Redes sociais

A censura só é ‘absoluta normalidade’ nas ditaduras

Articulista considera "normal" uma rede social inteira ser censurada por um ministro do STF

O jornalista e ex-secretário de Comunicação do Rio de Janeiro, Ricardo Bruno, publicou, nesse dia 2 de setembro, artigo no portal Brasil 247 chamado O Brasil vive sem o X em absoluta normalidade.

A “normalidade” para ele e uma rede social inteira ser censurada por um ministro do STF. Se isso é normalidade, imagine quando não o país não estiver em uma.

“Se antes, as redes sociais eram em essência instrumentos da liberdade de expressão, hoje o conceito é visto com restrições, relativizado ante os estragos institucionais decorrentes dos abusos de sua utilização sem filtros.” Alguém deveria perguntar por que antes as redes sociais eram instrumentos de liberdade de expressão e agora não são mais. Será que a explicação está em que elas simplesmente substituíram os monopólios da comunicação que dominaram e controlaram a informação por décadas?

A partir do momento em que as redes passaram a ser utilizadas pelas grandes massas a ponto de ameaçar o poder desses monopólios, magicamente, elas deixaram de ser instrumentos da liberdade de expressão. Muito interessante. Mas parece que o autor não se perguntou isso.

O autor acredita que as redes sociais de repente tornaram-se vias de fazer o mal. A pergunta que deve ser feita é: a televisão nunca fez nada de “mal”? Tudo o que é transmitido na Rede Globo, por exemplo, é da mais pura bondade? Ou seja, mesmo se levássemos se fosse correta a afirmação de que as redes sociais viraram o mal na Terra, certamente isso não seria motivo para a censura.

O autor parabeniza Moraes e o STF pela censura ao X e usa o argumento batido de que Ellon Musk é um magnata que deve ser contido. Mas também não é esse o problema central para ele. Afinal, ele defende o banimento do Tik Tok – rede chinesa – nos Estados Unidos, e a prisão do dono do Telegram na França. “O presidente do Telegram, Pavel Durov, foi preso na França, após ser denunciado por uma série de crimes praticados em sua plataforma sem que tenha tomando qualquer providência”, diz ele, e mais à frente: “Até mesmo os Estados Unidos aprovaram recentemente lei que pode levar à proibição do Tik Tok no país. A liberdade irrestrita dos forasteiros digitais parece com os dias contados.”

A máxima do autor é: quanto mais censura e restrição, melhor! “A liberdade de expressão não pode ser álibi para práticas criminosas recorrentes.”

Na ditadura militar brasileira, o governo militar dizia algo parecido. Todos tinham liberdade de expressão, desde que fosse para falar coisas que não fossem crime. E quem decidia o que era crime? O governo militar. Quem decide o que é crime hoje? O STF, Macron, o governo norte-americano. E esses aí estão interessados em defender o povo e a democracia? Claro que não!

No fim das contas, a ideia do autor é censurar. Censura tudo que os problemas do mundo estarão resolvidos.

Essa é a “normalidade”. Em nome dela, 20 milhões de brasileiros que se expressam no X não vão poder mais se expressar. E a Rede Globo? Essa continua livre para fazer qualquer coisa.

“Liberdade e responsabilidade são faces de uma mesma moeda. Não há como se dissociar um do outro.” Voltando aos militares, diziam a mesma coisa: podemos falar o que quiser, mas não podemos ser “irresponsáveis”. E o que seria essa responsabilidade? Quem define ela? O autor do texto ou um poderoso de Toga ou talvez um novo governo militar que tome conta do país?

A liberdade de expressão é uma só, ou seja, todo têm o direito de falar o que quiser. Já a tal da responsabilidade, cada um pode interpretá-la seja de acordo com seus interesses e sua moralidade. Isso não poderia nunca, num regime verdadeiramente democrático, se sobrepor à liberdade de expressão.

Viver em “absoluta normalidade” com a censura de milhões de pessoas, só mesmo na ditadura. Fazer isso em nome da democracia não cola e é uma falcatrua política para esconder essa ditadura.

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