Imam Khomeini

35 anos da morte do líder da Revolução Iraniana

Um dos mais importantes dirigentes revolucionários do século XX faleceu a 3 de junho de 1989

No dia 3 de junho de 1989, apenas 10 anos após a vitória da Revolução Iraniana em 1979, faleceu seu maior líder, o Imam Aiatolá Ruhollah (Espírito de Deus) Khomeini, aos 83 anos. A data de sua morte tem um grande significado importante para o povo do Irã, os muçulmanos em geral e toda a luta contra o imperialismo no Oriente Próximo. Khomeini foi um estudioso muçulmano, um respeitado líder religioso e, principalmente, um dos mais importantes dirigentes revolucionários de seu tempo. Ele dedicou a sua vida a estudar e desenvolver uma doutrina para a libertação dos povos do Oriente Próximo, tarefa da qual saiu vitorioso ao liderar um dos países mais importante da região à Revolução, expulsando o domínio e imperialista e estabelecendo as bases para o Eixo da Resistência que o enfrenta até os dias de hoje.

Primeiros anos

O líder da Revolução Iraniana nasceu na cidade de Khomein, a cerca de 300 quilômetros ao sul de Teerã (capital do Irã). Era filho de uma família religiosa, descendentes de Maomé através do sétimo Imam (Imam Mousa Kazem), e com uma relativa tradição de oposição ao colonialismo britânico no país. A data de seu nascimento é incerta, considerada como 17 de maio de 1900 ou 24 de setembro de 1902. Seu pai, Aiatolá Seyyed Mostafa Musavi, foi assassinado quando Khomeini tinha apenas 5 meses. Até os 15 anos, Khomeini foi criado por sua mãe, Hajieh Agha Khanum, e uma de suas tias, que faleceram no mesmo ano. Entre 15 e 18 anos, ele ficou sob a tutela de seu irmão mais velho, Aiatolá Pasandideh. Começou a estudar o Alcorão ainda aos seis anos de idade e, mais tarde, ingressou no seminário de Arak, sob a liderança do Aiatolá Xeique Abdol-Karim Haeri-Yazdi, um renomado intelectual muçulmano xiita. Durante sua juventude, Imam Khomeini debruçou-se sobre os estudos, tendo escrito vários livros de filosofia e direito e se tornando um importante líder religioso. Apesar de ainda não participar ativamente da luta política, suas teses tinham o caráter de defesa do Islã contra a penetração do imperialismo no país, que tem em seu arsenal a destruição da cultura nacional dos países atrasados.

Início da atividade política

O Imam Khomeini começou sua militância política mais direta apenas em 1962, em consonância com o surgimento do movimento contra o governo do Xá Mohammed Reza Pahlavi, fruto de um golpe de Estado abertamente realizado pelos serviços secretos dos EUA e Reino Unido através de uma operação chamada Projeto TPAJAX. O objetivo do golpe de 1953 foi derrubar o governo nacionalista de Mohammed Mossadegh, que chegou a nacionalizar o petróleo em 1951, desferindo um duro golpe contra as empresas norte-americanas e britânicas. Após a derrubada de Mossadegh, foi imposta uma das ditaduras mais violentas do século XX, comandada pelo Xá e sustentada pelo imperialismo.

Em janeiro de 1963, o Xá anunciou um programa imposto pelos EUA, chamado de Revolução Branca. O programa tinha alguns aspectos de aparência democrática, mas seu principal ponto era a total entrega das riquezas iranianas para as empresas imperialistas. Diante disso, o Imam Khomeini reuniu um grupo de Aiatolás para organizar uma oposição mais séria ao Xá. Em 3 de junho de 1963 (dia de Ashura), Khomeini fez um importante discurso denunciando a política pró-imperialista do Xá, o que o levou a ser preso dois dias depois pela SAVAK, a polícia política da ditadura, conhecida por suas torturas. Por conta disso, grandes protestos eclodiram em todo o Irã, e foram duramente reprimidos, levando a cerca de 400 mortos. Após as mobilizações, Khomeini foi colocado em prisão domiciliar por 8 meses. No entanto, não cessou sua atividade política e, em novembro de 1964, foi novamente preso e mandado para o exílio, quando ficou na cidade de Bursa, na Turquia.

