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HISTÓRIA DA PALESTINA

A Batalha de Caramé, quando o Fatá se torna um partido de massas

“Israel” invadiu a Jordânia com 15 mil tropas para esmagar o Fatá, no fim do dia foi obrigado a recuar, desde então os sionistas nunca conseguiram destruir a luta armada palestina

Atualmente o Fatá, partido fundado por Iasser Arafat, governa a Autoridade Palestina como um serviçal do imperialismo dos EUA. No entanto, no passado ele foi o grande partido da luta do povo palestino, foi o principal partido da OLP. Era tão forte que levou o imperialismo e o sionismo a invadirem o Líbano para destruí-lo. O que fez o Fatá ganhar a confiança das massas palestinas foi a Batalha de Caramé, a primeira vitória das guerrilhas palestinas contra o Estado de “Israel”. Depois do dia 21 de março de 1968, Arafat se tornaria o principal dirigente da luta Palestina por cerca de 30 anos.

A batalha de Caramé aconteceu na conjuntura da ocupação da Cisjordânia. Em 1967 o Estado de “Israel” invadiu o território que desde 1948 estava sob controle da Jordânia. A luta armada dos palestinos teve um enorme impulso nesse momento, inclusive gerou a fundação de grupos que atuam até hoje como; a Frente Popular de Libertação da Palestina. “Israel” instaurou uma ditadura militar brutal no território ocupado, assim os palestinos organizavam a luta armada do outro lado da fronteira, na própria Jordânia. Até então o movimento guerrilheiro palestino era conhecido como Faiadim, a virada política foi tão relevante que esse nome foi até deixado de lado.

A cidade de Caramé se localiza na Jordânia nas proximidades da fronteira, lá se estabeleceu uma importante base da guerrilha do Fatá. O estado de “Israel” então, que havia acabado de sair de uma guerra contra a Jordânia em 1967, decidiu invadir o país mais uma vez para massacrar os palestinos nessa cidade. Foi montada uma grande expedição militar israelense que invadiu a Jordânia no dia 21 de março, ela inclusive teve apoio de jatos de combate. Os israelenses consideravam que os jordanianos não interviriam, pois o ataque era claramente dirigido contra os palestinos. Isso possuia um embasamento, pois o reino da Jordânia era o governo mais pró-imperialista da região e colaborou com o sionismo em quase toda a sua história.

O contingente israelense era grande o suficiente para ser facilmente detectado. Assim, o Fatá e as demais organizações palestinas foram avisadas que o ataque era iminente e que elas poderiam fugir e se esconder nas montanhas. O jornalista Said Aburish, que cobriu o confronto, afirmou que Arafat respondeu ao comandante jordaniano: “Queremos convencer o mundo de que há aqueles no mundo árabe que não vão se retirar ou fugir.” Por ordens de Arafat o Fatá não recuou e, ao mesmo tempo, a Jordânia concordou em apoiar a guerrilha Palestina caso houvesse combates pesados.

Na manhã de 21 de março, soldados de infantaria e paraquedistas israelenses, tanques, veículos blindados e outros veículos, cruzaram a Ponte Alenbi ao sul de Caramé e a Ponte Damia ao norte da cidade em um movimento de pinça projetado para atacar os guerrilheiros por dois lados. Os paraquedistas foram lançados a leste de Caramé para bloquear qualquer retirada palestina. No total, a operação envolveu aproximadamente 15.000 tropas israelenses. O exército jordaniano, por sua vez, havia movido muitos de seus tanques e peças de artilharia para a área para impedir que o ataque se transformasse em um ataque contra a Jordânia. Armas e tanques foram colocados nas colinas que dominam o Vale do Jordão para direcionar o fogo sobre as forças israelenses invasoras e, cerca de 15.000 tropas da 1ª Divisão de Infantaria jordaniana e outras unidades.

O que aconteceu foi que durante o combate, o plano de “Israel” não deu certo. Os jordanianos entraram na guerra em auxílio aos guerrilheiros palestinos. O lado árabe teve baixas muito maiores que o lado israelense, no entanto, “Israel” teve de se retirar e assim os palestinos obtiveram uma vitória política gigantesca. Era a primeira vez na história que os palestinos impunham uma derrota militar ao sionismo. O impacto político foi tão grande que de março até julho o Fatá ganhou a maioria no Conselho Nacional Palestino, o parlamento da OLP. Foi nesse momento que a OLP deixou de se tornar uma organização ligada aos governos árabes para se tornar de fato a organização da luta de libertação nacional da Palestina, liderada pelo Fatá de Arafat.

O impacto da vitória política pode ser avaliado analisando os acontecimentos que se procederam. O Fatá cresceu tanto que os guerrilheiros palestinos se tornaram uma força política na própria Jordânia. A criação do imperialismo, o Estado de “Israel”, então teve de articular com o rei da Jordânia a repressão da OLP dentro do país. O que houve em seguida foi uma verdadeira guerra civil. O seu ápice foi em setembro de 1970, no evento que ficou conhecido como Setembro Negro, mais de três mil palestinos foram assassinados pelo governo da Jordânia, que conseguiu expulsar a OLP. Ele então tornaria sua principal base o Líbano.

A Batalha de Caramé é uma demonstração prática de que a luta armada, mesmo que com derrotas militares, pode levar a gigantescas vitórias políticas. Foi a luta armada lançada do auge da força do Estado de “Israel”, quando este havia derrotado todos os países árabes em 1967, que fortaleceu a luta dos palestinos. É uma situação muito semelhante a da Operação Dilúvio de Al-Aqsa. Só que hoje o tabuleiro está inverso, “Israel” está em seu momento de maior crise, já os palestinos em seu momento de maior organização.

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