Eleições brasileiras

A caminho de uma estupenda derrota da esquerda?

Política de conciliação e capitulação diante da direita aponta para uma vitória dos golpistas e inimigos dos trabalhadores nas eleições municipais

Pesquisas divulgadas na última semana reafirmaram a clara tendência a uma vitória de grandes proporções dos candidatos da direita golpista (quase sempre chamados de centro) e da extrema direita na maioria das cidades e, destacadamente, nas capitais e nos mais importantes municípios do País.

Bolsonaristas 10 x 1 petistas

Levantamento publicado pelo site esquerdista Brasil de Fato, por exemplo, apontou – com base em pesquisas eleitorais da Atlasintel, Quaest, Real Time Big Data, Datafolha, Paraná Pesquisas, Futura Inteligência, Datailha, Datamax e Datatrends – que “candidatos a prefeituras apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lideram em 10 das 26 capitais do país. Desses, quatro são do PL, seu partido”. Ao mesmo tempo em que destacou que “no outro lado do espectro político, quatro candidatos apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em capitais aparecem como favoritos nas pesquisas”.

Mas a realidade é ainda pior!

A situação é desvantajosa em todas as regiões do País. No Sul, as três capitais têm bolsonaristas na liderança, com apenas uma candidata do PT, a deputada Maria do Rosário, podendo chegar ao segundo turno em Porto Alegre. E um do PSB tentando o mesmo em Curitiba.

No Sudeste, a região mais rica e populosa do país, os candidatos bolsonaristas ou da direita lideram em todas as capitais. Em São Paulo, o candidato oficialmente apoiado pelo bolsonarismo, Ricardo Nunes (MDB) e o candidato avulso do bolsonarismo, Pablo Marçal (PRTB), aparecem nas pesquisas empatados em primeiro lugar, junto com o deputado Guilherme Boulos (PSOL). Ou seja, a direita, detém cerca de 2/3 das atuais intenções de votos declaradas.

Candidatos do Republicanos, partido do governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas, também lideravam em Belo Horizonte (Mauro Tramonte) e Vitória, Lorenzo Pazolini.

No Rio de Janeiro, única capital do Sudeste em que o líder nas pesquisas seria um “aliado” de Lula, o atual prefeito Eduardo Paes, é neoliberal e privatista, cuja reeleição em nada significa um avanço para os trabalhadores e a esquerda, apesar do apoio do PT mesmo diante da ampla rejeição de suas bases a essa política.

No Centro-Oeste, aparece na frente aquela que é – até o fechamento desta edição – a única candidatura do PT a liderar em uma capital, a da deputada Delegada Adriana Accorsi, que lidera a corrida eleitoral e que deve disputar o segundo turno com Vanderlan Cardoso (PSD), apoiado pelo governador do estado, Ronaldo Caiado (PSD). Nas demais capitais da região a disputa se dá entre bolsonaristas e direitistas da “terceira via“.

Até no Nordeste

Antigo reduto do PT nas eleições presidenciais, o Nordeste não tem um único candidato petista (dos poucos que lançou) liderando as pesquisas, enquanto há pelo menos três bolsonaristas declarados que lideram em capitais. Bruno Reis (UB), em Salvador, e JHC (PL), em Maceió, são apontados como prováveis vencedores ainda no primeiro turno.

Apenas um “lulista” aparece na frente e é apontado – até o momento – para vencer no primeiro turno – o atual prefeito de Recife (PE), João Campos (PSB). A fidelidade deste e de outros “socialistas” a Lula e ao povo brasileiro pode ser medida pelo fato de que o PSB deu 80% dos seus votos na Câmara pela derrubada da presidenta Dilma Rousseff.

Na maioria das capitais nordestinas, a disputa se concentra entre a direita golpista e os bolsonaristas; em muitos dos casos porque o PT abriu mão de candidaturas próprias para apoiar políticos neoliberais e inimigos das reivindicações dos trabalhadores. Apenas em Teresina, um candidato do PT, o deputado estadual Fábio Novo aparece com chances de ir ao segundo turno.

Na região Norte, de um total de sete capitais, os declarados bolsonaristas lideram em quatro. A política conservadora da esquerda parlamentar e suas alianças com a direita, levou a uma situação de sua relativa desintegração na região. Em Macapá (AP), por exemplo, reduto do líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (hoje no PT), o atual prefeito Dr. Furlan (MDB), apoiado por Bolsonaro, aparece nas pesquisas com até 91% das intenções de votos. E existem ainda outros três bolsonaristas apontados como possíveis vencedores no primeiro turno: Arthur Henrique (MDB), em Boa Vista; Mariana Carvalho (UB), em Porto Velho; e Tião Bocalom (PL) em Rio Branco.

Em Palmas (TO), a bolsonarista Janad Valcari (PL) lidera com mais de 40% nos cenários mais recentes e deve ir ao segundo turno. O candidato mais próximo é Eduardo Siqueira (Podemos).

Nem mesmo onde governa, como no caso de Belém, com Edmilson Rodrigues (PSOL), a esquerda é apontada nas pesquisas como se classificando para o segundo turno.

Fracasso da frente ampla

A situação expressa um retumbante fracasso da política de frente ampla, de ceder a vez para os abutres que se amparam no prestígio popular do presidente Lula e de evitar a polarização política com a direita e a extrema direita. Uma política que leva à liquidação do PT e fecha as portas para a disputa política com os maiores inimigos dos trabalhadores em todo o País.

A política de conciliação, que não impede o cerco da direita contra o governo Lula e contra os interesses populares, vai reafirmando uma vez mais o caminho de derrotas que representa. Não serviu para evitar o golpe de Estado e a prisão de Lula.

Não serve para conter a pressão da direita; não abre qualquer perspectiva política para os trabalhadores diante do avanço da crise e da própria onda golpista que o imperialismo impulsiona e tende a ameaçar ainda mais o governo Lula e a esquerda após as eleições.

Esta política deve ser amplamente discutida entre os trabalhadores e a juventude, visando superar o impasse atual e abrir caminho para uma perspectiva de luta dos explorados, o que passa por superar a política atual de capitulação diante da burguesia e fortalecer uma alternativa própria dos trabalhadores diante da crise.

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