No dia 14 de novembro de 2012, o exército de “Israel” lançou a Operação Pilar de Defesa contra na Faixa de Gaza, foi mais uma de suas ações genocidas contra os palestinos. Nos oito dias seguintes, quase 175 palestinos foram assassinados e mais de 1.000 ficaram feridos. A guerra acabou com um acordo de cessar-fogo que foi mais um acúmulo de forças do Hamas. Dois anos depois, as Brigadas al-Qassam foram capazes de derrotar as forças armadas israelenses, que não invadiram mais Gaza até o ano de 2023.
A guerra começou após “Israel” assassinar quatro adolescentes que jogavam futebol em Gaza. A justificativa seria que o Hamas atacou um jipe militar sionista, como de costuma em resposta a operações militares os sionistas massacraram civis. Na tarde de quarta-feira, 14 de novembro, o exército israelense assassinou Ahmed Jabari, um líder do braço militar do Hamas, imediatamente começaram grandes protestos.
O exército também atacou outros 20 pontos na Faixa de Gaza, incluindo áreas residenciais, alegando que armas estavam escondidas em bairros civis. Mais de 10 pessoas foram assassinadas no primeiro dia, incluindo Omar Misharawi, um bebê de 11 meses, filho do editor de vídeos da BBC Jihad Mishrawi. “Israel” continuou seus ataques com mísseis durante a noite, e o Hamas respondeu com foguetes contra subúrbios e cidades israelenses.
Em 16 de novembro, o então primeiro-ministro do Egito, Hisham Qandil, visitou Gaza para demonstrar solidariedade ao povo palestino, mas um cessar-fogo de três horas, organizado para sua visita, não durou. Esse foi o curto período em que o Egito apoiava a Palestina, antes do golpe de Estado organizado pelo imperialismo contra o governo eleito de Morsi. Naquela noite, “Israel” convocou mais de 75.000 reservistas do exército para invadir Gaza.
No domingo, 17 de novembro, um ataque aéreo destruiu os escritórios do primeiro-ministro Ismail Hanié. A Organização Mundial da Saúde condenou os ataques, afirmando que os hospitais de Gaza estavam sobrecarregados com vítimas e enfrentavam uma grave escassez de medicamentos e suprimentos médicos. No mesmo dia, o ministro do Interior israelense, Eli Ishai, afirmou que “o objetivo da operação é levar Gaza de volta à Idade Média“.
O bombardeio da Faixa de Gaza continuou durante o fim de semana, com a marinha israelense disparando contra o território; foi a primeira vez que isso ocorreu. O bombardeio naval assassinou uma menina de 13 anos e seu tio na noite de domingo. Dois prédios que abrigavam jornalistas das redes Sky News, ITN, Al-Quds TV e Press TV também foram atingidos em um ataque israelenses, ferindo vários.
O maior número de mortes em um único ataque durante a operação aconteceu quando um míssil destruiu a casa da família de Jamal Mahmoud Iassin al-Dalu, assassinando 12 pessoas: 10 membros de sua família, incluindo cinco crianças e uma mulher idosa, além de dois vizinhos, incluindo outra mulher idosa. “Israel” admitiu mais tarde que o ataque ao prédio residencial foi intencional e que o alvo era Mohamed Al-Dalu, um policial que morreu no ataque.
A crise foi tão grande que a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chegou a Telavive na terça-feira, 20 de novembro, para manobrar o fim da guerra. Ela discutiu a situação com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu. No dia seguinte, o ministro das Relações Exteriores do Egito, Mohammed Camel Amr, ao lado de Clinton, anunciou que um cessar-fogo entre “Israel” e Gaza entraria em vigor às 21h, horário local.
A guerra aconteceu poucos dias após a segunda eleição de Obama nos EUA. O governo norte-americano não estava disposto a já iniciar seu novo mandato com tantos massacres. Isso já era uma demonstração de força da luta do povo palestino, que em 8 dias já conseguiu criar uma crise no governo dos EUA.
O acordo de cessar-fogo
- Acordo de Entendimento para um Cessar-Fogo na Faixa de Gaza
- “Israel” deve cessar todas as hostilidades na Faixa de Gaza, incluindo ataques por terra, mar e ar, bem como incursões e ataques direcionados a indivíduos.
- Todas as organizações palestinas devem cessar todas as hostilidades a partir da Faixa de Gaza contra “Israel”, incluindo ataques com foguetes e qualquer tipo de ataque ao longo da fronteira.
- As passagens devem ser abertas, facilitando o movimento de pessoas e a transferência de mercadorias, abstendo-se de restringir a livre circulação dos residentes e de alvejar moradores em áreas próximas à fronteira. Os procedimentos de implementação serão tratados 24 horas após o início do cessar-fogo.
- Outras questões que possam ser solicitadas serão abordadas.
- Mecanismos de Implementação:
- Estabelecer o horário zero para que o entendimento do cessar-fogo entre em vigor.
- O Egito deverá receber garantias de cada parte de que esta cumprirá o que foi acordado.
- Cada parte deverá comprometer-se a não realizar quaisquer atos que violem este entendimento. Caso surjam observações, o Egito, como patrocinador deste entendimento, deverá ser informado para acompanhar a situação.
O acordo pode ser considerado uma vitória do Hamas, que conseguiu impor o fim dos massacres em Gaza sem ter nenhuma derrota política. A política de Netaniahu, como ficou claro 11 anos depois, já era de genocídio e limpeza étnica de Gaza. Dois anos depois, ele tentaria uma guerra maior com mais tropas invadindo e foi derrotado pelas Brigadas al-Qassam.
Outro ponto interessante é a participação do Egito. Essa guerra demonstra porque era importante para os EUA derrubar o governo de Morsi. Ele, como aliado do Hamas, ao mediar o cessar-fogo, fortalecia o lado dos palestinos.