Em 1993, quando o Estado de “Israel” ainda ocupava o sul do Líbano, aconteceu uma importante batalha entre o Hesbolá e os sionistas e seus aliados. A Operação Responsabilidade foi lançada por “Israel” entre os dias 25 a 31. Ela queria impedir o Hesbolá de continuar atacando o Exército do Sul do Líbano (ESL), uma organização armada criada pelos israelenses. Três anos depois, outra batalha importante aconteceria, a Operação Vinhas da Ira, “Israel” demonstrou sua fraqueza em ambas. No ano 2000 o Hesbolá expulsou “Israel” do Líbano de uma vez por todas.
A crise começou quando helicópteros israelenses atacaram um campo de refugiados perto da cidade de Tiro em 25 de junho de 1993, e dois dias depois atacaram também uma das vilas xiitas em sua “zona de segurança”. No dia seguinte, o Hesbolá respondeu disparando foguetes contra o norte de “Israel”. Uma explosão em um depósito do Hesbolá no Vale do Beca, organizada pelos israelenses, matou pelo menos cinco iranianos. Em 22 de julho, um soldado israelense foi morto após combatentes do Hesbolá tomarem uma posição do ESL. Os sionistas então decidiram tomar uma ação mais enérgica.
Foi lançada a Operação Responsabilidade. A artilharia sionista disparou 25.000 projéteis. A Força Aérea de “Israel” usou bombas de 500Kg. A Marinha israelense também foi utilizada nos bombardeios. O Hesbolá disparou 150 foguetes contra o norte de Israel. Enquanto isso, o ESL transmitiu avisos de rádio chamando a população a deixar suas vilas e fugir para o norte. Pelo menos 118 civis libaneses foram assassinados e mais de 500 ficaram feridos. “Israel” destruiu de cerca de 55 vilarejos e causou um deslocamento de aproximadamente 300.000 civis, em grande parte crianças e idosos.
Os avisos emitidos pelo exército israelense para que os civis evacuassem, eram semelhantes ao que hoje são feitos em Gaza, eram apenas uma propaganda para fingir que o exército sionista é humanitário. Em alguns casos, os civis foram até mesmo considerados alvos legítimos por permanecerem em áreas designadas como redutos do Hesbolá. “Israel” chegou a usar fósforo branco, uma arma proibida, nas regiões de civis.
Após uma semana, um cessar-fogo foi determinado pelos Estados Unidos. Segunda a Global Security “um acordo oral foi alcançado, no qual Israel concordou em se abster de atacar alvos civis no Líbano, enquanto o Hesbolá se comprometeu a parar de disparar foguetes no norte de Israel”. Também foram estabelecidas bases do exército libanês em quatro vilarejos, com cerca de 300 soldados dentro da área da UNIFIL, as “forças de paz” da ONU. Naquele momento já estava claro para o imperialismo que as grandes operações de “Israel” no Líbano não teriam sucesso.
1996, mais um ano de batalha
O Hesbolá continuou suas operações guerrilheiras ao longo dos anos que se passaram. “Israel” então tentou lançar mais uma operação três anos depois, a Operação Vinhas da Irã. Os libaneses novamente atacaram “Israel” em peso. O secretário-geral do Hesbolá, Hassan Nasseralá afirmou: “o que nos interessa é que, quando nossos civis forem atingidos, seus civis também serão, não importa quais consequências mencionem. Ontem nossos civis foram alvo de uma agressão clara e flagrante. Vamos responder à agressão e bombardear os assentamentos no norte da Palestina“.
Dos 639 foguetes Catiusha disparados no território israelense durante a Operação Vinhas da Ira, cerca de 28% foram lançados no dia 14 de abril (oitenta e um foguetes), um dia após um helicóptero israelense atacar uma ambulância em Mansouri, matando seis civis, e no dia 19 de abril (noventa foguetes), um dia após nove civis serem mortos em uma casa em Nabatié.
Noventa dos 639 foguetes Katyusha disparados contra Israel caíram nos arredores da cidade de Quiriate Chemona, no norte de “Israel”, cinquenta e oito deles na cidade propriamente dita, causando ferimentos ou danos materiais. As três principais vítimas civis israelenses durante o conflito eram todos residentes dessa cidade. Os ataques de foguetes aterrorizaram a população civil no norte de “Israel” e forçaram o deslocamento de dezenas de milhares de residentes.
“Israel” bloqueou os portos de Beirute, Sidon e Tiro. Perto de Beirute, um posto militar sírio foi bombardeado em 12 de abril por aeronaves israelenses, resultando na morte de um soldado e ferindo outros sete. Em 13 de abril, Israel atingiu uma ambulância em Mansouri, matando 2 mulheres e 4 crianças. Na madrugada de 14 de abril, a estação transformadora de energia elétrica em Bsalim foi atingida por um ataque aéreo; no dia seguinte, a maior estação transformadora do Líbano, em Jumhour, a 8 km leste de Beirute, também foi destruída. Os ataques aéreos deixaram Beirute sem eletricidade. No dia seguinte, o perímetro do Aeroporto de Beirute foi bombardeado, matando quatro civis e dois soldados libaneses. Vinte e quatro pessoas ficaram feridas. A base da UNIFIL, nos arredores de Qana, foi bombardeada em 18 de abril, matando 105 libaneses que se abrigavam no complexo.
Ou seja, como sempre a violência sionista, principalmente contra civis, foi muito maior do que os ataques da resistência. No entanto, mais uma vez a guerra foi parada em poucos dias. Todo o confronto durou entre 11 de abril e o dia 27. Mais uma vez os norte-americanos intervieram para por um fim a guerra. O estrago que o Hesbolá causou no norte foi enorme, um prenúncio do que eles fariam a partir de 2023.
Essas duas batalhas na década de 1990 demonstraram a força do Hesbolá e a fraqueza da ocupação sionista. No ano 2000 aconteceu a maior vitória de todas. Os israelenses foram expulsos do sul do Líbano, 22 anos de ocupação terminaram com a vitória lendária do Hesbolá. Nasseralá em seu discurso chamou os palestinos a lutarem contra o sionismo, meses depois começava a Segunda Intifada.