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Dia de Hoje na História

25/1/1969: Lamarca deixa o exército para lutar contra ditadura

Fuga e expropriação de armas do quartel colocou Lamarca na clandestinidade

No dia 24 de janeiro de 1969, pouco mais de um mês de decretado o Ato Institucional Número 5 (AI-5), o capitão Carlos Lamarca desertou do serviço militar. Na fuga, que o colocaria na clandestinidade a partir do dia 25, exatos 55 anos atrás, ele levou em sua kombi 63 fuzis, três metralhadoras INA e muita munição. O episódio marcou seu ingresso na luta armada brasileira, sendo logo considerado pelo regime militar como “terrorista”.

Mas a deserção não ocorreu de uma hora para outra. Sua aproximação com os ideais revolucionários tem início aproximadamente em 1962, quando Larmarca e o sargento Darcy Rodrigues, que serviam juntos, já acreditavam na inviabilidade de tomar o poder pela via pacífica.

CLUBE DE AMIGOS

Quando reencontrou Darcy, já no 4º Regimento de Infantaria de Quitaúna, em Osasco-SP, percebeu o colega reunindo alguns militares da unidade em uma espécie de “clube de amigos”, que se reuniam para discutir política dentro do quartel. O estudos de Lamarca no grupo e o agitado ano de 1968 é considerado pelos historiadores com sendo um ano decisivo para o recém patenteado capitão. Foi neste ano que ocorreram as greves operárias em Contagem e Osasco e manifestações estudantis pelo país.

A partir dai, os participantes do “clube de amigos” teriam entrado em contato com o comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Consta que o sargento Darcy teria entrado primeiro no grupo seguido por Lamarca, em dezembro de 1968.

Depois de sua deserção, foram pouco mais de dois anos de clandestinidade e ações dentro da luta armada até sua morte em 1971. Consta que, inicialmente, a data prevista para a deserção era o dia 26 daquele janeiro, quando seriam expropriados cerca de 360 fuzis e qualquer outro tipo de armamento, que seriam transportados a bordo de um caminhão pintado com as cores do exército.

Ocorre que um garoto teria visto o veículo e os membros responsáveis pela ação teriam dado “uns tapas” no menino, que relatou à sua mãe, que fez a denúncia à polícia. O que era para ser apenas uma ocorrência policial, acabou desmantelando o plano, o que fez com que Lamarca adiantasse a expropriação do quartel.

VPR

Não demorou para Lamarca assumir o posto de dirigente da VPR ao lado de Antônio Espinoza, Mario Japa, Fernando Mesquita e Cláudio de Souza Ribeiro ainda em 1969. Neste período, os órgãos de segurança regime militar espalharam fotos de Lamarca e de seus companheiros por todo país.

Já sua primeira ação armada ocorreu em 9 de maio, quando a VPR realizou um assalto simultâneo aos bancos Mercantil de São Paulo e Itaú, ambos localizados na rua Piratininga. Já sua segunda participação foi na “ação cofre do Dr. Rui”, com uma expropriação do “caixa 2” do ex-governador do estado de São Paulo Adhemar de Barros e foi realizada com o Comando de Libertação Nacional (Colina) e antes da formalização da fusão com a VPR, que resultaria na organização VAR-Palmares (Vanguarda Revolucionária Palmares).

No congresso que deveria ser formalizada a fusão das duas organizações, houve muita discussão, conflitos e em um racha que ficou conhecido como o “racha dos sete”. Lamarca era um deles e junto com os outros dissidentes levaram 70% dos recursos do grupo e fundaram a nova VPR.

Lamarca participou ainda do sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, quando da sua aproximação do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Após o evento, já considerado o “terrorista” mais procurado do Brasil, a organização sugeriu a retirada dele do País. No entanto, ele protelou e acabou ficando, desligand-se da VPR e ingressando oficialmente no MR-8.

Perseguição

O cerco aumentou depois do sequestro e diversos militantes foram presos. Lamarca, que vivia com sua companheira Iara Lavelberg e com um dos militantes presos, fugiram para a Bahia. Ele para a região rural, ela para o centro urbano. Em razão da reinauguração do estádio da Fonte Nova, um tumulto deixou mais de dois mil feridos e dois mortos. Também ocorreram a prisão de militantes, o que fez com que o cerco policial se fechasse na capital baiana.

Iara foi assassinada dentro do seu apartamento em Salvador pela forças policiais, que declararam o óbito como suicídio.

Já Lamarca, estabelecido na região de Buriti Cristalino, a 590 quilômetros de Salvador, teve uma das cartas escritas para sua companheira interceptada pela polícia e seu paradeiro seria descoberto.

Com isso, uma operação do Doi-Codi baiano com 215 homens das três forças armadas, agentes federais, policiais Dops e da Polícia Militar foi articulada para capturar o guerrilheiro.

A caçada durou cerca de 20 dias, na qual ele se deslocou por mais de 300 quilômetros mata adentro. Foi no dia 17 de setembro de 1971, quando estava descansando embaixo de uma árvore, em um povoado do município de Ipupiara, que foi alvejado e morto com sete tiros.

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