Nos últimos dias, pelo menos seis pessoas foram assassinadas durante protestos em Bangladesh. Apoiadores do governo e policiais dispararam gás lacrimogêneo e atacaram estudantes que estão nas ruas se manifestando contra um sistema de cotas.
Apenas na segunda-feira (15), mais de 100 pessoas ficaram feridas. Os protestos já duram alguns dias, dezenas de milhares de estudantes continuam nas ruas do país asiático bloqueando, inclusive, grandes rodovias e ligações ferroviárias.
“Tivemos que usar balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar os estudantes indisciplinados que atiravam pedras em nós”, disse o comissário da Polícia Metropolitana de Rangpur, Mohammad Moniruzzaman, que afirma que não está claro como os estudantes estão morrendo
Trabalhadores da saúde, entretanto, denunciam que é a polícia quem está os matando. Yunus Ali, diretor do Hospital da Faculdade de Medicina de Rangpur, afirmou que “um estudante foi trazido morto ao hospital por outros estudantes”, ressaltando que “seu corpo tinha marcas de ferimentos”. Já o Hospital da Faculdade Médica de Chittagong, Mohammad Taslim Uddin, afirmou que “todos os três” mortos na cidade portuária de Chittagong “tinham ferimentos de bala”.
O motivo de revolta dos jovens é uma cota que foi instituída pelo governo de 30% de empregos no setor público para familiares de veteranos que lutaram na Guerra da Independência de 1971 — quase 32 milhões de jovens estão desempregados no país.
A partir da quarta-feira (17), a polícia de Bangladesh anunciou o fechamento por tempo indeterminado de todas as universidades públicas e privadas do país. O governo, no mesmo dia, enviou unidades da força paramilitar Guarda de Fronteira, ao lado da polícia de choque, para o lado de fora da Universidade de Daca. Ao mesmo tempo, os estudantes gritavam “não deixaremos que o sangue de nossos irmãos seja em vão”.
Estes são os primeiros protestos contra a primeira-ministra de Bangladesh desde que ela foi reeleita em janeiro. No começo do ano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que seu país está disposto a cooperar com a premiê bangladechiana.
“Os Estados Unidos estão empenhados em apoiar os ambiciosos objetivos econômicos do Bangladesh e em fazer parceria com o Bangladesh na nossa visão partilhada de um Indo-Pacífico livre e aberto”, disse o presidente norte-americano na carta.