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Dia de Hoje na História

27/9/1991: Revolução Francesa emancipa população de judeus

Pela primeira vez em um país europeu, os judeus foram legalmente reconhecidos como cidadãos com os mesmos direitos e deveres que qualquer outro cidadão francês

Antes da Revolução de 1789, os judeus na França, como na maioria da Europa, eram uma população oprimida. Eles eram excluídos em guetos, proibidos de exercer muitas profissões, e eram alvo de discriminação em geral. Uma das muitas conquistas da Revolução foi a declaração, ao menos formal, da igualdade entre os judeus e o resto da população na França.

Na França pré-revolucionária, os judeus eram divididos em duas grandes comunidades. Os judeus sefaraditas, principalmente no sudoeste da França (como em Bordeaux), descendentes de judeus expulsos da Espanha e Portugal. Eles tinham uma posição relativamente mais privilegiada e integravam-se melhor à sociedade local. E os judeus asquenazes, que Viviam em regiões como a Alsácia-Lorena e enfrentavam maiores restrições. Eram mais pobres e isolados, e sofriam mais com preconceitos e limitações econômicas.

Em 27 de setembro de 1791, com a radicalização da Revolução, a Assembleia Nacional aprovou uma lei que concedia aos judeus a plena cidadania. Esta decisão foi um marco na história da França e da Europa, pois pela primeira vez em um país europeu, os judeus foram legalmente reconhecidos como cidadãos com os mesmos direitos e deveres que qualquer outro cidadão francês.

Com essa lei, os judeus franceses foram emancipados, o que significava que podiam viver em qualquer lugar, exercer qualquer profissão, possuir propriedades e participar da vida pública. Eles não eram mais vistos como uma comunidade separada, mas como indivíduos com direitos civis e políticos iguais.

Essa sempre foi a política da esquerda para os judeus, integrá-los na sociedade como qualquer cidadão. O sionismo foi criado pela direita, que defendia a segregação e o colonialismo. Por isso, a maioria dos judeus europeus não aderiu ao movimento sionista. Os mais politizados tenderam todos para a esquerda.

Essa foi a proposta do deputado Duport:

“Tenho uma observação muito breve a fazer à Assembleia, que parece ser de extrema importância e que exige toda a sua atenção. Vocês regularam pela Constituição, Senhores, as qualidades consideradas necessárias para se tornar um cidadão francês e um cidadão ativo: isso foi suficiente, acredito eu, para regular todas as questões incidentais que poderiam ter sido levantadas na Assembleia em relação a certas profissões, a certas pessoas. Mas há um decreto de adiamento que parece atingir esses direitos gerais: falo dos judeus. Para decidir a questão que os concerne, basta levantar o decreto de adiamento que vocês decretaram e que parece suspender a questão no que diz respeito a eles. Assim, se não tivessem decretado um adiamento sobre a questão dos judeus, não seria necessário fazer mais nada; pois, ao declarar pela Constituição como todos os povos da terra poderiam se tornar cidadãos franceses e como todos os cidadãos franceses poderiam se tornar cidadãos ativos, não haveria dificuldade sobre este assunto.

Portanto, peço que o decreto de adiamento seja revogado e que seja declarado, em relação aos judeus, que eles poderão se tornar cidadãos ativos, como todos os povos do mundo, cumprindo as condições prescritas pela Constituição. Acredito que a liberdade de culto não permite mais fazer distinção entre os direitos políticos dos cidadãos com base em suas crenças, e acredito igualmente que os judeus não podem ser as únicas exceções ao usufruto desses direitos, quando pagãos, turcos, muçulmanos, chineses até, homens de todas as seitas, enfim, são admitidos a esses direitos.

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