O colunista Joaquim de Carvalho, do Brasil 247, revelou nesta quarta-feira (17) que áudios obtidos por meio de uma escuta clandestina foram apagados durante a Operação Lava Jato.
Segundo ele, o doleiro Alberto Youssef havia encontrado uma escuta clandestina em sua cela logo que foi preso pela Operação, em março de 2014. Desde então, sua defesa tentava ter acesso aos áudios produzidos por esta escuta.
Após anos de processo, a defesa de Youssef conseguiu uma cópia do HD externo, que deveria possuir as gravações produzidas com escutas ilegais plantadas na cela dos presos da Lava Jato. Entretanto, ao analisar o HD, a defesa encontrou que 26 áudios foram apagados, impedindo o devido processo de apuramento.
Os arquivos de áudio dentro do HD foram produzidos entre os dias 17 – dia em que Youssef foi preso – e o dia 28 de março de 2014, quando o doleiro descobriu a escuta. O HD possuía 64 arquivos de áudio preservados, possuindo um total de 210 horas de material. Os 26 arquivos apagados estavam em uma pasta com o nome de “arquivos apagados”.
O HD encontrava-se sob a guarda da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Operação Lava Jato. Os juízes responsáveis pelo caso eram Sergio Moro, Gabriela Hardt, Luiz Antonio Bonat, Danilo Pereira Júnior e Eduardo Appio. Destes, Appio foi o único que – segundo Carvalho – respondeu o pedido e tentou esclarecer o caso.
O atual juiz da 13a Vara pediu, na semana passada, que o Ministério Público Federal entregasse o HD em três dias. Em resposta, o procurador da República disse que o MPF possuía apenas a cópia do HD, o original já estava com o Judiciário. Moro e os demais juízes haviam negado que possuíam acesso ao equipamento.
Uma sindicância interna aberta na polícia federal havia concluído que a escuta estava inoperante e teria sido instalada antes mesmo do primeiro preso da Lava Jato ter chegado à cela, quando ainda era ocupada pelo suposto traficante Fernandinho Beira-Mar. Carvalho aponta que esta sindicância foi concluída apenas com a intervenção do então juiz Sergio Moro, o qual teve acesso ao processo por meio do delegado Maurício Moscardi – responsável pela apuração. Moro teria sido uma peça fundamental para a conclusão deste processo, sendo responsável pelo fim da sindicância – um ato político, visto que a condução da sindicância era uma questão administrativa e Moro não possuía atribuição no caso.
Uma segunda sindicância descobriu o processo de fraude promovido pela PF no funcionamento da escuta. Neste processo, Moscardi revelou que Moro teve acesso ao relatório da primeira sindicância antes mesmo que ela terminasse. O delegado foi suspenso, porém, teve sua punição anulada após a posse de Moro como Ministro da Justiça.
Paralelamente, o Ministério Público Federal conduzia uma apuração que, sob responsabilidade do procurador Januário Paludo, arquivou o caso.