Em 2024, comemora-se os 105 anos da fundação da Comintern: a Terceira Internacional. Ela foi fundada no ano de 1919, em Petrogrado, para romper definitivamente com os elementos reformistas que, na visão dos socialistas revolucionários, haviam traído a classe trabalhadora e provocado a queda da Segunda Internacional.
A Segunda Internacional, por sua vez, ruiu por conta da cisão entre os revolucionários e os reformistas provocada durante a Primeira Guerra Mundial, onde os reformistas apoiaram radicalmente os governos imperialistas de seus respectivos países. Já na primeira reunião da Terceira Internacional, Lênin e Trótski, dois importantes líderes da revolução russa, delegaram a Zinoviev, outra personalidade importante da história, o secretariado do Comitê Executivo da Comintern.
Os quatro primeiros Congressos foram fundamentais para estruturar a luta pelo comunismo e em defesa do proletariado, abordando a questão da frente única com os social-democratas em determinadas pautas, combatendo o chamado ultra-esquerdimo, discutindo sobre a implementação dos sovietes e estabelecendo importantes questões em seu estatuto. Já nos anos seguintes, ocorreu a decadência completa da Terceira Internacional.
No quinto Congresso, marcado pelo fracasso da revolução na Alemanha e pela ascensão de Stalin na União Soviética, Zinoviev é retirado da direção da executiva da Comintern para dar lugar a Bukharin – mais próximo e menos indisposto ao stalinismo e sua fracassada e reacionária política de “socialismo em um só país”. O sexto Congresso emplacou o lema “classe contra classe”, indispondo de forma irrevogável os ditos revolucionários (que, sob liderança de Stalin, nada possuíam de revolucionário) e os social-democratas. Sua última edição, porém, tratou do fracasso dessa política adotada no sexto Congresso, acontecendo sob a luz dos acontecimentos onde o fracasso do stalinismo perante o fascismo já estava visível. A Comintern foi dissolvida em 1943, sob o pressuposto de dar mais autonomia aos partidos comunistas locais e evitar o temor dos “países capitalistas aliados”, sendo uma clara capitulação frente ao imperialismo.
“Se examinamos o problema da viragem tática da Internacional Comunista unicamente à luz da situação alemã é porque a crise alemã coloca o Partido comunista alemão mais uma vez no centro da atenção da vanguarda proletária mundial, e porque à luz desta crise todos os problemas aparecem com um grande destaque. Não seria difícil mostrar que o que é dito aqui se aplica, mais ou menos, também aos outros países.
Na França, todas as formas tomadas pela luta de classes desde da guerra têm um carácter infinitamente menos agudo e decisivo que na Alemanha. Mas as tendências gerais do desenvolvimento são as mesmas, sem falar, evidentemente, da dependência directa que liga a sorte da França à da Alemanha. As viragens da Internacional Comunista têm em qualquer caso um carácter universal. O Partido comunista francês, proclamado por Molotov desde 1928 primeiro candidato ao poder, levou estes dois últimos anos uma política completamente suicida. Ele não conheceu em particular o desenvolvimento económico. Uma viragem tática foi anunciada na França no momento onde a recuperação econômica cedia lugar a uma crise. Assim as mesmas contradições, as mesmas dificuldades e as mesmas tarefas, das quais falamos a propósito da Alemanha, estão também na ordem do dia na França.
A viragem da Internacional Comunista, em ligação com a viragem da situação, coloca a Oposição comunista de esquerda diante de tarefas novas e extremamente importantes. Suas forças são reduzidas. Mas cada corrente se desenvolve paralelamente às suas tarefas. Compreendê-las claramente, é possuir um dos trunfos mais importantes da vitória.”
– Leon Trótski, o organizador do Exército Vermelho