Amanhã, dia 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.
Atos ocorrerão por todo o País. Em São Paulo, capital, está programado para começar às 17h, no Masp (Avenida Paulista). Como de costume, os militantes do Partido da Causa Operária (PCO) participarão da manifestação, iniciando sua concentração às 15h.
O genocídio que “Israel” perpetra contra o povo palestino, genocídio este que já resultou no assassinato de mais de nove mil mulheres, faz com que a reivindicação central de tais atos tenha de ser a defesa da mulher palestina, e, consequentemente, de todo o povo palestino. Pensando nisto, o PCO decidiu escolher como símbolo para sua campanha em defesa da mulher palestina, e das mulheres em geral, a jornalista palestina Abu Shireen Aklé.
Correspondente de campo da emissora catarense Al Jazeera nos territórios palestinos, Shireen foi assassinada em 11 de maio de 2022, com um tiro na cabeça disparado por um franco-atirador das forças israelenses de ocupação, enquanto fazia a cobertura de uma invasão sionista ao campo de refugiados de Jenin, Cisjordânia.
Apesar de Shireen ser um símbolo da luta dos palestinos por sua libertação nacional, em razão de seu trabalho jornalístico denunciando diariamente a ditadura de “Israel”, na história do povo palestino há inúmeras mulheres que travaram uma luta abnegada contra o sionismo. Uma delas é Mariam Farahat, dedicada ativista na luta contra “Israel”, o sionismo e pela libertação nacional da Palestina.
Também conhecida como Umm Nidal, ela era popularmente chamada entre o povo palestino de “Mãe dos Mártires” em razão da luta revolucionária que três de seus filhos travaram como membros do Hamas, durante anos.
Seu filho mais velho chamava-se Nidal Farahat, e era um membro das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do Hamas. E quem foi ele? Foi um dos criadores do foguete Qassam, junto de Tito Masoud (ex-líder das brigadas), foguete artesanal que foi, e continua sendo, de grande importância na luta armada da resistência palestina. Ele morreu em 2003, quando uma armadilha armada pelas forças de ocupação explodiu.
Maomé Farahat, irmão mais novo, foi assassinado em 7 de março de 2002 pelas forças israelenses de ocupação, após ter eliminado cinco colonos sionistas e ferido 23, em uma ação bem sucedida contra uma academia militar do assentamento de Azmona.
Farwad Farahat, por sua vez, foi assassinado no ano de 2005, quando se preparava para realizar uma ação de resistência contra “Israel”. Seu carro foi alvo de um ataque aéreo pelas forças de ocupação.
Há poucas formas de violência contra a mulher piores do que ver seu filho ou filha serem assassinados. E, se a dor da perda de um filho é algo inimaginável para muitas, quem dirá ver três de seus filhos serem assassinados por uma ditadura nazista, em razão da luta deles para libertar o povo palestino.
Contudo, Umm Nidal era uma mulher palestina. E, assim como a grande maioria do povo palestino, já não era estranha à dor e às adversidades causadas pelos monstros sionistas. Assim, não seria a violência fascista de “Israel” que iria quebrá-la.
Pelo contrário, após o martírio de seus filhos, combatentes revolucionários do Hamas, seu ativismo em defesa da resistência armada do povo palestino só se intensificou.
Vale ressaltar, contudo, que Umm Nidal já era uma militante antes mesmo de seus filhos serem assassinados. Por exemplo, nos anos 1990, ela forneceu abrigo para Emad Aquel, que era ninguém menos que o comandante das Brigadas al-Qassam.
Enquanto Nidal abrigava o líder militar, as criminosas forças israelenses de ocupação, que estavam à procura dele, realizaram um cerco de várias horas ao bairro de Xejeia, onde se localizava a casa de Nidal. Eventualmente, os sionistas conseguiram assassiná-lo, quando tentou escapar ao cerco. A militante palestina jamais cedeu à pressão do cerco das forças de ocupação, e se manteve firme abrigando o líder militar. Uma demonstração de seu espírito revolucionário.
Contudo, talvez a cena mais memorável de sua militância antes do martírio de seus filhos foi quando ela foi filmada carregando a arma e dando conselhos ao seu filho Maomé Farahat, pouco antes de ele aniquilar os cinco colonos fascistas. Após seu martírio, ela declarou que “gostaria de ter tido cem filhos como Maomé”.
Em 2005, ela concedeu uma entrevista, que foi publicada em jornais da imprensa árabe. Dentre suas declarações, ela disse que os israelenses são “todos invasores”. Questionada sobre seus filhos e demais membros da resistência palestina matarem “civis” israelenses, ela deixou claro que os sionistas não devem ser tratados como civis, pois “todos servem no exército”. “Todos são considerados soldados. São todos soldados da reserva. Todos são ocupantes e devemos combatê-los por quaisquer meios legítimos”, afirmou.
Por conseguinte, ela considerava que “todos os meios [de luta] são legítimos enquanto a ocupação continuar”. Uma verdadeira política revolucionária em defesa da luta armada palestina.
E também criticou duramente aqueles que falam de paz apenas para manter os palestinos sob a ditadura de “Israel”:
“A palavra ‘paz’ não significa o tipo de paz que estamos vivendo. Esta paz é, na verdade, uma rendição e uma vergonha. Paz significa a libertação de toda a Palestina, desde o Rio Jordão até ao Mar Mediterrâneo. Quando isto for alcançado – se eles querem a paz, estaremos prontos. Eles podem viver sob a bandeira do Estado Islâmico. Esse é o futuro da Palestina pelo qual estamos nos esforçando.”
Com isto, ficou claro que ela jamais iria arrefecer na luta contra o sionismo. Assim, Nidal seguiu em sua militância revolucionária e, em 2006, candidatou-se pelo Hamas nas eleições para o Conselho Legislativo da Palestina. Foi nessas eleições que o Hamas se formalizou como o partido político mais popular da Palestina, conquistando 74 cadeiras de 132, ou seja, a maioria do parlamento.
Umm Nidal foi uma das eleitas.
É importante frisar que ela jamais capitulou perante o sionismo e as acusações moralistas contra as ações revolucionárias de seus filhos e do Hamas. Tanto é assim que, quando ela faleceu, em 17 de março de 2013, aos 64 anos de idade, por falência múltipla dos órgãos, sua morte foi noticiada pela imprensa das Brigadas al-Qassam. Ademais, em seu funeral, estiveram presentes quatro mil palestinos, contando com a presença do próprio líder do Hamas, Ismail Hanié.
Assim, Umm Nidal é uma mulher palestina que deve servir de exemplo não apenas para as mulheres, mas para todos aqueles que travam a luta em defesa da Palestina e de todos os povos oprimidos.
E deve ser uma fonte de inspiração para que toda a esquerda defenda a mulher palestina neste dia 8 de março, afinal, a defesa das palestinas contra “Israel” é a defesa de todas as mulheres oprimidas.
Portanto, convocamos todos a estarem presente no Masp, a partir das 15h, para formar o bloco em defesa da mulher palestina, em memória de Umm Nidal, e por justiça por Shireen Abu Aklé e todas as mulheres palestinas!