Nesta quinta-feira (9) completam-se 126 anos da morte do monarquista André Rebouças, engenheiro e empresário negro, e um importante personagem para a mobilização abolicionista no Brasil. Com grande comprometimento com a causa, a partir de 1880, participou da fundação de inúmeros movimentos, como a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão e a Confederação Abolicionista.
Natural de Cachoeira, região do Recôncavo Baiano, nasceu em 3 de janeiro de 1838. Depois da mudança da família Rebouças para o Rio de Janeiro, ingressou na Escola Militar e se formou engenheiro militar em 1860. Entre 1861 e 1862 completou sua educação na Europa e retornou ao país, onde foi nomeado para examinar e propor mudanças e reformas nas fortalezas de Santos e Santa Catarina. Em 1864 foi designado para projetar o novo porto do Maranhão.
Trabalhou ainda como engenheiro na Guerra do Paraguai e atuou pela país depois do seu retorno do conflito. Em 1876 ingressou como professor na Escola Politécnica no Rio de Janeiro e a partir de 1880 envolveu-se com o movimento abolicionista ao lado dos amigos Joaquim Nabuco e Afonso Taunay.
Foi fundador a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão e da Confederação Abolicionista. Com a primeira participou junto de Joaquim Nabuco e outros intelectuais do lançamento do periódico O Abolicionista, lançado no dia 1º de novembro de 1880 e que foi um dos principais órgão na luta contra contra a escravidão no Brasil.
A Sociedade Brasileira Contra a Escravidão lançou ainda no mesmo ano o Manifesto da Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, que é creditado a autoria a Joaquim Nabuco.
Já a Confederação Abolicionista lançou em 1883 o Manifesto da Confederação Abolicionista do Rio de Janeiro. Este escrito por José do Patrocínio, então editor da Gazeta da Tarde, e por Rebouças. E que pode ser lido na integra abaixo:
Manifesto da Confederação Abolicionista do Rio de Janeiro
De acordo com texto da pesquisadora Anita Pequeno para o Museu da Abolição, Rebouças foi amigo intimo de Dom Pedro II e sempre foi um grande reformador.
“Como abolicionista, foi um dos maiores e suas reivindicações diferiam das de muitos outros, porque tinham o mérito de serem norteadas por forte compromisso social. Seus ideais de reforma, ou melhor, de ações afirmativas, tornam-no um dos precursores da defesa da reforma agrária no país. Para Rebouças, liberdade e propriedade de terra formavam um elo indissociável e fundamental para a integração dos ex-escravizados (SIC) à sociedade. O caminho para corrigir as desigualdades sociais/raciais do Brasil conduzia, segundo seu pensamento, à correta organização da agricultura. A chave para o sucesso da integração dos negros e negras após a emancipação seria, logo, torná-los proprietários de parcelas de terra. Essas ideias traduzem o seu conceito, esmiuçado em seu livro Agricultura Nacional, de Democracia Rural Brasileira”, escreve a pesquisadora.
Consta ainda que Rebouças escreveu o projeto base para a Lei Áurea e que ele teve grande influência sobre o imperador Dom Pedro II e na Princesa Isabel durante a campanha abolicionista. Monarquista convicto, acompanhou a Família Imperial Brasileira ao exílio após a proclamação da República. Permaneceu em Lisboa por dois anos, onde atuou como correspondente do The Times de Londres. Em seguida viveu em Cannes, até a morte de dom Pedro II, em 1891. Morou ainda em Luanda e em 1893 se mudou para Funchal, na Ilha da Madeira, onde permaneceu até sua morte em 9 de maior de 1898.