Uma pesquisa recente do Datafolha revelou que 60% dos brasileiros que se autodeclaram pardos não se consideram negros. O dado, à primeira vista, pode gerar estranhamento, porque a definição do IBGE inclui pretos e pardos como negros, mas para grande parte da população a divisão essa não é a forma de categorizar o povo. É muito comum a divisão entre negros, pardos e brancos, nesta os pardos não seriam nem brancos e nem negros, o que explica o dado.
Desde a fundação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1936, a definição de pardo passou por várias mudanças. Incorporado oficialmente ao Censo em 1950, o termo inicialmente carecia de clareza, chegando a incluir populações indígenas. Hoje, o IBGE define pardo como “quem se identifica com mistura de duas ou mais opções de cor, ou rala, incluindo branca, preta e indígena”. É uma definição que condiz com a percepção de grande parte da população.
Um dado interessante é que a pesquisa afirma que 17% dos pardos afirmam já ter sofrido discriminação por sua cor de pele, um índice consideravelmente menor que o de pretos (56%). Esse dado é crucial, pois mostra que realmente existe uma grande diferença entre a população parda e a população negra de pele escura, preta, segundo o IBGE.
Os dados são importantes para mostrar que o Brasil não são os EUA, como setor do movimento negro identitário gosta de afirmar. A miscigenação é uma das maiores virtudes da sociedade brasileira. Obviamente ela não pôs um fim a opressão do negro, mas a verdade é que os negros, e pessoas de pele escura, em geral, são mais oprimidas no mundo inteiro. O Brasil nesse sentido é um país onde essa questão racial aparece de forma menos agressiva.
Por fim, é preciso destacar que a opressão do negro deve ser superada por meio da luta da classe operária de conjunto, ou seja, trabalhadores brancos, pretos, pardos.