Exílio

Após cerca de um ano na Turquia, o Imam Khomeini conseguiu ir para o Iraque, onde permaneceu até ser expulso em 1978 pelo então Vice-Presidente Saddam Hussein. De lá, foi para a França, onde ficou até seu retorno ao Irã em 1979.

Durante os 14 anos que passou no exílio, o líder da Revolução Iraniana aprofundou suas ideias sobre a necessidade da unidade dos povos muçulmanos na luta contra o imperialismo, a importância da organização popular e a defesa da soberania e do desenvolvimento dos países atrasados.

Ao longo desse período, mesmo à distância, o dirigente organizou a oposição xiita à monarquia do Xá dentro do Irã, o que criou um polo de atração para todas as forças revolucionárias no país, especialmente a classe operária. Através de uma intensa e acertada propaganda, os revolucionários conseguiram alterar a relação de forças, sendo o principal fator que levou a autoridade da monarquia a seu nível mais baixo e a organização dos trabalhadores ao mais alto.

Retorno

Em 16 de janeiro de 1979, sob o assédio de enormes greves e da radicalização do movimento operário e das organizações xiitas, o Xá fugiu do Irã, dando a vitória à Revolução Iraniana, um evento crucial da história do século XX, que segue sendo um dos mais importantes fatores na luta de classes mundial.

No dia 1º de fevereiro, o Imam Khomeini é recebido por uma gigantesca multidão ao retornar triunfante para o Irã. Em seu discurso, promete varrer os entulhos deixados pelo governo anterior e abrir uma nova fase na história do país. Dez dias depois, é criado um governo provisório, que chama um referendo para aprovar a nova Constituição do Irã. As eleições ocorrem nos dias 30 e 31 de março e o novo governo e a nova constituição são aprovados por 98% dos votos a favor, demonstrando inequivocamente o apoio popular da Revolução. Estava fundada a República Islâmica do Irã. Vale destacar que esse referendo incluiu o voto de todos os cidadãos iranianos com mais de 16 anos, sem qualquer distinção.

Ainda no início de seu governo, como demonstração da política internacionalista de unidade entre os povos muçulmanos, a última sexta-feira do Ramadã (o dia mais importante do mês sagrado dos muçulmanos) foi declarado como o Dia Internacional de al-Quds (Jerusalém), um dia de luta em defesa do povo palestino.

Diante da Revolução vitoriosa, o imperialismo organizou todos os regimes da região sob seu domínio (relativo ou absoluto) para uma contra-ofensiva e lançou o Iraque contra o Irã, em uma sangrenta guerra que durou 8 anos e matou cerca de 1 milhão de pessoas.

No entanto, a resistência popular em defesa da Revolução saiu vitoriosa e o regime saiu fortalecido, ainda que muito prejudicado pela guerra.

Legado

O Imam Khomeini faleceu aos 89 anos, vítima de um câncer. Seu funeral teria reunido mais de 10 milhões de pessoas em todo o país, um dos maiores de toda a história. Seu legado perdura até hoje como símbolo da luta dos países atrasados contra o imperialismo e como liderança da resistência no Oriente Próximo, que leva adiante o principal enfrentamento da luta de classes mundial atualmente.

Nesse momento, crescem as tendências de uma guerra generalizada do imperialismo contra os todos os povos do mundo e o Irã, sendo um país que não só resiste a essa dominação como também organiza a resistência em toda a região, é um dos principais alvos.

É preciso defender o povo iraniano, seu governo e sua Revolução contra todos os ataques que, em última instância, são ataques à classe operária internacional.

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