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História da Palestina

1982, Assad entra em guerra com ‘Israel’ para salvar o Líbano

O presidente Síria Hafez al-Assad ordenou que os soldados lutassem pela libertação de Beirute até a vitória ou o martírio, mas a intervenção dos EUA anulou o apoio da Síria

No ano de 1982 aconteceu um dos mais violentos ataques do Estado de “Israel” contra os palestinos e os libaneses. Os sionistas, que haviam iniciado uma invasão do Líbano em 1978, lançaram a Operação Paz na Galiléia, que levaria os tanques de “Israel” até Beirute. O presidente da Síria, Hafez al-Assad, não aceitou tamanha agressão sem reagir, o exército sírio se mobilizou e adentrou o Líbano para derrotar o exército invasor. Foi mais um dos choques entre o governo da Síria e “Israel”.

Pouco após o início da invasão israelense o ministro da Defesa da Síria afirmou “não podemos permitir que ocupem a capital de um país independente. Os israelenses impuseram esta guerra selvagem contra nós, e não temos outra escolha senão lutar por nossos irmãos palestinos e libaneses e pela nossa segurança nacional básica, que está ameaçada pela invasão israelense”. O presidente Hafez al-Assad enviou uma mensagem às tropas sírias no Líbano, elogiando sua coragem e ordenando que lutassem em suas posições “até a vitória ou o martírio”.

O exército da Síria adentrou o Vale do Beca, no leste do Líbano, e lá iniciou um grande confronto militar contra o exército sionista. Enquanto isso, a Organização pela Libertação da Palestina, que organizava a guerrilha dos refugiados palestinos, lutava contra os invasores. A resistência libanesa ainda era fraca, o Hesbolá seria criado esse ano. Já o governo do Líbano era um lacaio do imperialismo, controlado pela extrema direita, ou seja, o exército não travava um combate real contra a invasão.

Na primeira semana da guerra um oficial do governo do presidente Assad afirmou que, “contrariamente ao que dizem os israelenses, a resistência continua em todos os lugares,” até mesmo nas cidades mais ao sul tomadas pelos israelenses no primeiro dia da invasão. Ele declarou que a propaganda sionista tentava criar a impressão de que o exército israelense havia conquistado rapidamente o sul do Líbano de forma limpa e cirúrgica. “Isto não é verdade,” afirmou o sírio. “Os palestinos ainda estão lutando em Tiro e Sidon e em outros locais cuja captura o exército ‘israelense’ havia anunciado”.

Enquanto isso, o imperialismo tentava impedir o governo Assad de participar da guerra. O enviado especial do presidente Ronald Reagan para o Oriente Médio, Philip C. Habib, reuniu-se diversas vezes com o presidente Assad. Habib estaria supostamente tentava negociar um cessar-fogo no Líbano, combinado com uma retirada rápida das forças israelenses. Foi a mesma manobra feita com em 2024 mas com atores diferentes, o enviado especial dos EUA queria impedir o Hesbolá de auxiliar os palestinos na guerra.

A batalha pelo controle dos céus

A grande vantagem militar de “Israel” sempre foi a sua força aérea, um presente do imperialismo que cede seus jatos e bombas mais modernas para o regime sionsita. A resistência, por definição, não tem força aérea e assim a Síria era uma ameaça aos sionistas pois poderia ameaçar a dominação do espaço aéreo do Líbano. Assim, no início da guerra, se travou a batalha pelos céus do Líbano. A Síria, com sua força aérea bem menos moderna, terminou derrotada.

O general Ariel Sharon lançou a Operação Grilo Toupeira 19 contra as forças armadas da Síria com o objetivo de desativar sua rede de mísseis superfície-ar e enfraquecer sua força aérea. Após não conseguir combater de forma decisiva os sistemas de defesa aérea soviéticos ou os caças de segunda geração durante a Guerra do Vietnã, e com dificuldades semelhantes enfrentadas pela Força Aérea israelense contra uma coalizão árabe na Guerra de 1973, os Estados Unidos encomendaram o desenvolvimento de um caça de superioridade aérea de próxima geração, o F-15 Eagle, para garantir uma vantagem em batalhas futuras. O F-15 entrou em serviço em 1976, e “Israel” foi seu primeiro cliente de exportação.

As defesas aéreas da Síria eram compostas principalmente por sistemas de mísseis superfície-ar de alta altitude S-75, complementados por sistemas de baixa altitude S-125 e 2K12 KuB, tecnologias amplamente utilizadas na década anterior, durante a Guerra de 1973. Além disso, os caças MiG-21, atualizados para capacidades de terceira geração, e os recém-adquiridos MiG-23, com asas de geometria variável, foram designados para realizar missões em apoio à rede de mísseis, com o objetivo de negar à Força Aérea israelense o acesso ao território sírio e proteger o acúmulo de ativos terrestres.

O ataque israelense, liderado pelos caças F-15 Eagle, resultou na perda de aproximadamente 29 caças sírios e 17 baterias de defesa aérea, incluindo um batalhão completo de sistemas 2K12. “Israel” sofreu perdas pequenas, com relatos de dois F-15 danificados e um número desconhecido de drones de apoio abatidos.

A conclusão é que não existe de fato o Estado de “Israel”, a guerra foi travada diretamente entre os EUA e a Síria e assim os sírios foram incapazes de vencer no terreno militar. Os libaneses venceriam “Israel” por meio da guerrilha do Hesbolá, mas a questão da supremacia da força aérea até hoje não foi resolvida. Apenas o Irã parece possuir as baterias antiaéreas capazes de parar os jatos sionistas.

Mas o caso da guerra de 1982 é mais uma demonstração de porque o regime político da Assad era tão odiado pelo imperialismo. Ele de fato travou embates militares com “Israel” em diversos momentos, fossem as condições diferentes ele poderia ter inclusive derrotado “Israel” nessas guerras, principalmente em 1973. Assad foi uma peça importante no apoio ao Hesbolá posteriormente e no discurso de libertação do Líbano feito por Hassan Nasseralá no ano 2000 ele fez questão de elogiar tanto Assad, quanto a República Islâmica do Irã.

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