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Coluna

A ameaça nuclear

"Humanidade enfrenta novamente esta possibilidade aterrorizante de uma guerra nuclear, provocada pela iniciativa bélica do imperialismo mundial de confronto com Rússia na Ucrânia"

“Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba “é o subtítulo do filme Dr. Strangelove (no Brasil Dr. Fantástico), lançado em 1964 com Peter Sellers no papel principal. Ele mostra o cenário de terror provocado pela iniciativa de um general norte-americano anticomunista de resolver bombardear a União Soviética com uma bomba nuclear por um temor psicopata de estar os EUA sendo atacado pelos comunistas. O filme usa do humor sarcástico para criticar a loucura dos que julgam que a guerra nuclear é uma opção aceitável.

Hoje, a humanidade enfrenta novamente esta possibilidade aterrorizante de uma guerra nuclear, provocada pela iniciativa bélica do imperialismo mundial de confronto com a Rússia na Ucrânia. Não há como parar de se preocupar, pois a bomba não é “amável”. Para o imperialismo, a combinação de esforço militar e sanções internacionais levaria a Rússia à destruição e derrota. 

Aconteceu o contrário: a Ucrânia está devastada militar e economicamente, sem forças armadas à altura para enfrentar o poderoso exército russo. Ocorre que os líderes dos países imperialistas estão de acordo de que o “Ocidente” não pode ser derrotado e humilhado pela Rússia. As forças armadas de Putin chegaram próximo à segunda maior cidade da Ucrânia e, se quiserem, podem invadir Kiev e derrubar o cambaleante governo de Zelenski, que já não possui mandato eletivo.

Diante dessa situação, a Rússia comunicou pelos canais diplomáticos que está disposta ao diálogo, que seria necessário para decidir como se daria a rendição da Ucrânia. O imperialismo julgou que esta atitude significava uma possível fragilidade russa. Algumas autoridades chegaram a comentar que as “linhas vermelhas” estabelecidas pela Rússia podiam ser ultrapassadas porque a Ucrânia já estava atacando o território russo e não houve retaliação russa à altura. 

Em 31 de Maio, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a atacar alvos dentro da Rússia com armas fabricadas nos EUA, o que faz o conflito mudar de qualidade. Autoridades do Governo alegam que a nova política de Washington se refere apenas ao que chamam de “atos de autodefesa” dos militares ucranianos, cujas forças estão recuando no terreno. A decisão de Biden logo foi seguida por outros membros da Otan, incluindo Reino Unido, França e Suécia, que deram sinal verde ao regime de Zelensky para usar seus sistemas de armas para atacar a Rússia.

Fontes da inteligência norte-americana afirmaram que o Governo de Kiev e seus aliados ocidentais acreditam que podem obter vantagem sobre a Rússia. Seria possível, portanto, que a Ucrânia treinasse suas tropas em países vizinhos da Otan e recebesse armas de centros da organização, sem os tornar alvos legítimos da Rússia. No entanto, pode ser que tudo isso seja apenas uma ilusão que vai logo desaparecer quando tivermos os mísseis da Otan lançados em direção ao território da Rússia com a aprovação dos países ocidentais.

A França agora está dando à Ucrânia permissão para usar o míssil de cruzeiro SCALP contra alvos dentro da Rússia. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirma que são apenas alvos militares, sem que nenhuma infraestrutura civil seja atacada, mas isso é uma grande e mentirosa desculpa. O fato é que, para os russos, se o míssil francês Scalp é usado para atacar alvos dentro da Rússia, é a França que está atacando a Rússia.

Todos sabem que os ucranianos não têm capacidade para programar mísseis SCALP de longo alcance armados com ogivas convencionais. Há toda uma sofisticação tecnológica que exige meses de treinamento. Dessa forma, apenas os técnicos franceses poderão desempenhar esta tarefa. Além disso, os mísseis têm de ser alimentados por dados precisos para sua orientação. Eles só podem ser obtidos através da rede de satélites francesa Syracuse, que transmite as informações essenciais para os alvos dos mísseis SCALP.

Dessa forma, é toda uma operação de reconhecimento espacial que coleta informações e as transmitem aos operadores franceses, através de sistemas de comunicação franceses. Então quem está no ataque é a França, não a Ucrânia.

Moscou sabe muito bem quem opera os mísseis de longo alcance da Otan e quem fornece reconhecimento e comunicações. O presidente Vladimir Putin sabe que tudo é comandado por técnicos estrangeiros, não ucranianos. Além dos franceses, há os alemães, os britânicos e os norte-americanos. Assim, se esses mísseis, esses sistemas de armas que agora estão sendo aprovados pelas respectivas nações ocidentais, forem usados pela Ucrânia para atacar alvos dentro da Rússia, não é mais para a Ucrânia se defender, mas é a Otan que está atacando a Rússia.

Tentando esconder o óbvio, a OTAN explicou que, ao autorizar a Ucrânia a usar suas armas contra a Rússia, os países europeus estão fazendo isso como nações soberanas, não como um bloco militar. No entanto, essas ações da Otan evidentemente significam um convite à Rússia para realizar ataques retaliatórios. Então a Otan poderia justificar uma resposta lançando ataques adicionais contra a Rússia e isso seria um ataque total da Otan à Federação Russa.”

