Há 216 anos a família real e a corte portuguesa atracavam no porto do Rio de Janeiro para transformar a antiga colônia na sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Este período de nossa história ficou conhecido como Período Joanino, por conta do reinado de Dom João VI.
Dom João VI foi o regente de Portugal e Algarves de 1799-1815; e regente do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 1815 até 1816, quando é intitulado rei, permanecendo como tal até 1822, quando da independência do Brasil. Tornou-se, então, rei de Portugal e Algarves até sua morte em 1826.
O Período Joanino tem início em 1808 com a chegada da corte portuguesa no Brasil e termina com a independência brasileira em 1822.
A mudança da corte, apesar das acusações de “covardia” e “incapacidade” para com D. João VI, não foi um movimento espontâneo e de desespero. O absolutismo via na Europa seus dias finais. A burguesia francesa, comandada por Napoleão, avançava sobre o continente e as monarquias enfrentavam crises atrás de crises – sejam elas políticas, administrativas, econômicas ou militares. A coroa portuguesa já via o cenário político europeu se degradando e tinha como plano uma transferência para o Brasil há tempos. Isolar a estrutura administrativa do império português era não apenas uma maneira de se proteger dos conflitos político-militares europeus, mas também de centralizar geograficamente a economia e a política do império português no seu maior e mais poderoso território. A chegada das tropas napoleônicas à Península Ibérica foi, portanto, apenas o estopim para a transferência da corte para o Brasil.
Este período histórico é marcado pela quebra do pacto colonial com Portugal. Ao chegar no Brasil, D. João VI abre os portos brasileiros para “todas as nações amigas”, possibilitando o comércio da colônia com outras nações além de Portugal. Este é um dos fatos de maior importância para a história colonial do nosso País. Este foi o primeiro contato das classes dominantes brasileiras com o comércio internacional “livre”, algo que se mostrou impossível de ser revertido após a volta de D. João VI a Portugal, e que acabou sendo um dos fatores responsáveis pela independência do País.
Para além das mudanças de ordem comercial e administrativa que D. João VI promoveu ao chegar no Brasil, em 1808 o então regente produz um dos avanços mais importantes para a história brasileira: revoga o alvará que proibia a instalação de manufaturas no Brasil. A instalação de estabelecimentos industriais em território nacional era proibida desde 1785. Assim, as primeiras fábricas foram instaladas no Brasil: indústrias têxteis, de extração de minério, alimentícias e de produtos de higiene (que não demandavam alto grau de tecnologia) – localizadas principalmente na região sudeste entre SP e RJ e nas proximidades de Salvador.
A abertura dos portos e a instalação de indústrias manufatureiras foram fatores imprescindíveis para o desenvolvimento do Brasil. Além de impulsionar o comércio de maneira sem precedentes no País, permitiu a importação de matéria prima para a recém-formada indústria brasileira. Colocando em outros termos, a implementação de manufaturas no Brasil significou um salto qualitativo para o nosso desenvolvimento; iniciando a primeira etapa do processo de industrialização do País, que, apesar de singelo na época, foi necessário para o País se tornar uma das maiores economias do mundo na atualidade.
Assim, a contribuição de D. João VI para a história do Brasil não pode ser deixada de lado: apesar de curta, ela foi de extrema importância.