quanto externa.

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