Diante desse cenário, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev deixou claro que a resposta russa seria nuclear e isso levaria a uma nova retaliação da OTAN também nuclear e poderíamos a chegar à situação do filme Dr. Fantástico em que se colocaria a destruição em escala universal. .

Segundo Medvedev, o plano da Otan não visa ajudar a Ucrânia: “É um plano mais amplo do Ocidente coletivo, da Otan e dos Estados Unidos. Um plano para derrotar estrategicamente a Rússia.”

A determinação coletiva do imperialismo é continuar pressionando a Rússia, aumentando a pressão até que possivelmente a Rússia caia como um castelo de cartas. Por acreditarem que as linhas vermelhas colocadas pelo Kremlin não existem, os EUA e a Otan evitam tomar a iniciativa de negociar para encerrar esse conflito. A questão é a mesma que se coloca para o Major T.J. “King” Kong no filme citado, depois de lançar a bomba sobre a URSS. Nunca se sabe o que virá no “Day After” (dia seguinte). 

Se o imperialismo atacar a Rússia, tentando pressioná-la, tudo o que fará é garantir uma resposta russa legítima aos países atacantes. Aparentemente, os líderes das principais potências acham que têm o direito de atacar a Rússia. 

Tudo indica que aqueles que tomam essas decisões vitais para os oito bilhões de habitantes do planeta contemplam a possibilidade de uma guerra com armas nucleares, mas limitadas (armas táticas, eles as chamam). Segundo alguns especialistas, isso é um absurdo total, uma impossibilidade. Não há guerras nucleares “limitadas”. 

Se uma guerra atômica é travada com apenas uma pequena porcentagem da capacidade destrutiva atual (cerca de 12.000 mísseis, 90% deles distribuídos entre a Rússia e os Estados Unidos), a destruição de todas as formas de vida está assegurada. Se não fosse a morte instantânea no momento de receber os impactos, certamente que a chuva ácida causada pelas nuvens radioativas subsequentes, e o inverno nuclear prolongado (noite permanente por pelo menos uma década) que se seguiria, acabaria com toda a vida no planeta devido à falta de luz solar. Portanto, o uso de tais armas entre as superpotências é algo que, como diz a abreviação da fórmula da estratégia militar correspondente: “Destruição Mútua Assegurada”. Em Inglês: Mutual Assured Destruction – MAD, que quer dizer “louco” também em inglês. 

De 31 de janeiro a maio deste ano, ocorreram os maiores exercícios militares da OTAN desde a Guerra Fria perto da fronteira com a Rússia. “Steadfast Defender 2024” simula um cenário de confronto armado com Moscou. Envolvendo 90.000 soldados de países membros da Otan, mais de 50 navios – de porta-aviões a contratorpedeiros – e mais de 80 aeronaves de combate, incluindo helicópteros e drones. O comandante das forças aliadas da OTAN na Europa e chefe do Comando Europeu dos EUA, general do Exército Christopher Cavoli, disse que “o Steadfast Defender ensaiaria uma resposta a um possível ataque russo”.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) denunciou que a OTAN estava, na verdade, treinando ataques com armas nucleares perto das fronteiras da Rússia. 

O chefe do serviço de fronteira do FSB, general Vladimir Kulishov afirmou à Agência russa Sputnik, que a OTAN havia aumentado a intensidade de suas atividades de treinamento, nas quais exercita ataques contra a Rússia, incluindo bombardeios nucleares contra o território russo. O oficial militar sênior enfatizou que, diante da ameaça nuclear da OTAN, “são necessárias medidas apropriadas para proteger e defender as fronteiras da Rússia”.

A destruição da Federação Russa é um desejo há muito ansiado pela classe dominante do país norte-americano. Diante da possibilidade de envio de tropas da Otan para a Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, disse com uma clareza retumbante: “nós reagiremos com todo nosso potencial atômico”. “Tudo isso realmente ameaça o conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Eles não entendem?”, disse Putin. 

No dia 23 de maio, vários drones de fabricação portuguesa atingiram uma estação de radar estratégica russa em Armavir, no sul da Rússia. Não está claro quantos drones foram usados ​​no ataque e quantos foram abatidos. Parece que pelo menos um ou dois drones foram atingidos e outro colidiu com um edifício anexo que abriga os militares que operam o radar e as comunicações de defesa aérea russas. Inicialmente, fontes ucranianas afirmaram que os drones lançados contra o radar eram do tipo HUR, ou seja, de fabricação ucraniana. Era falso. Os russos recuperaram os drones parcialmente destruídos. E um deles é um Tekever AR3 de fabricação portuguesa. No ano passado, Portugal anunciou que iria fornecer os drones à Ucrânia, depois de o Reino Unido ter pago o preço.

A utilização de armas da OTAN para este tipo de ataque representa uma escalada significativa da guerra que poderá desencadear uma retaliação russa contra os países atacantes. Até agora, a Rússia não disse nada, mas poderia atacar instalações da OTAN ou mesmo começar a usar armas nucleares táticas. Pode acontecer a qualquer momento, o perigo é real. O imperialismo engendra em todo lugar a morte e a destruição.Brinca com fogo, julgando que controla a situação, o que há muito tempo não é verdade. Com sua atuação sem limites é capaz de praticar os mais infames crimes contra a humanidade, como agora em Gaza. Se nós não colocarmos um basta nesta situação, podemos todos estar diante do Apocalipse.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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