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Brasil

A ‘bandeira anti-hegemônica’ é o caminho para a vitória de Lula

O presidente Lula afirmou que a esquerda deve retomar a luta “anti-hegemônica” que está sendo tomada pela extrema direita 

Na quinta-feira (13), o presidente Lula esteve presente no encontro da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça. Ele comentou sobre temas candentes na política internacional, com destaque para as eleições europeias, em que a extrema direita ganhou de forma avassaladora. O presidente brasileiro parece que entendeu a realidade e tirou a conclusão correta: a esquerda deve radicalizar para não ser superada por essa direita.

Lula afirmou: “a contestação da ordem vigente não pode ser privilégio da extrema direita. A bandeira anti-hegemônica precisa ser recuperada pelos setores populares, progressistas e democratas“. E ainda criticou o mercado financeiro: “recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento é uma tarefa urgente. A ‘mão invisível’ do mercado só agrava a desigualdade. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo aumento dos salários, gerando insatisfação e muita polarização. Não se pode discutir economia e finanças sem discutir emprego e renda“.

O discurso é uma resposta direita ao avanço da extrema direita na Europa e também no Brasil, onde o bolsonarismo cresce a passos largos. Os regimes políticos neoliberais no mundo inteiro estão completamente falidos. Os seus representantes estão esgotados politicamente, não sobra um. Biden está prestes a ser derrotado nas eleições, mesmo com o apoio de todos os mais poderosos setores da burguesia mundial. Macron e Scholz estão esgotados, como mostraram as eleições. Na Inglaterra, o governo está prestes a mudar por meio das eleições.

O repúdio a esses governos é enorme e ele está se expressando por meio da extrema direita, pois no mundo inteiro a esquerda tende a se aliar com essa direita que está no poder. Assim, a oposição anti-hegemônica, nas palavras do próprio Lula, se torna um fenômeno da extrema direita que cresce conforme aumenta a insatisfação dos trabalhadores. É possível ver isso também nos países oprimidos. Putin não faz parte desse sistema neoliberal, é um dos presidentes mais populares do mundo. Boric é de esquerda, mas é “hegemônico”, ele provavelmente perderá para a extrema direita nas próximas eleições.

Lula tem um pé em cada canoa, não decide se quer ser um Putin ou um Boric, mas o destino dos dois governos já mostra que só há um caminho para o sucesso de Lula. Dentro do quesito BRICS há o caso da África do Sul. O partido do governo, CNA, perdeu 20% dos votos para a esquerda combativa. O problema é que, no caso do Brasil, o bolsonarismo cresce rapidamente enquanto a esquerda do PT ainda está paralisada dentro do partido. Caso a política dita por Lula se reflita em seu governo, sua popularidade crescerá muito.

A política externa e a extrema direita

O diplomata Celso Amorim é uma espécie de ala esquerda do Ministério das Relações Exteriores, apesar de não ser tão radical como os diplomatas russos ou iranianos. Ele, no entanto, tem uma posição próxima a do presidente Lula. Em entrevista ao jornal UOL, afirmou: “hoje, a polarização é entre a extrema direita e a centro direita e, apenas ocasionalmente, com a centro esquerda. Ela [centro esquerda] tem caído muito. Mesmo partidos centristas, como o de Emmanuel Macron. A social-democracia alemã, salvo no período nazista, teve seu menor índice desde o século XIX. É impressionante e fico pensando: para onde vai o mundo?”.

E segue: “temos de apoiar os não-extremistas. Temo que concessões sejam feitas por governos em temas como imigração. O problema da extrema direita não é apenas o que ela pode fazer no poder. É como ela já influencia nos dias de hoje, com alianças. O medo de perder votos para a extrema direita acaba levando governos a adotar políticas mais à direita. Eu acho que isso não é bom”.

A colocação de Amorim expressa a ideia explicada acima de que esses setores que ele chama de centro no discurso de Lula, os “hegemônicos” – mais corretamente, os principais partidos do imperialismo -, estão acabados.

O problema é que a aliança com os “não-extremistas” é justamente o que leva à falência da esquerda. A polarização é uma realidade material, ou seja, o crescimento da extrema direita é um sinal de que há caminho para o crescimento da esquerda combativa. O problema todo é que a esquerda mundial de forma geral capitula diante do imperialismo e não assume essa postura combativa. Onde assume, como na Venezuela, ela é muito forte.

Amorim então destaca: “no caso do Brasil, jogamos com duas posições: a aliança com sociais-democratas pelo mundo e a aliança com os países em desenvolvimento, como o BRICS”. Aqui de fato existe a diferença e obviamente não é com as sociais democracias falidas que se deve formar a aliança. Mas mesmo no quesito BRICS há a diferença interna. Há o bloco do Irã, da Rússia e da China, ou seja, dos grandes inimigos do imperialismo. E também o da Índia, da África do Sul, da Arábia Saudita. O primeiro é o dos países que crescem e se tornam cada vez mais fortes, o segundo, onde os governos estão cada vez mais frágeis. Nesse caso, também é fácil saber qual deve ser a escolha de Lula.

A posição de Amorim expressa, portanto, a ambiguidade do governo Lula. Ele não assume nem a posição dos “hegemônicos” e nem dos “anti-hegemônicos”, fica com um pé em cada canoa. A primeira canoa está furada e prestes a afundar. A segunda está lutando e vencendo. Mas, ao se equilibrar em duas canoas que se afastam, a instabilidade é muito grande. O governo precisa tomar logo a sua decisão, pois a crise mundial só tende a se tornar cada vez maior.

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