Hoje completa 62 anos que os Estados Unidos da América intensificaram seu bloqueio contra Cuba. Os danos econômicos causados pelo bloqueio já somam mais de 1 trilhão, 326 bilhões e 432 milhões de dólares, segundo Adolfo Curbelo, embaixador de Cuba no Brasil.
Em 1958, os Estados Unidos impuseram o primeiro bloqueio a Cuba. Ainda durante o governo pró-imperialista de Fulgencio Batista, o então presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, levanta um bloqueio contra a exportação de armas para a ilha caribenha a fim de impedir a luta revolucionária em curso no país.
Após a vitória da revolução cubana e a ascensão ao poder do líder revolucionário Fidel Castro, Cuba passa por uma série de reformas sociais e econômicas. Dentre estas reformas estava a reforma agrária, expropriando propriedades norte-americanas, e a nacionalização de empresas que estavam devendo ao Estado cubano. Para além disto, em maio de 1960, Cuba passa a comprar armas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A partir deste momento, os EUA intensificam a sua ofensiva contra Cuba.
Em 1960, o governo norte-americano se recusa a manter o contrato de compra de 700 mil toneladas de açúcar cubano. Numa economia que via no açúcar 80% da sua fonte de riqueza, este foi um tremendo golpe contra o recém-formado governo. Contudo, a ação do imperialismo foi respondida pela URSS que, atendendo a seus próprios interesses, comprou as cargas de açúcar cubana, prometeu-lhe ajuda militar e iniciou uma primeira aproximação com os cubanos.
Neste mesmo ano, o governo Eisenhower lançou um tremendo golpe contra Cuba e proibiu a exportação de petróleo bruto para a ilha, a qual passa a importar petróleo da União Soviética como pagamento pelo açúcar cubano. Para intensificar ainda mais o golpe lançado pelo imperialismo norte-americano, este proíbe três empresas norte-americanas sediadas em Cuba de refinar o petróleo soviético, forçando o governo de Fidel a expropriá-las. Por fim, Eisenhower declara o primeiro embargo contra o governo revolucionário: proíbe-se a venda de todos os produtos norte-americanos à Cuba – exceto comida e remédios – e rompe relações diplomáticas com o país.
Um ano mais tarde, um dos maiores acontecimentos políticos da América Latina ocorreu: a invasão da Baia dos Porcos. Um dia após a declaração de Fidel de que Cuba havia se tornado socialista e alinhado a URSS, um grupo de dissidentes cubanos treinados pela CIA e agentes da CIA invadem a ilha caribenha com o objetivo assassinar Fidel e derrubar o governo socialista. Tal operação já estava sendo planejada há meses, porém, graças à inteligência cubana, o governo já estava ciente da operação. Ao desembarcarem em Cuba, as tropas imperialistas se depararam com mais de 20 mil soldados e cidadãos cubanos e foram derrotadas em 72 horas.
Em 1962, o presidente dos EUA, John F. Kennedy, decreta o embargo total a Cuba. Sanções políticas e econômicas são instauradas contra o Estado revolucionário. Além do embargo total, proibiu-se que fundos de ajuda internacional dos EUA fosse destinados à ilha caribenha. Com isto, todas as transações comerciais, diplomáticas e aéreas entre Cuba e os aliados dos EUA foram rompidas. Cuba estava isolada na América.
Desde então, Cuba está sob bloqueio, sofrendo com as consequências deste. O comércio exterior do país foi de 13 bilhões para 3 bilhões de dólares, debilitando o abastecimento de combustíveis à ilha, impossibilitando a fabricação de produtos e alimentos, acarretando períodos de intensa fome e miséria.
No ano de 1992, é declarada pelo governo norte-americano a “Lei para a Democracia em Cuba”, proibindo subsidiárias americanas em outros países de negociar com Cuba a fim de limitar a participação do país no comércio internacional. Quatro anos mais tarde, em 1996, é aprovada a Lei Helms-Burton e o bloqueio ganha proporções mundiais. Com uma série de medidas coercitivas, países e empresas que negociassem com Cuba estariam sujeitos a sanções do governo norte-americano.
O secretário de Estado, Lester Mallory, um dos responsáveis por redigir o texto do bloqueio, fez uma declaração muito clara sobre o objetivo norte-americano em Cuba:
“Há que se empregar, rapidamente, todos os meios possíveis para debilitar a vida econômica (…) e conseguir maiores avanços na privação a Cuba, de dinheiro e fornecimento, para reduzir recursos financeiros e os salários reais, provocar fome, desespero e o derrocamento do governo.”
O bloqueio a Cuba é um crime grotesco contra toda uma nação. Assim como apresentou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodriguez, o bloqueio ao país é genocida e implica em um impacto de 405 milhões de euros por mês, ou seja, 1 milhão de dólares a cada duas horas. Rodriguez afirma também que há uma privação de fundos para a indústria agrícola, dificultando a compra de ração animal, equipamentos industriais e outras necessidades para a produção de alimentos. Estimativas apontam que o Produto Interno Bruto de Cuba deixou de crescer 9% em 2022 por conta da política norte-americana.
O impacto na vida do povo cubano é avassalador. Isto torna-se ainda mais claro durante a pandemia, período em que os Estado Unidos intensificaram as sanções e impediram a compra de ventiladores e outros equipamentos.
O mais impressionante é que, apesar de tudo isso, apesar da verdadeira guerra que os Estados Unidos travam contra Cuba, os cubanos mantêm-se firmes, representando a principal resistência ao imperialismo na América Latina. Trata-se de um exemplo do potencial do socialismo e de como, apesar de seu poder, o imperialismo não consegue derrotar a determinação e a força política de todo um povo.