Miklós Jancsó (1921-2014) foi um renomado cineasta húngaro, amplamente reconhecido por seu estilo visual inovador, que o estabeleceu como uma figura de destaque no cinema europeu durante as décadas de 1960 e 1970. Nascido em Vác, Hungria, Jancsó estudou Direito antes de se dedicar ao cinema, graduando-se na Academia de Teatro e Cinema de Budapeste em 1950. Sua formação acadêmica e seu profundo interesse pela história moldaram sua visão cinematográfica, muitas vezes centrada em questões da luta de classes.
Jancsó é mais conhecido por seus longos planos-sequência e pela forma coreografada com que dirigia grandes grupos de atores em cenas ao ar livre, frequentemente utilizando vastas paisagens da planície húngara. Sua abordagem única à narrativa visual, na qual o movimento da câmera e dos personagens criava uma sensação de dança coreografada, tornou-se sua assinatura estilística.
Entre seus filmes mais icônicos estão “Os Desesperados” (1965), “O Senhor dos Nove Lagos” (1966) e “A Redemocratização” (1969). Em suas obras, Jancsó frequentemente explorava temas históricos, muitas vezes revisitando a opressão política, o militarismo e os conflitos sociais que marcaram a Hungria e a Europa Oriental.
Durante o auge de sua carreira, foi amplamente celebrado em festivais de cinema internacionais, recebendo prêmios em Cannes e Veneza. No entanto, com o tempo, seu estilo o afastou dos holofotes desses festivais, e suas produções tornaram-se mais experimentais e menos acessíveis ao público mais amplo.
Além de sua contribuição ao cinema, Jancsó também lecionou e influenciou gerações de cineastas, tanto na Hungria quanto no exterior. Mesmo em seus últimos anos, continuou a fazer filmes e a desafiar convenções artísticas.
Miklós Jancsó faleceu em 31 de janeiro de 2014, mas seu legado no cinema europeu perdura, sendo lembrado como um mestre na arte de transformar paisagens e histórias políticas em poesia visual.